Foto: Fernando Ramos |
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Para um povo que vive, em sua maioria, mergulhado na miséria, a morte pode significar o alcançar da dignidade. É no momento em que a vida deixa o corpo que o haitiano ganha direito de ser esticado em um local confortável, o que talvez nunca tenha conseguido fazer em vida. As famílias costumam pagar preços altos pela tradição de cultuar os mortos. Os caixões podem chegar a até 9 mil dólares. A cerimônia fúnebre é como uma grande festa. Tem banda de música ao vivo e o tempo de duração do funeral varia de acordo com o bolso da família. Há velórios que duram horas. Outros podem chegar a até 60 dias.
A regra é velar o morto o tempo em que o dinheiro permitir. Há famílias que se endividam para pagar grandes funerais. A grande maioria. Todos querem fazer a melhor homenagem para seu morto. Acreditam os haitianos que, diante de um grande funeral, o espírito do morto vai para um “local bom”. Caso contrário... No preço do funeral, está incluído até mesmo um book de fotos do morto e uma fita de vídeo com as cerimônias.
O enterro também é diferenciado. Não raros são os cemitérios familiares, erguidos nos pátios das casas. E também não raros são os cemitérios melhores que as casas. Jazigos erguidos em cimento e pedra, com pintura retocada, contrastam com casebres feitos de qualquer material que possa ser encontrado. Até mesmo folhas secas são usadas como cobertura. As mesmas folhas que cobrem as casas dos vivos, são apenas detalhes jogados pelo vento sobre os jazigos. E ajudam a aumentar ainda mais os contrastes.
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