Bolivar e Marcão, na cobertura de zagueiros e volantes, combatendo as jogadas em velocidade do Chivas pelos lados do campo |
Bolivar teve grande atuação como um lateral-direito defensivo na vitória do Inter sobre o Boca Juniors. Depois do jogo na Bombonera, entretanto, ele reiterou que pretendia retornar imediatamente à zaga. Mas o técnico Tite, em entrevista coletiva neste domingo, indicou que Bolivar será novamente escalado na lateral-direita defensiva contra o Chivas Guadalajara.
Tite citou equipes européias para justificar o posicionamento de Bolivar no setor. O treinador colorado comparou a função de Bolivar com as desempenhadas por Kaladze no Milan, e Córdoba na Inter de Milão. São duas equipes italianas que atuam no 4-5-1 (o Milan com três volantes, a Inter com três meias ofensivos), o que demonstra que a linha de quatro jogadores na defesa não é exclusividade do 4-4-2 britânico, rígido e ortodoxo. Até porque o próprio Inter adotou o 4-5-1 com três meias, variando ao 4-4-2 a partir do avanço de Alex. Portanto, esta é uma estratégia adaptada a diversos sistemas táticos diferentes.
Mas qual a diferença entre o lateral da linha defensiva de quatro jogadores à européia, e o lateral-ala do 4-4-2 à brasileira ou do 3-5-2? Na linha defensiva, como propõe Tite, os laterais se posicionam na cobertura de volantes e zagueiros. Foi o que Bolivar fez contra o Boca Juniors, permitindo a Alvaro marcar Figueroa individualmente, deixando Indio na sobra. Já no sistema usual no Brasil, é o contrário: volantes e zagueiros fazem a cobertura do lateral-apoiador.
Na prática, a mudança para Bolivar é pequena. Ele será uma espécie de zagueiro, fora da área, apoiando eventualmente. A principal tática individual dele e de Marcão é dar combate no lado do campo. Uma estratégia bastante oportuna no enfrentamento com o Chivas.
Como já foi analisado aqui no blog Preleção, o Chivas tem preferência pelas jogadas em profundidade, com lançamentos diagonais para os lados, explorando a velocidade dos meias (Pineda ou Medina pela direita, Morales pela esquerda) e atacantes (Arellano pela direita, Santana pela esquerda). Os mexicanos são rápidos, e insistem nesta jogada forçando o mano-a-mano com os zagueiros. Neste cenário, Bolivar e Marcão vão permitir que pelo menos um colorado (Edinho, ou um dos zagueiros) fique na sobra, encaixando a marcação tripla sempre com o combate por setor, a cobertura e a sobra. Foi assim contra o Boca. No diagrama tático que ilustra o post, dá para observar a simulação deste sistema de marcação sobre a movimentação em velocidade do Chivas.
Essa estratégia também libera os volantes Magrão e Guiñazu para o apoio, o que resultou no gol de Magrão na Bombonera. Esta dupla pode assessorar o trio Alex-Nilmar-D'Alessandro na saída rápida, nas tabelas curtas, nas infiltrações em diagonal e nos chutes de média distância - em função da segurança garantida pela presença de laterais-defensivos na linha de quatro jogadores.
Na teoria, Tite acerta em definir esta estratégia dentro do sistema tático preferencial do Inter, e acerta ao manter Bolivar na lateral-defensiva.
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