Anne Hathaway como Jane Austen em cena do filme Amor e Inocência. Foto: Divulgação
Não restam grandes livros de Jane Austen a serem adaptados para o cinema. Depois do belíssimo filme Orgulho e Preconceito (o melhor livro e a melhor adaptação na opinião desta que vos escreve), de Razão e Sensibilidade, Emma e até Mansfield Park, esgotou-se a leva mais conhecida da obra da escritora. Tirando adaptações feitas para TV, faltariam superproduções apenas para os ainda mais obscuros A Abadia de Nothanger e Persuasão (se valer citação, este foi mencionado no água-com-açúcar A Casa do Lago, com Sandra Bullock).
Então, surge nas prateleiras da locadora o DVD Becoming Jane, que aqui no Brasil, seguindo o hábito das traduções incompreensíveis, foi batizado de Amor e Inocência: uma versão para lá de romanceada da juventude da autora. Não é um filme inesquecível nem chega perto de Orgulho e Preconceito (2005), de Joe Wright (eu avisei que era fã), mas reproduz com graça a atmosfera de Austen e das idiossincrasias da sociedade britânica do século 18. Para quem é fã, há o atrativo extra de identificar as citações. Além das literais - na história, Jane, interpretada por Anne Hathaway, começa a escrever Orgulho e Preconceito e Razão e Sensibilidade e acompanhamos a criação de trechos conhecidos das duas obras - há aquelas mais sutis. A Jane da tela assemelha-se à personagem Elizabeth Bennet, e seu amado é um misto do nobre e orgulhoso Fitzwilliam Darcy com o conquistador Wickham. Mas essas são apenas algumas das referências, e o DVD lista outras como bônus.
Está lá inclusive a manjada explicação de por que Jane Austen sempre brindou seus personagens com finais felizes.
Um registro histórico e literário? Longe disso. Mas um convite aos fãs da escritora para perambular por seu mundo por duas horas em uma produção de roteiro previsível, mas atenta aos detalhes e fiel ao espírito irônico, crítico e romântico de Austen. Ao menos da Jane Austen que julgamos conhecer.
A propósito: há pelo menos outros dois lançamentos austinianos previstos para cinema. Sense and Sensibilidad é uma adaptação contemporânea, ambientada em Los Angeles, e Jane Austen Handheld, mais uma versão para Orgulho e Preconceito. A conferir.
Ah, uma última observação. Vai abaixo o textinho sobre o filme que o nosso colega Marcelo Perrone, crítico de cinema e um dos titulares do blog Primeira Fila, escreveu para uma recente página com os destaques em lançamentos de DVD:
Esta cinebiografia de Jane Austen conta a história da escritora britânica com a mesma estrutura narrativa dos célebres romances da autora de Orgulho e Preconceito e Razão e Sensibilidade, entre outros. Curiosamente, Jane (Anne Hathaway), que fez de suas heroínas apaixonadas personagens clássicas, nunca se casou. Mas presume-se que, por volta de 1795, ela tenha se interessado por um jovem estudante irlandês (James McAvoy). Amor e Inocência (Becoming Jane, EUA 2007) mostra os percalços dessa relação - frustrada pela interferência da família dela —, que teria inspirado Jane na sua futura criação literária.
Bendito o que semeia livros. Quase não tínhamos livros em casa. Deus o livro, livrai-nos do mal. Neste espaço, o editor de livros de Zero Hora, Carlos André Moreira, partilha com os leitores informações, comentários, curiosidades, dicas, surpresas, decepções, perguntas, dúvidas, impressões, indiferenças e todas as outras tantas sensações proporcionadas pelos livros e pela leitura, esses prazeres tão secretos que merecem ser compartilhados.
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