Maradona optou pelas convencionais duas linhas de quatro, bem britânicas, com Mascherano um pouco mais recuado, mas Wingers legítimos pelos lados |
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Na estréia de Maradona - vitória de 1 a 0 sobre a Escócia em partida amistosa - a Argentina reprisou o sistema tático utilizado pelos próprios clubes argentinos nesta temporada: o 4-4-2 britânico, reconhecido pelas duas linhas de quatro jogadores. Aqui mesmo no blog Preleção já foram analisadas táticas similares no San Lorenzo e no River Plate.
Na primeira linha - a defensiva - Maradona posicionou dois zagueiros (Demichelis pela direita, Heinze pela esquerda) e dois laterais com baixíssima produção ofensiva (Zanetti na direita, Papa na esquerda). E na segunda linha - a de meio-campo - Maradona fez o mesmo que os clubes argentinos têm promovido: um quase alinhamento.
A Argentina jogou com legítimos Wingers. Maxi Rodriguez na direita, e Gutierrez na esquerda se posicionaram exatamente como exige a função no Four-Four-Two (o 4-4-2 britânico). Permaneceram abertos pelos lados, somando-se aos laterais na marcação dupla, e investindo nas diagonais. Em uma destas diagonais combinadas, por exemplo, surgiu o gol da vitória. Gutierrez recebeu de Tevez na área, e encostou para Maxi - ambos os Wingers, portanto, dentro da grande área após rápidas diagonais.
O quase alinhamento se deve aos posicionamentos dos meio-campistas Mascherano e Gago. Mascherano foi mais volante, um pouco recuado, atuando na cobertura de toda a segunda linha. Gago ficou um pouco à frente, também marcando no setor, mas participando mais do jogo e sendo acionado para fazer a bola andar.
Este 4-4-2 britânico, com Wingers e meio-campo em linha, contraria a tradição do camisa 10 da Argentina. O próprio Maradona era o centralizador genial da seleção. Riquelme, que poderia cumprir este papel, não foi convocado em acordo com o Boca Juniors. Sem o camisa 10 articulador nato, a Argentina recorreu às trocas de passes curtos, virando o jogo de pé em pé pela linha de meio-campo, até encontrar espaços para as diagonais dos Wingers ou da dupla Tevez-Lavezzi no ataque.
Os problemas virão a seguir, quando Riquelme for convocado. Maradona não poderá utilizá-lo como Winger, pela lentidão de movimentos e displicência na marcação. Onde entraria Riquelme? Terá de desfazer, portanto, este 4-4-2 à moda Four-Four-Two. Eu vejo como alternativa a saída de Maxi, a centralização de Mascherano como um primeiro volante, e a passagem de Gago para a direita, aproximando ele e Gutierrez do pensador Riquelme. Gutierrez também só deve estar guardando o lugar de Messi. E na frente Lavezzi não fez nem sombra para Agüero. Ficariam Mascherano e Gago nas funções ofensivas, Riquelme e Messi na articulação - quase um quadrado.
Outros problemas, mais urgentes, estão na primeira linha: Heinze e Demichelis são zagueiros que jogam no limite entre a competência e o erro infantil. Não são confiáveis. E os laterais, até mesmo pela presença de Wingers às suas frentes, apoiaram pouco. Pareciam os laterais da Seleção Brasileira.
Maradona optou por um sistema tático bem definido, com o qual os jogadores poderiam se adaptar rapidamente. Foi bem sucedido. Sem ser brilhante, a Argentina controlou a partida. Criou pouco, mas não foi pressionada, e pôde testar este 4-4-2 quase britânico com belíssimas participações de Gago, Mascherano e Gutierrez.
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