O eterno camisa 7 do Brasil de PelotasFoto: Edu Rickes/Divulgação (Clube da Bolinha) |
![]() |
Quem assistiu às atuações do atacante Claudio Milar sabia exatamente identificar o momento no qual o camisa 7 do Brasil de Pelotas "entrava" no jogo: o eterno ídolo xavante disparava pelo lado direito, junto ao alambrado do Bento Freitas, e buscava a jogada individual na linha de fundo. Invariavelmente acontecia uma entre duas alternativas: ou Milar vencia o marcador, ou cavava um escanteio. Enquanto não investia nesta jogada, Milar não se integrava por inteiro à partida.
Um dia conversei com Milar, que me explicou esta iniciativa corriqueira dele nas partidas no Bento Freitas:
– Eu faço isso para levantar o torcedor. Eles gostam, e o time precisa deles. Busco o drible pra levantar a torcida – explicou o amigo Milar.
Milar não foi um grande craque do futebol mundial, mas durante seus sete anos de Brasil de Pelotas - marcando mais de 100 gols em mais de 200 partidas - o atacante uruguaio manteve viva uma tática individual quase extinta: a ponta direita. Claudio Milar era um legítimo ponta à moda antiga, daqueles que começaram a desaparecer no final dos anos 80.
Camisa 7 às costas, Milar era ousado. Às vezes, individualista em excesso. Exatamente por cumprir a função do ponta-direita: romper defesas. O "castelhano", como era conhecido entre os xavantes, tinha como objetivo principal atuar em uma restrita faixa do campo situada entre as costas do lateral-esquerdo e a cobertura do quarto zagueiro.
Como bom ponta-direito, Milar alternava duas conclusões para suas jogadas pelos lados do campo: ou o chute a gol, ou o cruzamento. Os chutes (e os consequentes mais de 100 gols, apesar de boa parte ter surgido em cobranças de faltas e pênaltis) eram consecutivos às diagonais praticadas pelo atacante. As assistências eram preferenciais quando Milar levava a bola para a linha do escanteio.
No futebol gaúcho moderno, o estilo - e a tática individual - de Claudio Milar eram quase singulares. Podemos relacionar, em rápida recordação, apenas o Fabiano Souza - que está no Zequinha, outro driblador bom de assistências e gols, atuando lá no fundo do campo, pela direita.
Milar leva com ele, além de um pedaço do coração de todos os xavantes, também um estilo de jogo cada vez mais raro: o do legítimo camisa 7 à moda antiga.
Dúvidas Frequentes | Fale conosco | Anuncie - © 2009 RBS Internet e Inovação - Todos os direitos reservados.