Dois motivos levaram Celso Roth a definir o 3-5-2 como sistema tático preferencial do Grêmio, no início do Brasileirão: a fragilidade defensiva revelada pelas eliminações na Copa do Brasil e no Gauchão; e a presença de apenas um articulador no grupo - Roger. Houve um sucesso imediato, a estratégia surpreendeu adversários e o Grêmio alcançou a liderança. Mesmo com sérios problemas no meio-campo.
Isso porque Roger, um centralizador de jogadas, foi embora. Era ele quem "segurava a bola" no Grêmio. Veio Tcheco, um meia que distribui o jogo, mas que necessita de alguém por perto - foi assim com Diego Souza em 2007. Mas no 3-5-2, quem seria este parceiro? Ninguém. E desde o momento que os adversários perceberam que o ponto fraco do Grêmio é a carência numérica no meio-campo, o tricolor perdeu posse de bola, e pontos na tabela.
Hoje Celso Roth tentou consertar o problema, mas não conseguiu se livrar da obsessão pelo 3-5-2. No primeiro tempo, o técnico do Grêmio segurou o meia Douglas Costa como um ala, marcando o lateral-direito do Sport Recife; Thiego, que na teoria jogaria como lateral em um 4-4-2 que não existiu, na verdade foi terceiro zagueiro, marcando Carlinhos Bala; e o meio-campo do tricolor seguiu órfão e esvaziado, sendo totalmente dominado pelo Sport Recife. O Grêmio foi confuso, sem ser um 3-5-2 legítimo, mas também faltando algo para se tornar 4-4-2.
O zagueiro Pereira definiu bem na saída para o intervalo: "sempre que se perde o meio-campo, se perde a posse de bola".
No 2º tempo, Celso Roth - ainda mantendo a obsessão pelos três zagueiros - tentou consertar a perda do meio-campo com uma simples troca: passou Rafael Carioca para a ala-esquerda, segurou mais Tcheco e centralizou Douglas Costa. Pronto. Embora improvisando Rafael Carioca na ala só para não desfazer o 3-5-2, a partir daí o tricolor conseguiu enfim emparelhar a disputa no setor. Douglas Costa, centralizado e próximo dos atacantes, passou a participar de todas as jogadas após um primeiro tempo completamente abandonado na ala-esquerda.
Douglas Costa provou a Celso Roth que o Grêmio não precisa de trocas de nomes na zaga, nas alas ou em qualquer lugar. O Grêmio tem que controlar o meio-campo, o que não tem conseguido no 3-5-2. Qualquer que seja o esquema escolhido, o tricolor não pode abdicar da posse de bola, que foi toda do Sport no 1º tempo, e voltou aos pés do Grêmio no 2º tempo.
Roth parece ter parado no tempo, lá em março. O problema do Grêmio não é mais a vulnerabilidade da defesa. É a falta de posse de bola. Com Douglas Costa centralizado, o Grêmio jogou. Que o técnico do Grêmio encontre durante esta semana de treinos uma solução tática definitiva para controlar o setor mais importante e manter a posse de bola. Acredito que para isto o caminho seja o convencional 4-4-2, sem um falso lateral - como foi Thiego, um nato terceiro zagueiro, hoje à noite contra o Sport.
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