LDU vai bem no competente Four-Four-Two, para minha alegria |
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Quem acompanha o blog Preleção há mais tempo sabe que eu sou um admirador do sistema 4-4-2 britânico, o Four-Four-Two, também chamado de "duas linhas de quatro jogadores". E hoje pela manhã assisti a mais uma equipe obter sucesso utilizando-se desta tática simples e competente.
No Japão, a LDU bateu o Pachuca por 2 a 0, e garantiu vaga na final do Mundial da Fifa. E a vitória foi alcançada graças à disciplina de uma equipe rigorosamente disposta no 4-4-2 britânico. E a atuação do time equatoriano hoje nos dá oportunidade de falar sobre o sistema de marcação utilizado.
No 4-4-2 britânico, a marcação é mista nas duas linhas de quatro, aliando zona e pressão. Funciona da seguinte maneira: os oito atletas ficam dispostos em suas posições, sem acompanhar adversários; quando o homem da bola ingressa na zona de um jogador, este exerce pressão; se o adversário passa a bola para outro atleta, é sobre ele que será feita a marcação-pressão pelo jogador que estiver em sua zona de ação.
É como o movimento dos peões no jogo de xadrez. O marcador se adianta para pressionar quem ingressa com a bola em sua zona, e assim que a bola sai do setor, a posição original é recomposta. Apenas os atacantes não fazem marcação por zona. A dupla de frente marca pressão na saída de bola.
No diagrama tático do post, a imagem simula uma situação do jogo de hoje. Um atleta do Pachuca que tentasse investir com a bola pelo lado esquerdo da LDU receberia a marcação-pressão de Bolaños, por ser ele o responsável por aquele setor. Ao mesmo tempo, o movimento adiantado de Bolaños para marcar traria consigo os dois companheiros mais próximos - Urrutia, ao lado, e Calderón atrás - para evitar a bola nas costas de um eventual adversário que aparecesse ali para receber.
O grande mérito da LDU hoje foi adiantar a segunda linha até a divisa do meio-campo. Zagueiros, laterais e volantes do Pachuca eram pressionados pelos atacantes Bieler e Manso, e precisavam girar a bola até os lados. Ali, Bolaños na esquerda e Reasco na direita adiantavam-se. Com a omissão dos meias e atacantes, que não tentaram jogar às costas desta linha adiantada de meio-campo, o time mexicano ficou encurralado.
Assim nasceu o primeiro gol da LDU. Pachuca troca passes sem alternativas, a bola cai no setor de Bolaños, que pressiona - auxiliado por Urrutia - e lança a dupla de ataque, no mano-a-mano. Depois de abrir 2 a 0, então, os equatorianos se beneficiaram do bloqueio das duas linhas de quatro para comprovar que este sistema tático tem uma estratégia de marcação e de saída de bola muito eficiente. Deixaram a posse de bola com o Pachuca - os mexicanos tiveram 67%, contra 33% de posse de bola da LDU - mas de maneira controlada, sem correr riscos. As duas linhas obrigaram o Pachuca a ficar girando o jogo sem infiltração.
Mais uma vez eu preciso dizer: só no Brasil o 4-4-2 britânico não é mais popular, em função da nossa cultura tática que obriga as equipes a contar com volantes atrás dos meias. Não é uma questão de qual sistema é melhor ou não - até porque os resultados são obtidos por uma soma de outros tantos fatores, como qualidade técnica, disposição, improviso - mas sim de criação de alternativas táticas. Se o Manchester United confirmar o favoritismo e passar à final do Mundial, poderemos assistir a um interessante confronto espelhado no 4-4-2 britânico.
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