DO CADERNO DONNA DESTE DOMINGO
Se Porto Alegre fosse uma atriz, seria uma pelotense que há mais de meio século mora entre o Rio e São Paulo. Se Porto Alegre fosse uma banda, seria um grupo que começou na tchê music, mas hoje se apresenta como uma banda sertaneja e faz 90% dos seus shows fora do Estado. Se Porto Alegre fosse um
atleta, seria uma ginasta que também mora fora da cidade, em São Paulo.
As preferências apontadas acima são resultado de uma pesquisa realizada pelo Núcleo de Inteligência e Planejamento da agência de publicidade DCS em parceria com a Segmento. Estilo Próprio teve acesso ao material que começou
a ser produzido em maio deste ano, ouvindo 400 pessoas em 70 bairros.
— Queríamos ir além, entender o ponto de vista do porto-alegrense que fala da cidade e também como ele sente em relação a ela — explica Gilberto Della Giustina, diretor de planejamento da DCS.
Para quem ainda não matou a charada dos personagens do início deste texto, a atriz que tem a cara de Porto Alegre é Glória Menezes — neste mês ela completou 50 anos de carreira. A banda é a Tchê Garotos, com sede em São
Paulo, 13 álbuns, cinco discos de ouro e cujo estilo passou da tchê music com
uma levada de axé para o sertanejo com boa pitada de vanerão. A atleta é a
ginasta Daiane dos Santos, desbancando ídolos da dupla Gre-Nal.
Ilustração Ruben Yuga, Especial
A personalidade mais perplexa com o resultado da pesquisa foi a atriz Glória Menezes, que deixou Pelotas aos seis anos.
— Me surpreendi totalmente — disse ao telefone, com voz engasgada. — Mas talvez eu mereça mesmo, porque tenho muito amor por Porto Alegre.
Paixão em parte correspondida durante sua mais recente performance no Theatro São Pedro. Ao fim do espetáculo, entre palmas e agradecimentos,
Glória ouviu um grito vindo das galerias: “Nós sentimos muito orgulho de ti”.
— Aquilo ecoou pelo teatro — relembra.
Reconhecimento em premiações não é novidade para a banda Tchê Garotos, vencedora três vezes do Top of Mind. Mas Markynhos Ulyian, o gaiteiro, ficou faceiro, principalmente por este não ser o momento de maior exposição dos garotos por essas paragens.
— Entramos muito forte no sertanejo e nossa estrutura é toda em São Paulo. Estou me mudando para lá — conta.
Na opinião de Della Giustina, coordenador da pesquisa, não existe surpresa em eleger o Laçador como o monumento símbolo da cidade — ele foi o vencedor com 76% dos votos, deixando com apenas 7% o segundo colocado, o Monumento ao Expedicionário — o que inspirou a arte da capa do caderno. Della Giustina surpreende-se, sim, com a escolha de Daiane dos Santos como atleta, e não com a de um jogador de futebol:
— É uma aposta na garra, na superação pessoal. O gaúcho gosta disso, de quem não enxerga o impossível e vence, se internacionaliza — analisa.
Longe da cidade natal há quase 10 anos, Daiane espantou-se com o resultado:
O gaúcho gosta da garra, da superação pessoal, de pessoas que não enxergam o impossível e vencem Gilberto Della Giustina, diretor de planejamento da DCS
e coordenador da pesquisa
— Nossa, tem muita gente boa de Porto, o Ronaldinho, o João Derly...
Hoje, a ginasta é atleta do clube Pinheiros, em São Paulo, se recupera da lesão
do joelho e voltará a competir em 2010.
— Se fosse comparar Porto (ela sempre se refere à cidade pelo apelido) com
outras cidades, acho que as ruas ainda mantêm um ar de cidade pequena, apesar do crescimento.
Esse ar de Interior com perfume cosmopolita é também a explicação de
Elson Furini, um dos donos da churrascaria Barranco, avaliada como o restaurante que é a cara da Capital.
— Aqui se reúnem todas as tribos, de presidentes (Collor, FHC e Lula estão
na lista) a estudantes. É uma casa simples, mas alegre, sem sofisticação. Acho
que é como o porto-alegrense, bem democrática.
O bairro mais representativo foi o Bom Fim. O músico e escritor Nei Lisboa,
que morou lá, comentou:
— Eu e o Bom Fim nos divorciamos, mas continuamos bons amigos, como uma ex-esposa com a qual a gente se dá bem — esclarece. — O que larguei
do bairro foi a noite. Mas ainda frequento o lado comunitário. É o Bom Fim
do Brique, da Redenção, o bairro que agrega a população como um todo.
É democrático e tem uma localização estratégica — elogiou.
O músico caxiense também opinou sobre outro vencedor: a Redenção.
— Me criei ali, jogava bola, andava. Foi lá a minha primeira vez de muita coisa
— faz suspense.
Um dos grandes estudiosos da cidade é o historiador Sérgio da Costa Franco.
Ele não viu relevância científica na pesquisa e fez críticas à amostragem restrita
e às perguntas.
— Mas e para o senhor, qual é a cara de Porto Alegre? — quis saber a coluna.
— A sua pergunta é mal composta. Não se pode caracterizar uma cidade assim. São inúmeros aspectos. Um dos mais gritantes, para mim, é a rivalidade do
Gre-Nal, algo que nunca foi muito estudado. Que fenômeno é esse que nos
faz nascer já gremistas ou colorados?
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Fernanda Zaffari nasceu há 32 anos em Porto Alegre, mas se sente natural de Erechim. Atuou em diversos veículos do Grupo RBS, entre eles RBS TV, Canal Rural e Rádio CBN. Hoje é colunista de Zero Hora, apresentadora da TVCOM e comentarista da Rádio Gaúcha. Fale com a colunista:
fernanda.zaffari@zerohora.com.br
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