Celso Roth começa bem o ano, testando variações táticas. Esta iniciativa dá aos jogadores maior segurança na hora em que for preciso variar, apresentar novas alternativas e estratégias. |
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Celso Roth privilegia os torcedores gremistas, logo no início da temporada, com um importante debate tático. Nos dois primeiros treinamentos, o técnico tricolor escalou a equipe com duas formações e dois sistemas diferentes: uma no 4-4-2, e outra no 3-5-2. Prato cheio para o debate aqui no Preleção!
Grêmio no 4-4-2: Roth escalou no treino o tricolor no 4-4-2 com Victor; Ruy, Léo, Réver e Fábio Santos; Diogo, Willian Magrão, Tcheco e Souza; Reinaldo e Alex Mineiro. Neste sistema, o Grêmio se apresenta com dois laterais de ofício (Ruy e Fábio Santos), um primeiro volante típico (Diogo), dois armadores (Tcheco e Souza) e dois atacantes de área (Reinaldo e Alex Mineiro).
Pelo histórico da equipe em 2008, acredito que na armação Tcheco iria preencher o lado esquerdo - foi assim contra o Palmeiras e contra o Atlético-MG, por exemplo. Toda vez que Souza, na ala, executou diagonais para o meio, Tcheco assumiu a articulação pela esquerda, abrindo espaço para os avanços do Magrão. Esta é a tendência. E com dois jogadores de área, tudo indica que esta dupla de armação vai chamar Alex Mineiro e Reinaldo para a tabela, formando um quarteto ofensivo.
Grêmio no 3-5-2: o retorno de Roth ao 3-5-2 nos treinos se deu com Victor; Léo, Réver e Heverton; Souza, Diogo, Willian Magrão, Tcheco e Jadilson; Jonas e Alex Mineiro. Entra Heverton na defesa; o time apresenta dois alas apoiadores (Souza e Jadilson) no lugar dos laterais Ruy e Fábio Santos, apenas um articulador no meio (Tcheco), e um atacante de velocidade (Jonas).
O que muda, em comparação com o 4-4-2 do primeiro treino? A começar pela defesa, novamente lembrando o jogo contra o Palmeiras, Heverton deve ir para o lado esquerdo. Em vários jogos Réver foi líbero em 2008, por isso acredito que o trio seja distribuído desta forma. Os alas, até mesmo pela característica, provavelmente serão bastante ofensivos, o que obrigaria Diogo e Magrão a ficar mais na cobertura.
O problema volta a ser o abandono de Tcheco na armação. Se Souza e/ou Jadilson não preencherem o setor com diagonais (enquanto um sobe pelo lado o outro fecha, alternando este movimento entre esquerda e direita, com e sem a bola), Tcheco novamente ficará órfão e sobrecarregado.
O que me intrigou nestas variações foi a troca de Reinaldo por Jonas. Eu pensei que a escolha seria invertida - Reinaldo no 3-5-2, Jonas no 4-4-2. Por quê: Reinaldo é de área, precisa ser abastecido com cruzamentos e lançamentos - algo mais lógico de acontecer pelo apoio dos alas no 3-5-2; já o Jonas é um atacante que cria jogadas e oportunidades pelos lados, preenchendo um setor não explorado pelos laterais em um 4-4-2. Mas Roth prefere o de velocidade no 3-5-2, e dois centroavantes no 4-4-2.
Não assisti aos treinos, portanto não posso opinar quanto ao resultado. A qualidade dos alas do Grêmio dá uma certa vantagem ao 3-5-2, principalmente porque este sistema herdado de 2008 é mais familiar ao grupo remanescente da temporada anterior. Mas no 4-4-2 o Grêmio pode enfim acabar com a carência na articulação. Em todo caso, parece-me que Roth vai manter o 3-5-2, e apenas testa outro sistema. E este é o grande ponto positivo da pré-temporada do Grêmio.
Independentemente da escolha - e da opinião sobre qual é a melhor opção - uma coisa precisa ser destacada, e aplaudida: Celso Roth começa muito bem a temporada. É bom para o Grêmio treinar à exaustão as duas alternativas. Não apenas para descobrir qual a melhor, mas para surpreender adversários com táticas e estratégias diferentes. Em 2008, quando precisou, o tricolor não soube jogar no 4-4-2. Tornou-se previsível, perdeu posse de bola, recorreu ao chutão...Agora, a perspectiva é de um time menos enrijecido e quadrado - como foi em 2008 - e mais suscetível a variações e alternativas diferentes, até mesmo com a bola rolando.
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