O Cruzeiro enfrentou o Estudiantes no 4-4-2, tendo o apoio dos laterais e a valorização da posse de bola como as principais virtudes da equipe |
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É claro que a postura excessivamente defensiva e passiva do Estudiantes induziu o Cruzeiro a também jogar desta forma. Mas também é evidente que o técnico Adilson Baptista adotou como estratégia preferencial a manutenção da posse de bola.
O Cruzeiro é um time paciente. Adilson dispõe a equipe em um 4-4-2 bem tradicional. Hoje, na vitória de 3 a 0 sobre o Estudiantes, a equipe titular teve três volantes - Ramires, suspenso, foi substituído pelo posicionamento mais adiantado de Fabrício, que não tem a mesma mobilidade, mas compensa com boa qualidade de passe e chute de média distância.
Como os laterais apoiam muito - Fernandinho na esquerda (principalmente), e Jonathan na direita - há uma sincronia simples e convencional na cobertura efetuada pelos volantes. Quando Fernandinho avança, o volante Henrique faz a cobertura e o zagueiro Thiago Heleno fica na sobra; e quando Jonathan sobe, Marquinhos Paraná se posiciona à direita, e o zagueiro Leonardo Silva completa a proteção.
Na articulação, além da chegada de Fabrício e do avanço pelos lados, Wágner centraliza a organização. Ele é um jogador que consegue conciliar movimentação - joga pelos lados e pelo meio, procurando espaços, embora prefira a esquerda - com distribuição de jogo (passes curtos, longos, lançamentos, tabelas e conclusões).
É dessa forma que o Cruzeiro valoriza a posse de bola: variando as jogadas. O time vai passando a bola de pé em pé, de um lado para o outro, enquanto avança lentamente. É quase um movimento de "futebol americano": o Cruzeiro vai conquistando jardas, ou seja, a cada passe os jogadores posicionam-se mais à frente, prensando o time adversário em sua área. Ligação direta é assunto proibido, e o time de Adilson recorre pouco ao balão ou à jogada aérea.
Na frente, Adilson começou com Thiago Ribeiro aberto pela esquerda, mas com permissão para trocar de lado; e Wellington Paulista centralizado, fazendo pivôs e trombando com os zagueiros. A partida, entretanto, mudou mesmo quando Kléber, ex-Palmeiras, estreou.
E Kléber fez uma partida com sua marca. Ficou em campo apenas 15 minutos: entrou aos 15min do 2º tempo, marcou dois gols, recebeu dois amarelos e foi expulso aos 30min, saindo de campo completamente ovacionado.
Na entrada de Kléber, o Cruzeiro ganhou mais uma opção dentro de sua estratégia de manter a posse de bola. Ele recua, participando da partida como um ponta-de-lança, para tabelar com Wágner e com os volantes, girar e partir às costas dos zagueiros. Essa movimentação deu certo em dois contra-ataques, finalizados por ele com precisão em chutes colocados na saída do goleiro.
Com Kléber, o Cruzeiro se mostrou mais vocacionado ao jogo com a bola no chão. Talvez perca a jogada individual em velocidade, predileta de Thiago Ribeiro. Mas a curta amostragem de 15 minutos demonstra que o ex-jogador palmeirense, apesar do temperamento inadequado e das expulsões, foi uma contratação direcionada com precisão para acrescentar qualidade à tática e à estratégia de Adilson Baptista.
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