E não se pode esquecer: sem a posse de bola, esses jogadores devem continuar posicionados no campo do Grêmio, exercendo marcação pressão ou meia-pressão |
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Lembro que em 2003, quando comandou o Grêmio, o técnico Adilson Batista recebeu o apelido de "Professor Pardal" de alguns críticos mais descontentes com o trabalho dele. Adilson era acusado de inventar demais, modificando escalações e estratégias de acordo com o adversário. E assim, a cada jogo, o Grêmio tinha um time e uma tática diferentes. Provavelmente Adilson refuta o apelido - que é depreciativo - mas não esconde que segue adaptando os times que comanda aos adversários. No primeiro turno, por exemplo, lembro de uma entrevista dele após a vitória do Grêmio sobre o Cruzeiro por 1 a 0 no Olímpico.
Naquele dia, Adilson foi sabatinado pelos repórteres mineiros na coletiva, recebendo cobranças por mexer demais na equipe - Adilson justificou dizendo que havia escalado o Cruzeiro no 3-5-2 com atletas altos (abdicando do sistema 4-4-2 original dele mesmo e de titulares mais velozes) porque o Grêmio também joga no 3-5-2, e privilegia a bola aérea.
Isso indica um adversário imprevisível para o Grêmio na decisão de quarta-feira. Provavelmente, Adilson Batista vai definir o sistema de jogo apenas quando tiver certeza da postura do Grêmio de Celso Roth. E não digo a tática coletiva - que será o 4-4-2, mas sim as táticas de grupo e individuais (movimentações de jogadores, coberturas defensivas, aproximações, sistema de marcação), que influem diretamente na mecânica de jogo.
Na teoria, o Cruzeiro vai jogar com Fábio; Jonathan, Léo Fortunato, Espinoza e Carlinhos; Marquinhos Paraná, Camilo (Zé Eduardo ou Fernandinho), Ramires e Wágner; Thiago Ribeiro e Guilherme. Mas, apesar dessa imprevisibilidade - que impede uma análise mais consistente do Cruzeiro - é possível traçar aqui no blog PRELEÇÃO algumas virtudes e defeitos que o time de Adilson demonstrou neste Brasileirão. Comecemos pelas virtudes:
O Cruzeiro tem um time muito veloz, leve e habilidoso no meio-campo. Estes meias jogam próximos e trocam passes curtos até abrir espaços pelos lados. De onde vêm a segunda virtude: os laterais do Cruzeiro apóiam muito. Invariavelmente esses laterais passam para receber. Mais uma movimentação importante que eu percebo no Cruzeiro é a infiltração dos volantes e meias: os combatentes do meio cruzeirense entram muito na área graças aos espaços abertos pelo ataque.
Esta é outra virtude. Os atacantes do Cruzeiro saem da área de maneira organizada. A idéia é puxar a marcação e abrir espaço para a as infiltrações de meias e volantes. E a dupla - principalmente o ligeiro Guilherme - volta rapidamente para a área quando a jogada não sai pelo meio, à espera dos cruzamentos dos laterais. O "zagueiro da sobra" de Celso Roth - provavelmente Pereira - precisará redobrar atenção para impedir a entrada destes volantes e meias pelo miolo da área tricolor.
O que o Grêmio pode explorar: os zagueirões do Cruzeiro são lentos (especialmente o Espinoza); os laterais apóiam muito; e o time toma gols de bola aérea com freqüência. Um indício de, posicionando-se sem cautela excessiva para não perder campo, o Grêmio pode explorar os contra-ataques pelos lados e testar a eficiência destes zagueiros lançando Reinaldo pelo chão ou pelo alto. O centroavante do Grêmio vai ter que se apresentar para o combate, e dependerá muito dos alas.
Só um detalhe: precisando vencer, e com estádio lotado, provavelmente estes atacantes, meias e laterais velozes do Cruzeiro vão adiantar a marcação, procurando roubar a bola ou abafar o Grêmio dentro da própria intermediária. No Mineirão (no clássico contra o Atlético-MG foi assim), o Cruzeiro costuma marcar pressão, ou no máximo meia-pressão. Mais uma vez, para evitar a ligação direta ou a quebra do passe, os volantes, zagueiros e meias gremistas precisarão acionar as alas, para aliviar essas linhas de marcação provavelmente adiantadas do Cruzeiro.
Quem tem algo a acrescentar ou corrigir sobre o sistema tático do Cruzeiro, está aberto o espaço
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