Adelaide (de vermelho), no 4-3-3 investindo com o lateral Jamieson e com o atacante Dodd; Gamba Osaka (de azul), no 4-1-4-1, atacando pela esquerda e tendo Lucas muito distante da área |
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Hoje o Mundial de Clubes da Fifa nos privilegiou com um confronto de duas culturas táticas completamente diferentes: o Adelaide, representando a força física australiana, e o Gamba Osaka reproduzindo a velocidade japonesa. O jogo não empolgou, houve poucas chances de gol, e confesso que torci pelo Adelaide. Mas deu Gamba Osaka, 1 a 0.
Ao contrário da partida de estréia, quando bateu o neozelandês Waitakere por 2 a 1 em um confuso esquema algo parecido com um 4-2-4, hoje o Adelaide jogou em um claríssimo 4-3-3. Laterais revezando-se no apoio – Jamieson saindo muito mais pela esquerda, enquanto Mullen se resguardava na direita; dois volantes e um (suposto) articulador; dois atacantes pelos lados – Cássio na esquerda e Dodd na direita, sem serem ponteiros, mas sim atacantes de aproximação na área; e o centroavante Cristiano.
Coloquei “suposto” entre parênteses porque o 4-3-3 do Adelaide não funcionou devido à total ineficiência do articulador. Os australianos foram reféns de um brasileiro preguiçoso chamado Diego, que passou 90 minutos trotando no círculo central, apenas carimbando com passes curtos, e se eximindo de qualquer atitude. Não entrou na área, não se aproximou para tabelas, não se movimentou nem arriscou chutes ou lançamentos. Apenas passeou.
O Adelaide passou, sem articulador, a jogar pelos lados. Na esquerda, com Jamieson; e na direita, com Dodd. E com apenas essas duas variações, foi facilmente marcado. A estratégia era acionar Jamieson na intermediária de defesa e esperar que ele fosse até a linha de fundo para cruzar; ou esticar uma bola em profundidade para que Dodd, um atacante de boa qualidade técnica, inventasse algo. Conseguiram encaixar apenas uma bola aérea, com Dodd acertando o travessão.
O Gamba Osaka passou o jogo inteiro bastante recuado. Com duas linhas de quatro jogadores, um volante entre elas e um centroavante, o time japonês teve como principal estratégia dentro do sistema 4-1-4-1 a saída rápida para os contra-ataques. Sempre pela esquerda, com o lateral Yasuda ou com o winger Endo. Do outro lado, o lateral Kaji e o winger Futagawa precisaram guardar posição para marcar o bom apoiador Jamieson do Adelaide.
O principal problema do Gamba foi a ausência de Lucas na área. O centroavante brasileiro foi o principal jogador da equipe japonesa, mas atuando na intermediária de ataque. Com as duas linhas muito recuadas, Lucas precisava voltar quando o time recuperava posse de bola, sendo acionado para fazer o pivô e escolher a melhor saída. É um dilema. Se Lucas for adiantado, o time perde o pivô que liga os contra-ataques. Mas se permanecer longe da área, como fará um gol?
Invariavelmente, a jogada foi esta: Gamba rouba a bola, Lucas é lançado de costas, longe da área, toca para o lateral Yasuda, gira e parte junto com Endo, que praticou boas diagonais (em uma delas, saiu o gol da vitória). Em diversos destes contra-ataques, Lucas concluiu muito a gol, mas sempre de longe, recebendo a bola de volta na entrada da área. Talvez o melhor seria aproximar mais o Endo, definindo um 4-4-2.
Foi um jogo monótono. Os japoneses venceram no preparo físico, já que o Adelaide havia atuado dois dias atrás contra o Waitakere e simplesmente pregou no segundo tempo. Agora o Gamba enfrenta o Manchester, e se hoje atuou em um 4-1-4-1 recuado, especulando contra-ataques, imagino o quando essas duas linhas de quatro vão ser ainda mais defensivas. Coitado do Lucas.
*PACHUCA x AL AHLY: Não vi o jogo, mais assisti aos melhores momentos de Pachuca 4 x 2 Al Ahly, na prorrogação. Também fiquei com pena dos egípcios, que abriram 2 a 0 em duas aulas de contra-ataque: um atacante sai da área, recebe no lado, puxa a marcação e abre espaço para a entrada de um meia e do outro atacante livres na área. Dois gols parecidos, de muita eficiência tática.
Mas o Pachuca empatou, graças a um gol de falta na barreira mais mal-armada da história do futebol mundial. E daí em diante o Al Ahly morreu, fisicamente e talvez até psicologicamente. Na prorrogação, os mexicanos fizeram dois gols e decidem com a LDU uma vaga na final. Dizem que a LDU está decadente, por isso o prognóstico é muito difícil para este confronto.
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