O Manchester United surpreendeu, com a utilização de Ryan Giggs fazendo a ligação da segunda linha com o atacante. Centralizado, ele se movimentou pela frente, a também recuou para auxiliar os meias defensivos. |
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Nada mais óbvio do que esperar do Manchester United a repetição de um sistema tático padronizado por Sir Alex Ferguson há duas décadas, não é mesmo? Hoje, entretanto, a resposta à constatação acima é "não". Apesar de manter a estrutura básica - principalmente defensiva - o técnico da equipe inglesa concedeu uma exceção à regra para modificar o posicionamento do Manchester United no empate em 0 a 0 com a Inter, em Milão, pela Champions League.
O Manchester enfrentou a Inter em um 4-5-1, ou se quiserem, em um 4-4-1-1. Fergusson manteve as duas linhas de quatro jogadores, ao estilo britânico, mas trocou o atacante Rooney pelo meia Giggs. O camisa 11 foi escalado para cumprir uma função centralizada de combate e articulação, mas com pouco resultado quando o time teve a posse de bola.
Giggs atuou à frente dos meio-campistas marcadores (Carrick e Fletcher), fazendo a ligação da segunda linha com o centroavante Berbatov. A presença do galês nesta faixa intermediária possibilitou ao lateral-esquerdo Evra receber melhor cobertura, e apoiar ainda mais do que o habitual. Quando Evra subia pelo lado, junto com o coreano Park - fazendo dobradinha sobre o apoiador Maicon, Giggs recuava, liberando Carrick para cuidar do setor.
Na direita, O'Shea manteve o posicionamento de defensor pela direita, ou como Tite se refere a Bolívar, foi o "lateral-base". Por ali, ele combateu junto com Fletcher e o zagueiro Ferdinand a maior virtude da Inter - as diagonais da esquerda para o meio com Ibrahimovic, em parceria com Adriano no pivô.
O Manchester United conseguiu, parece-me, cumprir o objetivo cauteloso de Ferguson para a partida: o goleiro Van der Sar não fez sequer uma defesa. A Inter cercou, cercou, mas não encontrou espaços. Anulou todas as virtudes dos italianos. Mas, com a bola, o Manchester United matou também a sua principal virtude: a saída rápida para o ataque.
Sem Rooney, e com o pesado Berbatov em noite de baixíssima inspiração, o time inglês jogou com grande previsibilidade: ou apoiando com Evra, ou acionando Cristiano Ronaldo - sempre bem marcado. Outra questão intrigante foi a escalação do coreano Park - uma figura absolutamente figurativa para o jogo como winger pela esquerda. Faltou a diagonal incisiva de Rooney às costas dos zagueiros, faltou a tabela curta dele com Cristiano Ronaldo, faltou também sua maior participação como um verdadeiro combatente, disputando todas as jogadas com muito maior ímpeto do que o búlgaro.
Talvez se o Manchester United tivesse sido o time de sempre, repetindo suas últimas duas décadas, o resultado poderia ter superado o empate sem gols - com Giggs pela esquerda e Rooney na frente, por exemplo (sacando Park). Empatar em 0 a 0 é abrir precedente para que a Inter adote a mesma estratégia de Ferguson hoje - a cautela - no Old Trafford, e o saldo qualificado é sempre um fator de condenação a quem desiste da vitória.
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