Foto: Divulgação, FIVB |
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Desisti do vôlei masculino do Brasil no jogo desta madrugada quando a Rússia anotou 17 a 14 no quarto set. Desisti neste jogo, por hora, porque a postura da equipe dentro de quadra foi exatamente esta: a de desistentes. E olha que a Rússia não jogou tudo o que poderia, entregou incontáveis pontos em erros de saque e o Brasil não soube aproveitar.
Não entendi o porquê da tardia substituição de Dante por Giba, só quando estava 19 a 16 para os russos neste decisivo quarto set. Outro ponto em que a Rússia deu aula: maleabilidade. Souberam mudar a tática sempre em tempo de surpreender o Brasi. Ah, o Brasil? Manteve os mesmos erros desde o primeiro set, insistiu com as mesmas jogadas e caiu na rede.
A arbitragem foi um capítulo à parte. O auxiliar chinês deu pelo menos três pontos para a Rússia, que resultaram ainda num cartão amarelo para Gustavo e numa bronca de Bernardinho. Passado o desabafo, vamos à análise set a set.
1o set: Brasil 25 x 22 Rússia
O Brasil entrou em quadra aguerrido. Os dois times estavam equilibrados, com troca de pontos. A vantagem brasileira chegou aos quatro pontos no 19 a 15 e aos cinco no 21 a 16. Palmas para André Nascimento que, deste o início da partida, demonstrava que seria o grande nome do jogo pelo lado verde e amarelo. O time também foi melhor na variedade de pontos anotados, com cinco excelentes bloqueios diferenciais e dois pontos de saque. Lamentações à quantidade de erros e ao mau entrosamento entre Marcelinho e os ponteiros. A coisa simplesmente não funcionou.
2o set: Brasil 24 x 26 Rússia
O jogo foi equilibrado desde o início. Murilo foi melhorando no decorrer do jogo, sobretudo na defesa, mas a ponta ainda deixava a desejar. Faltava tempo de bola ao caçula Endres e também a Dante, que não se sobressaiu nem na defesa nem no bloqueio. O time teve dificuldade na recepção no meio da partida, nos pontos decisivos, mesmo que a Rússia tenha entregago 12 pontos em erros - a maioria em erros de saque - os brasileiros encontravam-se desorganizados em quadra. Murilo deixou de pegar uma cobertura por dúvida se a bola estava fora e a bendita pingou dentro. Instabilidade no lado brasuca e bom aproveitamento dos russos, que marcaram melhor a saída-de-rede e testaram alternativas de ataque com bolas de primeiro tempo para fugir do bloqueio brasileiro. Deu certo.
3o set: Brasil 29 x Rússia 31
Incrível. A Rússia continuou a errar saques mas variou o ataque de forma que o Brasil não conseguiu acompanhar. Foram quatro pontos de bloqueio para cada lado, as demais estatísticas equilibradas, mas o ataque russo certeiro e versátil fez toda a diferença na troca de pontos decisivos que levou o set a ultrapassar os 30 minutos de duração. O Brasil, por absurdo que possa parecer, permaneceu igual. Marcelinho continuou abusando do "dia" de André Nascimento, as bolas na entrada de rede continuavam com pouca efetividade e o meio mal aproveitado, embora André Heller tenha alcançado um bom aproveitamento no ataque. O placar deu a idéia de que teria muito jogo pela frente. Mas o que teve foi muito jogo pelo lado russo somente.
4o set: Brasil 19 x 25 Rússia
Desistente. Foi com esta postura que os jogadores entraram em quadra. O jogo ficou completamente sem graça, ao invés de apresentar disputas ainda mais acirradas. André Nascimento foi marcado e anulado na saída e a ponta... ah, a ponta continuou ruim pra caramba. A expressão dos brasileiros era de tédio. A dos russos, de vitória pela inteligência. Eles foram mais inteligentes em todos os quesitos. Nem Bernardinho se safa dessa. Tardou para colocar Giba no lugar de Dante, achando que o melhor jogador do mundo também carrega nas costas o status de salvador de uma pátria falida. Quando entrou em quadra, o time até deu uma reagida e anotou um ponto com Murilo, demonstrando o impacto psicológico que Giba causa em seu próprio time e nos adversários. Mas não durou muito. A Rússia viu que estava com a vitória nas mãos e não deixou escapar.
E agora?
Agora eles permanecem invictos na chave classificatória, enquanto nós temos que vencer a Polônia (sábado) e a Alemanha (domingo) para garantir um cruzamento razoável, já que, na outra chave (A), Bulgária, EUA e Itália fazem briga de leões para ter um adversário mais modesto nas quartas-de-final.
Espero - eu e o Brasil inteiro - que o time se fortaleça e abuse de seus diversos talentos em quadra para seguirem o caminho da versatilidade russa. E espero mais ainda que possamos acreditar novamente na equipe quando tivermos um próximo clássico pela frente. Ainda há tempo. Ainda há muitas chances. Ainda estamos entre os favoritos. Vamos aparar as arestas e deixar estes surtos de desistência bem longe da bandeira verde e amarela. Isso, definitivamente, não faz o nosso tipo.
Vale lembrar
Na primeira fase, as seis equipes de cada grupo se enfrentam entre si. As quatro primeiras de cada chave vão à próxima etapa. O critério de desempate é o ponto average. Os confrontos na próxima fase serão: 1ºA x 4ºB, 2ºA x 3ºB, 3ºA x 2ºB e 4ºA x 1ºB. A partir das quartas, os confrontos passam a ser eliminatórios até a decisão da medalha de ouro. Os perdedores das semifinais jogam pelo bronze.
Brasil já venceu Egito e Sérvia, perdeu para a Rússia e tem dois duelos pela frente, diante da Polônia, minha favorita à terceira posição, e a Alemanha, que desbancou o Egito (e por pouco não venceu os russos). Favoritos: 1o Rússia, 2o Brasil, 3o Polônia, 4o Alemanha. Se isso se confirmar, o Brasil encara o 3o do Grupo A (provavelmente a Itália).
Na outra chave, a Bulgária venceu Japão e China, a Itália superou a Venezuela e perdeu para os EUA, que, por sua vez, também segue invicto com outra vitória sobre a única sul-americana da chave. Os dois líderes se enfrentam às 11h desta quinta-feira. Favoritos: 1o EUA, 2o Bulgária, 3o Itália, 4o China.
Blogueiros: Luciano Smanioto e Bruna Bernardes Das quadras para a redação. Luciano Smanioto foi ponteiro e jogou vôlei até os 24 anos. Foi parar no jornalismo e neste blog comenta as partidas e as equipes da Superliga Nacional, Liga Mundial, entre outras competições que envolvem o esporte.
Bruna Bernardes jogou profissionalmente como oposta. Largou as quadras em 2006, depois de ter atuado em clubes do Brasil e da Espanha. Foi parar no jornalismo e agora passa a escrever sobre o esporte que acompanha bem de perto desde os 10 anos, quando começou a jogar.
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