Foto: Nauro Júnior |
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Na edição de 27 de janeiro de 2008, o uruguaio do Chuy Claudio Milar deu entrevista à Coluna falando sobre um de seus assuntos preferidos: a paixão pelo Brasil, de Pelotas. Marido de Carolina, pai de Agustin, na época com dois anos e meio, Milar (na foto, com a camiseta do gol 100) vivia o auge da fase de ídolo. Tinha acabado de marcar o 100º gol pelo clube, perdido e recuperado a chuteira da sorte. Mais importante: tinha planos de jogar mais quatro anos, até 2011, e depois trocar os campos pela presidência.
Queria disputar a eleição, chegar ao poder e encontrar uma maneira de recompensar a torcida por sua fidelidade ao time. A melhor forma, segundo Milar, seria fazer o clube dar um salto de qualidade e passar a disputar lugar de honra no futebol brasileiro. Estava tudo pronto: família em Pelotas, negócios estabelecidos. Milar morreu na noite de quinta-feira, a 81 dias de fazer 35 anos. Seus planos e sonhos para o Brasil estão nesta entrevista, que a Coluna repete na edição impressa de Zero Hora e no blog. É um exemplo de como Claudio Milar estava ligado emocionalmente ao clube e à torcida. Uma espécie de testamento.
É verdade que você está pensando em ser presidente do Brasil no futuro?
Claudio Milar - Quando eu parar, sim. Ainda tenho um bocado de tempo como jogador. O Brasil passou a fazer parte da minha vida.
Você imagina parar quando?
Milar - Um dos meus planos é jogar mais uns quatro anos para participar do centenário do clube (2011). Quando a data chegar vou ver como estarei de saúde. Devo chegar sem dificuldade (em janeiro ele tinha 33 anos). Me cuido muito.
Como será o presidente Milar?
Milar - Vou tentar conseguir tudo aquilo que o Brasil merece. Chegar à Série A, ser campeão gaúcho. Levar o time ao que ele busca. A torcida está carente de participar de competições assim.
É possível conseguir mesmo em um mercado carente como o do Interior?
Milar - Acredito que sim. O Brasil precisa manter quatro ou cinco anos de crescimento como vem fazendo há três. Se isso ocorrer, pode chegar às competições nacionais (o Brasil entrou na Série C, se manteve entre os 20 melhores e quase chegou à B). Não é uma tarefa muito fácil por causa das dificuldades econômicas do clube e da região. Terá de conseguir recursos para formar um grande time, pagar folha mensal mais alta e subir de patamar. Mas precisa seguir organizando pela base.
Como você explica esta ligação profunda com os torcedores do Brasil?
Milar - Acho que por ter conseguido entender os torcedores. Eles são fanáticos pelo clube, a primeira paixão deles é o Brasil. Isso acaba passando para os jogadores, e eu, por ser profissional, de sentir a camisa, de jogar com eles, isso acabou me identificando com torcedores. Este tempo de clube construiu uma relação muito boa entre torcida e eu. Virou paixão entre as duas partes. Hoje, jogo com sentimento.
Você inclusive já está formando patrimônio para permanecer em Pelotas?
Milar - Sim, comprei uma casa na cidade e uma área de campo a 40 quilômetros de Pelotas. Virei pelotense.
Nesta área, você já produz?
Milar - Sim. Tem 22 hectares, em três deles plantei 6 mil pés de amora. Pretendo duplicá-la logo. Toda a produção eu vendo por aqui mesmo. É algo que me fascina, gosto muito de ir para o campo nas folgas.
Sua mulher é daí mesmo?
Milar - Não, ela é do Chuy, como eu. Foi minha primeira namorada. Ela (Carolina) me acompanha desde 1997. Esteve comigo em todos os lugares em que trabalhei, Tunísia, Israel, Polônia, Rio, São Paulo, em muitas regiões. Agora, em Pelotas, mais sossegados, resolvemos ter o filho (Agustin, dois anos e meio em janeiro de 2008, mês da entrevista).
Jornalista desde abril de 1970, formado pela Ufrgs em 1971, catarinense de Criciúma, onde nasceu no distante 27 de setembro de 1948. No blog, como tem acontecido até agora, você não verá apenas futebol, mas um olhar também sobre os outros esportes, além de um bom espaço para debate.
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