No 3-5-2 do Grêmio 2009, o time mostrou mais recursos para manter a posse de bola, com o meio-campo formado por Magrão, Tcheco e Souza. Nas alas, Ruy apoia mais que Fábio Santos. Na esquerda, Jadilson foi melhor. Houve problemas na cobertura pelos lados, e na produção dos atacantes. |
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O ponto alto da estreia do Grêmio no Gauchão 2009 aconteceu na entrevista coletiva de Celso Roth, após o empate em 1 a 1 com o Inter-SM. O técnico gremista soube identificar com precisão as virtudes e defeitos apresentados pela equipe em Santa Maria. Foi uma análise bastante lúcida e didática. E não é rotineiro assistirmos a técnicos brasileiros debatendo publicamente acertos e erros táticos com tanta desenvoltura.
Hoje o Grêmio se articulou em um 3-5-2 mais convincente do que o mesmo sistema tático utilizado em 2008. E eu acredito que a causa não está na troca de jogadores nas alas, mas sim na formação do meio-campo. Celso Roth encaminha uma boa solução para o principal problema da temporada passada: a falta de posse de bola.
Com Willian Magrão, Tcheco e Souza, o Grêmio teve diversas alternativas. No diagrama tático eu tento exemplificar as principais. O trio partiu da seguinte formação: Magrão à frente da defesa; Tcheco um pouco mais adiantado, levemente caindo para a esquerda; e Souza saindo preferencialmente pela direita. Mas na prática, os três jogadores surpreenderam com variações de jogadas, alternando posicionamentos e procurando sempre se manter próximos.
Por vezes Magrão avançava pelo meio, provocando o recuo de Tcheco; ou então caí pelos lados, alinhando-se com os articuladores. Tcheco e Souza passaram o jogo inteiro invertendo os lados, mas sem abrir muita distância. E com a proximidade dos três, em intensa movimentação e trocas de posição sincronizadas, o trio do meio-campo manteve a posse de bola com o Grêmio, evitando a ligação direta que tanto prejudicou o tricolor em 2008.
Essa articulação tripla teve como segundo efeito a busca do jogo pelos lados. Afinal, tendo a posse de bola, os jogadores de meio-campo do Grêmio passaram a buscar espaços acionando Ruy e Fábio Santos. Mas a dupla - e sei que esta afirmação vai gerar alguma contrariedade dos torcedores porque ambos criaram a jogada do gol (Fábio Santos cruzou, e Ruy marcou de cabeça) - não me agradou.
Apesar do gol de cabeça, em uma boa e necessária diagonal, Ruy produziu pouco em comparação com os espaços que cede ao adversário. O Inter-SM jogou inteiramente às suas costas. Os meias não souberam protegê-lo, e Léo demorava a fazer a cobertura. Por ali Vainer comandou o colorado, e marcou o gol do Inter-SM. No outro lado, Fábio Santos oferece menos risco, mas apoia pouco. Não compromete, mas não cria - repito: apesar do belo cruzamento para o gol.
Gostei mais do Grêmio com a entrada de Jadilson, um jogador que equilibra o time. Ele busca mais a linha de fundo e a jogada individual. Com Jadilson, os meias encontram alternativas nos dois lados, e não apenas com Ruy. Roth promete testar o 4-4-2 nos próximos jogos, mas mantendo o 3-5-2 como sistema tático preferencial, acredito que determine a titularidade de Jadilson, assim que o jogador alcançar bom condicionamento físico.
Entre os problemas, surge mais um vinculado aos alas - e citado por mim antes no post: a indecisão na cobertura. Quando Ruy e Fábio Santos apoiam simultaneamente, não está claramente definido quem protege os lados. E como a linha de defesa do Grêmio permanece recuada, abra-se uma distância grande entre os zagueiros e os adversários. Acredito que o problema possa se resolver com o adiantamento dos três zagueiros quando o time estiver posicionado no campo de ataque, para dar tempo que Tcheco, Magrão e Souza possam socorrer os alas no retorno.
Posso estar enganado, mas parece-me uma estreia promissora. Torço para que a formação com Magrão, Tcheco e Souza seja efetivada, aprimorando este movimento sincronizado. Não falei do ataque porque tanto Reinaldo quanto Alex Mineiro demonstraram alguma falta de ritmo, errando lances fáceis e perdendo quase todas no combate físico com os zagueiros. Esta análise ofensiva precisará ser feita mais tarde.
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