Diagrama Tático do Gre-Nal de ErechimFoto: Eduardo Cecconi |
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Fui privilegiado com a ida a Erechim, o que proporcionou das cabines a vista completa do gramado - e assim, melhores condições para observar as estratégias de Tite e Celso Roth na vitória colorada por 2 a 1. O problema é que um gol logo no início prejudica a análise de dois sistemas que ainda não discutimos aqui: o 4-5-1 colorado com Taison substituindo Edinho; e o 3-6-1 de Roth com Souza mais adiantado e Diogo à frente da área.
Afinal, a partida iniciou 1 a 0 para o Inter. Com a vitória conquistada logo na saída de bola, o Inter abdicou da posse e se fechou na marcação, para sair em contra-ataques; por outro lado, o Grêmio precisou buscar alternativas para furar o bloqueio. Ambas as situações foram de exceção, devido à circunstância diferenciada do jogo, e impedem uma avaliação mais pragmática dos dois sistemas. Ainda assim, o jogo proporcionou boas variações. Vamos a elas:
1º tempo colorado: Tite modificou seu 4-5-1, redesenhando o meio-campo. Guiñazu foi recuado para ser o primeiro volante, com Magrão de segundo. À frente deles, uma linha de três articuladores em constante troca de posições: Alex, Taison e D'Alessandro. Pelo que pude perceber, Alex ficou mais à esquerda, prendendo Ruy para combater os avanços do ala gremista - enquanto Taison e D'Ale variavam-se entre meio e direita, tendo o argentino que escapar da marcação quase individual do Diogo. A estratégia foi buscar os lados para a saída em contra-ataque, às costas dos alas gremistas, fazendo disparar o trio de meias-atacantes.
1º tempo gremista: Roth teve o azar de sair perdendo com apenas um atacante em campo. Ele precisou mudar o planejamento e se tornar mais ofensivo com um minuto de jogo, sem se precipitar em alterações. O que ele fez? Trouxe Souza da direita para a esquerda - setor que estava bem guarnecido por Marcão-Guiñazu-Alex. Do outro lado, Souza jogou às costas de Magrão e D'Alessandro - nenhum dos dois o acompanhou. Da mesma forma, sem um combate rígido, Fábio Santos tornou-se um ponta. A estratégia foi praticar 2-1 em cima de Danilo na lateral. Deu certo, com domínio do jogo, apesar da má pontaria nas conclusões.
2º tempo colorado: Tite retirou Alex e colocou Andrezinho, reconstituindo o 4-5-1 com o qual venceu a Sul-Americana. Magrão foi recuado, fazendo o papel do Edinho. Guiñazu e Andrezinho completaram o trio de meio-campistas marcadores. D'Alessandro e Taison, mais à frente, prosseguiram se movimentando e trocando de posições - com o camisa 7 um pouco mais à esquerda, às costas do Ruy. A estratégia foi esta: recuperar a posse de bola no meio-campo, proteger melhor os lados com a abertura dos meias marcadores, e sair no contra-ataque. O time sofreu menos perigo, equilibrando a disputa no meio-campo, marcou melhor e conseguiu a vitória em uma escapada muito veloz.
2º tempo gremista: A exemplo de Tite, Roth reconstituiu seu esquema original - o 3-5-2. O problema foi o recuo demasiado dos meias para compensar a saída de Diogo. Souza, que havia sido o melhor em campo da etapa inicial, voltou ao lado direito, e ficou preso a Guiñazu. Da mesma forma, Tcheco se encaixotou com Andrezinho. E assim o Grêmio perdeu a articulação. Tite também neutralizou o apoio de Fábio Santos, restando a Roth apostar tudo no ressurgimento de Ruy, que foi o principal jogador da etapa final para o tricolor.
Conclusões: é cedo para decretarmos o sucesso ou o fracasso do Inter com Taison, Alex, Nilmar e D'Alessandro. O recuo estratégico no 1ºtempo não permitiu uma avaliação mais criteriosa. No Grêmio, acredito que tenha faltado a Roth - dentro de todas as variações táticas testadas no ano - apostar no 4-4-2 ontem. Léo confirmou que está muito mal tecnicamente. Talvez a saída dele, para a entrada de Jonas, permitisse a Souza jogar mais liberado pela proteção de Diogo ou de Adilson, que entrou bem nesta função.
Acima de tudo, vale destacar: foi um grande Gre-Nal. Com duas equipes em alto nível, como há muito não se via. Não apenas pelas variações táticas e pelas alternativas propostas por Tite e Roth. Mas, principalmente, pela excelente condição técnica de vários atletas: Souza, D'Alessandro e Ruy foram os principais jogadores. Taison, Fábio Santos e Marcão também se apresentaram bem. Nilmar foi competente, como sempre, e mostrou que jogador de exceção decide em um lance. Do conjunto, Léo, Alex Mineiro e Magrão estiveram um pouco abaixo do grande potencial que têm.
Fica aberto o espaço para que vocês também façam suas análises táticas e técnicas do Gre-Nal de Erechim...
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