Lya na sala de sua casa. Foto: Daniel Marenco
Em 2008, Lya Luft se tornou uma septuagenária. Mas a sua maneira. Aos 70 anos, Lya Luft autografa hoje na Feira O Silêncio dos Amantes, um retorno à ficção para adultos e aos contos. A seguir, a escritora comenta seu mais recente livro, anuncia novos títulos e, apesar de recusar o saudosismo, faz um balanço de sua trajetória literária.
Passado
Durante a entrevista realizada na sala de seu apartamento no Bairro Boa vista, Lya comentou:
— Livros não se medem pelo tamanho da fila, pelos prêmios que recebem nem pela tiragem. Os livros se medem pelo que vai ser deles daqui a 10 anos.
Então veio a pergunta:
— Como a senhora avalia seus livros, passados 10, 20, 30 anos de seu lançamento?
— Em cada livro, eu fiz o melhor que podia naquela hora e naquela circunstância. Nunca fiz um livro relaxado, por dinheiro, por pressão, por pressa ou por tédio. Sempre fiz por prazer. Tenho um grande respeito pelo leitor e por mim mesmo, reescrevo muito. Busco a simplicidade: quero uma sofisticação simples ou uma simplicidade sofisticada. E acho que está legal. Tenho livros que saíram em 1980, como As Parceiras e Reunião de Família, e que continuam saindo. Tive muito alegria com meus livros, alguns menos, alguns mais, fiz muitas amizades e acho que recebi muito carinho dos leitores e da imprensa.
Presente
— O Silêncio dos Amantes era para ser um livro de ensaios, como Perdas e Ganhos, mas o livro não me apaixonava. E se o livro não me apaixona, não sai direito. Não faço nada sem graça, a não ser pagar conta em banco. E o livro não saía... Depois, achei que poderia ser um romance e escrevi umas 60, 70 páginas. Mas um dia literalmente acordei na minha cama e compreendi: o livro era de contos. Então, ao contrário do que normalmente se faz, escrever um conto, meio ano depois outro, até ter contos suficientes, estes foram escritos como capítulos de romance. Mas são contos. Essas coisas meio misteriosas que acontecem e não têm muita explicação. E por isso são legais.
Futuro
— Acabei de entregar para a editora um novo livro infantil, que escrevi junto com meu filho, Eduardo Luft, que é professor de Filosofia da PUCRS. A idéia é começar a introduzir filosofia para a criança e para o adolescente. Claro que não filosofia no sentido de Sócrates e Platão, mas de fazer pensar. Esse é o grande desafio para família e escola neste mundo tão maravilhoso e terrível: dar a crianças e jovens a arma do discernimento. O livro se chama Criança Pensa, está sendo ilustrado pela minha filha (Susana) e deve ser lançado em março. Depois, o Eduardo e eu estamos lançando outro para adolescentes
Bendito o que semeia livros. Quase não tínhamos livros em casa. Deus o livro, livrai-nos do mal. Neste espaço, o editor de livros de Zero Hora, Carlos André Moreira, partilha com os leitores informações, comentários, curiosidades, dicas, surpresas, decepções, perguntas, dúvidas, impressões, indiferenças e todas as outras tantas sensações proporcionadas pelos livros e pela leitura, esses prazeres tão secretos que merecem ser compartilhados.
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