Jogadores do Brasil comemoram um dos quatro golsFoto: Luis Robayo/Agência EFE |
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Qual seria a repercussão entre os torcedores brasileiros caso Dunga tivesse anunciado antes da partida contra a Venezuela que distribuiria o Brasil no sistema tático 4-5-1? Posso supor que ecoariam pelo país brados como este:
- O quê? Um atacante? Retranca contra a Venezuela?
Pois o Brasil goleou a Venezuela fora de casa jogando no 4-5-1. E foi ofensivo. Dunga posicionou a defesa em uma linha de quatro jogadores; logo à frente, dois volantes; o diferencial estava na intermediária de ataque, com três meias ofensivos em linha: Kaká centralizado, Robinho pela esquerda e Elano pela direita; na frente, Adriano sozinho (mas não isolado). Deu certo. Este sistema me fez lembrar do mesmo 4-5-1 adotado na temporada 2003/2004 pelo Arsenal à época chamado de “os invencíveis”.
Principalmente, pela movimentação constante dos meias, que geralmente no Arsenal eram Ljungberg, Bergkamp e Wiltord (sei que tinham outros, mas recordo destes com mais clareza). No 4-5-1 do Dunga, a formação original dos meias ofensivos foi apenas uma referência. A qualquer momento, Kaká saía do meio para esquerda, com Robinho passando à direita, e Elano ocupando o meio. Todas as combinações possíveis do trio e das posições em campo foram executadas durante a partida. Foi essa movimentação a responsável pela criação de inúmeras chances de gol, como diagnosticaram os próprios jogadores na saída para o intervalo:
- Foi a movimentação da gente - disse Robinho.
- A gente está se movimentando bem no ataque – concordou Adriano, ambos nos microfones da TV Globo.
Este 4-5-1 com três meias ofensivos trocando de posição, à lá os invencíveis do Arsenal, é muito eficaz quando o time se propõe a jogar nos contra-ataques. Talvez em função da vitória sobre o Brasil no último amistoso, a Venezuela tentou assumir a iniciativa ofensiva, posicionada no convencional 4-4-2, liberando meias e laterais – muitas vezes sem a cobertura adequada. Assim que os volantes brasileiros roubavam a bola, algum dos meias ofensivos era acionado. O trio partia de frente para dois volantes e dois zagueiros, preocupados com Adriano, e qualquer inversão de posições abria espaços na defesa. Assim surgiram os três gols do primeiro tempo, e outras tantas chances nas duas etapas.
Tenho convicção que este esquema se beneficiou da ausência de Ronaldinho Gaúcho. O jogador do Milan, desde as últimas temporadas no Barcelona, assumiu uma função bastante cômoda, jogando de maneira fixa no lado esquerdo do campo. Repetindo esta tática individual na Seleção. Com ele, o Brasil não teria a movimentação sincronizada dos meias, responsável pela vitória de 4 a 0 sobre a Venezuela.
Alguém discorda, e acredita que com Ronaldinho Gaúcho este 4-5-1 teria dado certo? O jogador do Milan terá lugar no time se o esquema for mantido? E mais: este sistema que privilegia os contra-ataques deve também ser utilizado nos jogos em casa? Perguntas que alimentarão muito debate e que permanecerão sem resposta até o final da partida contra a Colômbia.
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