Meias e atacantes do Cruzeiro arrastam a marcação individual do Grêmio e abrem espaços na área tricolor; alas gremistas ficam sem cobertura. |
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Em jogos importantes, já percebi que Celso Roth adota no Grêmio a marcação individual. Ontem, contra o Cruzeiro, ficou provado que esta estratégia não dá certo. Principalmente, no 3-5-2 - ou no 3-6-1, como o tricolor entrou em campo no Mineirão.
Aqui no blog Preleção nós fizemos às vésperas da partida uma análise tática do Cruzeiro, apontando como principal virtude dos mineiros a movimentação dos atacantes para as laterais, associada à infiltração dos meias. É simples: Guilherme e Thiago Ribeiro saem da área para os lados, levando os zagueiros consigo; e neste espaço, infiltram-se os meias Wágner e Ramires, e os volantes (Fernandinho fez este papel ontem).
Para sucesso desta movimentação, um adversário com sistema de marcação individual é exatamente o que se precisa. Celso Roth definiu que Léo marcaria Guilherme; William Magrão ficaria em Ramires; Rafael Carioca em Wágner; Réver em Thiago Ribeiro; e Tcheco em Fernandinho. E a resposta de Adilson Batista foi a mais correta: ele abriu os atacantes e os meias, arrastando os zagueiros e os volantes do Grêmio para os lados, e desprotegendo a área tricolor.
Não por acaso o volante Fernandinho foi o principal articulador do Cruzeiro no jogo. Com Tcheco marcando ele individualmente, Fernandinho prendia o principal jogador do Grêmio, e se infiltrava pelo meio porque Magrão e Carioca estavam perseguindo Wágner e Ramires. Quando a marcação é individual, os defensores não podem acompanhar a bola, porque qualquer desatenção custa o deslocamento do adversário, livre e sem cobertura.
Foi assim que o Cruzeiro venceu o Grêmio: utilizando-se da marcação individual para aplicar sua principal virtude - movimentação para os lados e abertura de espaços no meio. Com os volantes presos à marcação individual e ao acompanhamento de Wágner e Ramires, o Grêmio ainda perdeu a cobertura aos alas/laterais - reparem no segundo e no terceiro gols do Cruzeiro: avanços às costas de Paulo Sérgio, sem cobertura dos volantes gremistas, que perseguiam individualmente os meias cruzeirenses.
Para encerrar a análise, uma curiosidade: o primeiro gol do Cruzeiro parece uma jogada de Futebol Americano. Adilson Batista, sabendo que esta saída de bola ensaiada do Grêmio sempre se repete, promoveu uma blitz sobre o gremista que receberia a bola - na associação ao Futebol Americano, o Quarter-Back Willian Magrão. Marcado o Quarter-Back tricolor,a bola foi interceptada, e o Cruzeiro marcou o touchdown em uma seqüência da jogada prevista pelo blog Preleção: Guilherme foi para o lado, arrastou Léo, e Wágner infiltrou livre pelo meio.
Com apenas três jogadores no meio-campo, marcação individual é um convite às infiltrações dos adversários. Seria mais prudente ao Grêmio, em jogos decisivos ou não, adotar sempre a marcação por zona, evitando o deslocamento dos volantes para os lados.
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