Passou ontem por Porto Alegre uma lenda da música produzida nos anos 80: PETER MURPHY. No blog VOLUME (
www.clicrbs.com.br/blog/jsp/default.jsp) tem uma linda resenha sobre o show com fotos igualmente lindas como esta que eu me apropriei...
De minha parte, foi uma experiência deveras intensa. Declaro - para quem desconhecia o fato - que Perter Murphy (junto com Iggy Pop) foram minhas maiores influências no quesito "canto" e "interpretação" do primeiro disco do Nenhum de Nós. Calculem a importância e o significado disso para um novato no meio rock&música&disco&showbusiness: eles foram meu norte! O impacto de Peter Murphy ainda foi maior, pois a proposta estética&artística do Bauhaus (seu ex-grupo de enorme importância na música dos anos 80 e naquilo que depois foi rotulado de dark e gótico) marcaram profundamente nosso primeiro disco. Canções como "O marinheiro que perdeu as graças do mar" saíram diretamente dali. O ouvido dos críticos - não todos - nem perceberam isso. Fred D´Orey, que escrevia para um jornal de surf e música da época disse que nosso disco era o mais "dark" do rock nacional de até então. Por aí já se pode ter uma ideia.
Mas voltando a ontem. O teatro não estava nem com meia casa. Ninguém tinha uma noção precisa do que teria pela frente. Como seria a performance? O repertório? A banda? A voz do cara ainda estava poderosa?
Olha, é difícil para mim, depois do que contei acima, descrever o que senti durante o show.
Primeiro, a surpresa natural com o primeiro contato visual com a figura e depois com o som e a proposta da primeira música. Ele foi teatral, performático e de uma entrega impressionantes durante todo o show. Mas eu não tinha como saber isso na primeira música... Teve também uma estranheza sensacional de ser conduzido num roteiro/show onde eu não conhecia tantas músicas. A conquista, a sedução, o deslumbramento do show veio com a força do que eu via e ouvia.
Como dizia Ferreira Gullar: "para ele era rotina/para mim era aventura".
Quando ele subiu em uma escada e apenas com um foco de luz azul estraçalhou em uma versão inesquecível de "Hurt" do Nine Inch Nails, a vontade que eu tinha era de ficar de joelhos. Sinceramente, difícil que depois de tantos shows que eu já vi, a força de uma interpretação conseguisse me causar tanto impacto.
Olha, na boa, vou desistir de tentar descrever a noite, o show de ontem...
Foi lindo o olhar e a reação de todos depois do show. Parecia que as pessoas queriam se abraçar em uma espécie de comunhão pelo que haviam acabado de asisitir. Talvez eu esteja viajando... atribuo isso a mais um "efeito colateral" de Peter Murphy.
Vendo e ouvindo o cara cantar, e depois, divagando e lembrando, fez muito sentido para mim que aquela semente que existia em mim - desde o primeiro disco - parecia ter brotado em mim ontem a noite. Brotou uma linda rosa vermelha...
Cada palma, assovio, grito e manifestação minha é como se, de alguma maneira, eu estivesse dizendo: OBRIGADO!
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