Dunga promoveu uma variação tática interessante no segundo tempo, atraindo o apoio de Maicon pelo lado direito com a inversão de Robinho e a aproximação de Kaká |
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O primeiro sinal de consolidação tática de uma equipe é quando ela apresenta variações sem que o técnico recorra ao banco de reservas. E uma equipe só pode variar taticamente a partir do momento no qual consolidou uma base. Ontem, Dunga nos privilegiou, na goleada de 6 a 2 sobre Portugal, com esta surpresa no Brasil.
Desde a vitória sobre a Venezuela o blog Preleção faz a análise tática do Brasil parabenizando Dunga pela manutenção do esquema 4-5-1. A base conta com uma linha de quatro jogadores, dois volantes à frente da área, três meias ofensivos na intermediária de ataque, e um centroavante de referência para fazer o pivô e concluir, como demonstra o diagrama abaixo:
Mas essa base estava rígida demais, e quando os jogadores decaíam tecnicamente - diminuindo a movimentação, errando passes ou participando pouco - a Seleção Brasileira se mostrava sem alternativas. Não havia apoio dos laterais, os volantes permaneciam estáticos, e os meias sucumbiam à marcação, isolando o centroavante. Para mudar, Dunga precisava fazer substituições durante o jogo.
A insistência de Dunga, entretanto, deu resultado. Contra Portugal o Brasil atuou no primeiro tempo dentro da base tática do 4-5-1, com a disposição dos jogadores descrita acima. Mas a presença de Robinho e Anderson pela esquerda imantou o Brasil a este lado, e somente por ali a Seleção Brasileira jogou. A imagem que ilustra a abertura deste post, entretanto, simula uma interessante variação tática proposta por Dunga no segundo tempo.
Dunga centralizou Gilberto Silva, adiantou Anderson e recuou Elano, fazendo uma espécie de triângulo com um volante no vértice e dois meias defensivos nos lados. A principal modificação foi inverter Robinho de lado, passando ele praticamente ao ataque, com Kaká e Luís Fabiano próximos. E ainda, para melhorar, Kaká e Robinho se movimentaram com trocas de posição constantes: ora um pelo lado e outro pelo meio, ora o contrário.
Qual o resultado? Robinho e Kaká combinados pela direita atraíram o apoio de Maicon. Enfim, a torcida brasileira percebeu que o lateral-direito estava em campo. Maicon passou a subir com freqüência, em poucos minutos criou a jogada de dois gols, e ainda marcou um. A triangulação Kaká-Robinho-Maicon, com o preciso pivô de Luís Fabiano, destruiu a defesa de Portugal pelo setor.
Eu sou um admirador de sistemas táticos e estratégias. Gostei muito desta proposta alternativa de Dunga. Claro que o sucesso de ontem tem participação decisiva do empenho e da movimentação dos jogadores - e até mesmo de um treinador mais vibrante no banco de reservas. Mesmo sob críticas - algumas justificadas, em função de erros cometidos - e com pouco tempo para treinar, Dunga evolui como treinador consolidando uma base tática e apresentando variações. A goleada de 6 a 2 do Brasil, analisada sob esta perspectiva, não surpreende.
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