Por questão de princípios, sou contra viradas de mesa e quebras de regulamento. No futebol, nas eleições ou qualquer setor da sociedade. Regras existem para ser cumpridas. Só devem ser modificadas quando se tornam anacrônicas. Jamais por mero casuismo.
Logo, fica evidente que não concordo com a anunciada abertura de uma vaga na Libertadores da América para o campeão da atual Copa Sul-Americana. O prêmio só faria sentido se anunciado antes da competição, para o conhecimento de todos os participantes. Ou se se for anunciado para valer apenas a partir do ano que vem, o que também atende o princípio do conhecimento prévio pelos disputantes.
A idéia em si não é ruim. Tem tanto tanto time perna de pau que disputa a primeira fase que não seria absurdo algum incluir entre os 32 participantes o vencedor da competição continental do segundo semestre. Ao mesmo tempo, tornaria a Sul-Americana mais atraente.
Por pensar assim, fico inteiramente à vontade para criticar a declaração do dirigente gremista André Kriegger de classificar como "traição da Conmebol" a eventual mudança de regras. É que seu clube não apenas já foi beneficiado por uma grande virada de mesa como trabalhou intensamente para que ela ocorresse.
Foi em 1991, logo após o primeiro rebaixamento à Segunda Divisão. O então presidente Rafael Bandeira dos Santos, com o apoio do finado presidente da FGF, Rubens Hoffmeister, convenceram Ricardo Teixeira e a CBF a alterar as regras da segunda divisão para 1992.
Em vez de subirem dos times, ficou estabelecido que o acesso beneficiaria 12 equipes. O fato foi decisivo para o retorno imediato do Tricolor à elite. Mais do que isso, para evitar o termo segunda divisão, Bandeira conseguiu alterar inclusive o nome oficial da competição, que passou a ser chamada de Divisão Intermediária.
Ainda que os dirigentes fossem outros, a instituição é a mesma. Assim, penso que não fica bem para o representante gremista reclamar agora de um expediente que já favoreceu seu clube no passado.
Como ensina o ditado, quem tem telhado de vidro não atira pedra no vizinho.´
Atualização - 20h07 - Já vi pelos primeiros comentários que, espertamente, alguns internautas estão tentando distorcer os fatos, alegando que a alteração na segundona de 1992 ocorreu antes dela começar.
Pelo mesmo critério, então, não cabe qualquer queixa contra uma eventual alteração na Libertadores 2009. Afinal, a mudança também seria feita antes dela começar.
Por favor, amigos, vamos debater sem a cegueira do passionalismo. Em 1992, não teria sido virada de mesa se a mudança houvesse ocorrido antes do Brasileirão de 1991.
Todos que entraram nessa competição sabiam que o acesso e o descenso envolviam dois clubes de cada divisão.
Exatamente como agora, na Copa Sul-Americana, que iniciou sem qualquer referência de que o campeão poderia ganhar vaga na Libertadores.
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