É muito difícil resumir um confronto à iniciativa de um treinador. Há muitos outros fatores envolvidos, passando pelo desempenho de cada um dos jogadores. Mas hoje é quase impossível deixar de atribuir a vitória do Inter no clássico Gre-Nal que decidiu o 1º turno do Gauchão ao técnico gremista Celso Roth.
Não se sabe com que objetivo, Roth modificou o sistema tático que havia produzido um bom desempenho - apesar dos erros de acabamento - na partida contra o Universidad do Chile. O técnico do Grêmio iniciou o Gre-Nal no 3-6-1, escalando o volante Diogo no lugar de Jonas.
Como estratégia, dentro deste 3-6-1, o Grêmio adotou o posicionamento defensivo. O Tricolor foi cauteloso, excessivamente, e passou o primeiro tempo inteiro defendendo-se atrás da própria intermediária. Diogo foi uma figura absolutamente sem função, o Grêmio perdeu posse de bola, e não conseguiu marcar o Inter - mesmo com três zagueiros, dois volantes, e dois meias fechando o setor. Não houve saída eficiente para contra-ataques - afinal, havia muito campo para percorrer - e o time estava totalmente desarticulado, sem proximidade, desagrupado.
Mas também não se pode tirar o mérito do Inter. Como havia sido previsto ontem aqui no blog Preleção, Tite forçou as jogadas sobre Ruy. Taison atuou aberto na esquerda, contando com o apoio constante de Kléber. A dupla atraiu ainda a presença de Andrezinho. Confuso, o Grêmio não definiu o volante da cobertura. Léo saiu em combate direto, Réver também foi atraído para fora da área, e por ali o Inter foi minando a defesa gremista com faltas e lances de perigo. Não fosse Victor, e Inter poderia ter saído vencendo por 2 ou 3 a 0.
No 2º tempo, Roth iria manter o 3-6-1, não fosse o gol de Índio com 1min. Só assim o técnico do Grêmio colocou Jonas e Fábio Santos, para as saídas de Diogo e Léo. Armou um 4-4-2 com duas linhas de quatro jogadores. E com a presença de dois homens na frente, no primeiro lance construído coletivamente, Jonas fez a jogada e Alex Mineiro marcou de fora da área: 1 a 1. De fora da área, quase fortuito, mas ainda assim em função de pela primeira vez ter ambição.
Mas bastou o gol de empate para Roth retroceder, sacando Jadílson, escalando mais um zagueiro, e desta vez chegando à terceira variação tática da partida: o 3-5-2. O Grêmio novamente abdicou da posse de bola, recuou, e seguiu preferindo - ao invés de jogar - impedir o colorado de jogar.
E quem não tem posse de bola faz o quê? Faltas. O Grêmio cometeu muitas faltas. Só o Inter jogou, tendo os jogadores gremistas correndo atrás, tentando combater. E fazendo faltas. Uma delas cobrada magistralmente por Andrezinho, para gol de cabeça de Magrão. Um time que não quis jogar preferiu não deixar jogar, e sofreu dois gols em punição ao excesso de faltas cometidas. Dois gols de bola parada. É lógico, e justo.
Eu me pergunto, para encerrar: o que fará Roth contra o Boyacá Chicó, fora de casa? Qual será o sistema tático? A escalação? A estratégia? Jogar para empatar? Quem joga para empatar, perde. Acredito que os gremistas estejam em estado de quase pânico.
Hoje Tite foi pragmático, mas equilibrado. Fez aquilo que se esperava do Inter. Além de uma derrota de Roth, é uma vitória tática de Tite sim. Sem D'Alessandro, ele escalou os três volantes, mas dando liberdade para Andrezinho, e posicionando Taison da maneira correta: às costas de Ruy, atraindo os zagueiros para fora da área, e abrindo espaços para as infiltrações de Nilmar. Mesmo vencendo, não fez alterações defensivas - trocou Taison por Alecsandro (atacante por atacante), e Magrão por Rosinei (volante por volante).
O Inter quis ganhar, Tite passou aos jogadores a vontade de vencer, de ter a bola, e de insistir. Venceu, com mérito, e com inteligência.
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