Gerrard, mais adiantado, marcou dois golsFoto: Site do Liverpool |
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Se há um clube cuja cultura tática está arraigada em sua história, o Liverpool é o exemplo perfeito. Assim como o Manchester United, o FourFourTwo parece uma obrigatoriedade, como se estivesse descrito como único sistema tático aceito pelo estatuto do clube.
A obediência é tão explícita que até mesmo um treinador estrangeiro se adaptou ao 4-4-2 britânico do Liverpool. O espanhol Rafa Benítez, desde sua chegada, tem repetido com fidelidade e respeito à tradição dos Reds a sistematização tática das duas linhas de quatro jogadores - com dois atacantes, e a marcação por zona e pressão na saída de bola do adversário a partir da intermediária de ataque.
Mas hoje o líder do Campeonato Inglês simplesmente patrolou o forte Newcastle, vencendo por 5 a 1, com um sistema diferente. Nada revolucionário, que agredisse a cultura tática do Liverpool. Mas Benítez soube adaptar as duas linhas de maneira inteligente, com uma variação que se mostrou bastante efetiva.
Sem os atacantes Fernando Torres e Robbie Keane, o Liverpool jogou em uma espécie de 4-5-1. Benítez escalou os Reds com as duas linhas, mas retirou o cerebral Gerrard do meio-campo, deixando o capitão da equipe entre a segunda linha e o atacante Kuyt. Gerrard contou na ligação, como um ponta de lança, com o apoio do winger Babel. E no lugar dele, jogou o ex-gremista Lucas - tendo boa atuação.
Gerrard fez dois gols nesta função. Com Lucas e Babel, atuaram ainda Mascherano e Benayoun na linha de meio campo. Atrás, formaram a defesa Insua, Hyppia, Carragher e Agger, com Reina no gol. Xabi Alonso entrou no segundo tempo, e fez o dele de pênalti.
Esta escalação, e a variação tática de Benítez, evidenciam uma realidade incontestável no Liverpool: que times hoje no Mundo podem se regozijar com um grupo tão farto de bons meio-campistas? Talvez Chelsea, Manchester United, Inter de Milão...e a concorrência já começa a rarear. O elenco é tão qualificado neste setor que o Liverpool se deu ao luxo de ceder o excelente Sissoko para a Juventus.
É fato que o Liverpool contratou somente meio-campistas adequados a este seu histórico e cultural FourFourTwo. Não tem nenhum que seja apenas cerebral, que jogue somente com a bola; e também não há um gladiador obtuso que seja primoroso na marcação, sem acertar um passe. Gerrard, Alonso, Lucas, Mascherano, Babel, Benayoun e outros menos utilizados são jogadores que aliam características defensivas e ofensivas; meias capazes de exercer pressão nos adversários que ingressam em suas zonas de ação, mas inteligentes e habilidosos para passar da linha da bola na hora de atacar. E ainda versáteis para ser escalados em qualquer uma das quatro posições desta linha.
Dessa forma metódica e organizada, extremamente britânico mesmo que seu técnico seja espanhol, o Liverpool encerra o ano como líder do campeonato nacional mais qualificado e concorrido do momento.
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