San Lorenzo atua de maneira compacta, com linhas próximas entre meio e ataque, um organizador e um jogador incisivo que procura as diagonais |
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O San Lorenzo, que disputa a liderança do Torneio Apertura da Argentina com o Boca Juniors e o Tigre, é um legítimo time argentino. Legítimo. Assisti ao injusto empate da equipe, fora de casa, com o Newell's Old Boys - do Schiavi - por 3 a 3 (o San Lorenzo foi melhor e chegou a abrir 3 a 1) e reconheci neste time todas as características do futebol do país vizinho.
Existem países impregnados por culturas táticas típicas. Inglaterra logo se associa às rígidas duas linhas de quatro, Holanda ao ofensivismo, e Argentina à estratégia da compactação e proximidade. Os times e seleções argentinos são extremamente intensos na movimentação com a qual mantêm os jogadores sempre próximos, tanto na marcação como no ataque.
E assim é o San Lorenzo. A disposição tática é o 4-4-2, com uma linha de quatro jogadores na defesa (González e A. Torres pelas laterais, Aguirre e Arce na zaga) e outra "quase linha" de meio-campo (Rivero e Barrientos pelos lados, J.M. Torres e Ledesma centralizados); na frente, um jogador de movimentação (Bergessio) e um cabeludo trombador - outra característica argentina - o Silvera.
Digo que no meio há uma "quase linha" porque o técnico Miguel Angel Russo posiciona os jogadores de maneira muito interessante. O camisa 8 Rivero é um volante aberto pelo lado direito. Apóia pouco, e também não fecha a marcação. Ele realmente marca pelo lado, diferente daquilo que estamos acostumados a ver - um volante cabeça-de-área. O outro volante é o camisa 4 J.M. Torres, que fica centralizado à esquerda. Ledesma, camisa 28 - cérebro e organizador do San Lorenzo - joga exatamente ao lado de J.M. Torres, como uma espécie de falso volante, centralizado à direita e um passo à frente. E na asa esquerda, o Winger é Barrientos, que herdou a camisa 10 de D'Alessandro com justiça.
Barrientos é daqueles canhotos argentinos rápidos e incisivos. Ele joga na mesma linha de Ledesma, e da intermediária ofensiva investe sempre nas diagonais, chamando os atacantes para tabela. Fez dois gols com infiltrações rápidas pelo meio. Barrientos é o "striker" do meio-campo, o definidor, enquanto Ledesma se assemelha muito a Verón - um organizador técnico, com espaço restrito para movimentação, e muita marcação. Barrientos anda com a bola, enquanto Ledesma faz a bola andar.
Na marcação, os jogadores das duas linhas do San Lorenzo parecem estar amarrados a cordas em suas cinturas. É quase como no 4-4-2 britânico - que promove marcação dupla entre as peças correspondentes das duas linhas. Mas tanto os jogadores de meio como também os de defesa exercem alta pressão em quem ingressa na sua zona, trazendo consigo uma cobertura por trás e outra pelo lado. É como se a movimentação de um marcador trouxesse pela corda imaginária todo o time com ele. Uma extrema compactação defensiva.
Foi o primeiro jogo que vi do San Lorenzo, e encontrei este time organizado e eficiente - o que justifica sua disputa pelo título, embora o empate de ontem tenha sido péssimo resultado. Com a bola, um pensador e um rompedor de defesas no meio, e sem a bola um time extremamente compacto. É uma legítima equipe argentina, efetuando todos os movimentos com aproximação e velocidade. Se me perguntarem como esse time empatou com o Newell's fora de casa, explico - os dois gols finais dos anfitriões surgiram também de maneira bastante argentina: chuveiro na área, trombadas e diversas infrações ignoradas pela arbitragem em um verdadeiro caldeirão.
Se alguém mais acompanha o futebol do San Lorenzo ou do Apertura argentino, está aberto o espaço para contribuições.
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