Chelsea apresenta a característica mais marcante dos trabalhos de Guus Hiddink: a valorização da posse de bola e o posicionamento ofensivo do meio para a frente |
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Para substituir Felipão, o escolhido foi um técnico de característica muito diferente. O holandês Guss Hiddink leva ao Chelsea um conceito tático mais ofensivo, e com predileção pela posse de bola.
Felipão é reconhecidamente um técnico que dedica muita atenção ao combate. Seus times gostam de ocupar espaços, bloquear avanços e anular as virtudes dos adversários. Com a bola, entretanto, suas equipes recorrem muito à ligação direta, adiantando o posicionamento do meio-campo para iniciar o ataque a partir da segunda bola.
Assim o consagrado treinador brasileiro armou o Chelsea. Por muitas vezes, Felipão optou pelo povoamento do meio-campo, escalando cinco jogadores no setor, e apenas um atacante - ou Anelka, ou Drogba, ou Kalou. Mas a falta de alternativas ofensivas levou a empates frustrantes em casa, e sua consequente demissão.
Hoje, na vitória fora de casa sobre o forte Aston Villa por 1 a 0, Guus Hiddink apresentou um Chelsea diferente. A equipe jogou em um 4-4-2 (ou 4-1-3-2) carregado de ofensividade, muitas vezes travestindo-se de 4-3-3. A primeira mudança foi pela escalação simultânea do trio ofensivo: Drogba centralizado, Anelka bastante próximo, mas partindo da esquerda para o meio; e Kalou aberto na direita, fazendo dobradinha com Bosingwa.
Para compensar, Guus formou uma dupla de articuladores quase "colados": Lampard e Ballack jogaram extremamente próximos - o primeiro mais adiantado e articulando o lado direito; o segundo um pouco mais recuado, e pendendo à esquerda. Lampard, jogando nesta posição, foi o grande destaque da partida, e disparado o melhor jogador em campo.
Lampard e Ballack foram protegidos pelo volante Mikel, posicionado como um cabeça-de-área cobrindo os dois lados, o meio, e bloqueando diagonais. Paulo Ferreira apoiou pouco, improvisado na esquerda, auxiliando Mikel e os zagueiros Alex e Terry na marcação do bom setor ofensivo do time de Birmingham. Se Ballack não estivesse passando por um declínio técnico tão expressivo, certamente essa dobradinha com Lampard teria proporcionado uma articulação ainda mais consistente.
O resultado, além da vitória fora de casa sobre um adversário direto na tabela - o Chelsea ultrapassou o Aston Villa - foi a valorização da posse de bola. Mesmo sofrendo uma pressão natural no 2º tempo, o time de Guus Hiddink controlou o elemento mais importante em uma partida: a bola, é óbvio.
Ao invés de buscar a vitória combatendo o adversário, o Chelsea adotou como a estratégia manter a posse de bola. Na estatística do jogo, a equipe teve 61% da posse. Criou 19 oportunidades de gol. É um número altamente expressivo. Com jogadores qualificados, posicionamento correto, e estratégia equilibrada, o Chelsea manteve a posse, trocou passes, procurou espaços e ditou o ritmo da partida.
Repito um conceito que venho defendendo há meses no blog Preleção: a melhor maneira de bloquear um adversário é manter a posse de bola, não é se defender. Afinal, quem associa a segurança defensiva ao número de volantes escalados se esquece de jogar. Quem muito defende, também deixa o adversário com a bola, correndo riscos. Eventualmente um time sem posse de bola, recheado de volantes, pode vencer. Mas a lógica aponta para o óbvio: quem tem maior posse de bola, vence.
Guus Hiddink sabe disso, e escolhe a estratégia correta: ele quer ver seu time jogando, porque a equipe que tem a bola, só pode sofrer gol se marcar contra.
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