O 4-5-1 do Brasil privilegia a aproximação dos meias, mesmo que este sistema não tenha ainda dado certo nos jogos disputados em território brasileiro. |
No treinamento de hoje à tarde em Brasília, o técnico Dunga confirma aquilo que havia indicado com clareza nas partidas pelas Eliminatórias à Copa do Mundo de 2010: o sistema tático da Seleção Brasileira é o 4-5-1, utilizado pela imensa maioria de clubes europeus - cada um com sua variação característica.
A base deste sistema com Dunga é esta: uma linha de quatro jogadores na defesa, dois volantes na intermediária defensiva, três meias na intermediária ofensiva, e um centroavante de ofício no ataque. A estratégia prioriza a movimentação dos meias, por enquanto contando com Robinho pela esquerda, Kaká centralizado e Elano na direita.
Gostei muito desta formação na vitória do Brasil sobre a Venezuela. Robinho, Kaká e Elano jogaram próximos a Adriano. Os três meias fizeram inversões, trocando de posição em velocidade, buscaram as diagonais e os lados do campo, chegaram na área para concluir e municiaram o centroavante. Fora de casa, esta estratégia foi bem sucedida, proporcionando contra-ataques rápidos, boas tabelas, compactação ofensiva e farta criação de oportunidades de gol.
O problema é que este 4-5-1 não emplaca quando a Seleção joga no próprio país. Parece-me que o insucesso do Brasil no Brasil tem aditivos psicológicos - pressão da torcida e da imprensa, cobrança pelo espetáculo, necessidade de auto-afirmação. Mas também falta movimentação. Os laterais não apóiam, os volantes jogam rigidamente no campo de defesa, e os meias guardam posição sem repetir as inversões e a mobilidade dos jogos fora de casa. O resultado é conhecido: burocracia, poucas chances de gol e vaias.
No treino de hoje, Dunga deixou claro que este é o sistema tático - o 4-5-1. Mas testou substituições, sem mexer na base tática - mudanças que devem contribuir para melhorar a estratégia. A principal delas é a saída de Josué, para a entrada de Anderson - que embora não seja volante no Manchester United, aprendeu a cumprir funções defensivas e tem muito mais mobilidade, capacidade técnica, imprevisibilidade e criatividade.
Com Anderson, o Brasil pode variar para o 4-4-2 (estou cogitando essa possibilidade, não vi se Dunga fez isso no treino) com as seguintes inversões de posição: Elano recua para a intermediária ofensiva, abrindo o lado para Maicon; Anderson assume a articulação pela esquerda, ao lado de Kaká; e Robinho se adianta, independentemente do lado que ocupe. É uma escalação mais inteligente, que proporciona variação tática sem precisar de substituições. E com Anderson, um jogador muito melhor do que o Josué.
No treino, Dunga começou com Julio César; Maicon, Thiago Silva, Luisão e Kleber; Gilberto Silva, Anderson, Elano, Kaká e Robinho; Luis Fabiano. Durante o trabalho, Diego e Adriano entraram nos lugares de Elano e Luís Fabiano - trocas de nomes, sem alterar a estrutura tática - outro indício forte de manutenção do sistema. Na defesa, Thiago e Luisão só guardam lugar para Lúcio e Juan.
Eu gosto deste sistema tático, e torço por um bom resultado caso Anderson se confirme no time titular, para que a escalação também seja mantida. A melhor notícia é que Dunga enfim define um padrão, o que facilita a vida dele mesmo, em função do pouco tempo para treinar. Os jogadores serão convocados sabendo qual a estrutura tática, que funções vão cumprir, e como se comportar em campo. A tendência (na teoria) é aumentar o entrosamento e aprimorar a mecânica de jogo.
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