Bloqueio da Unisul esteve irrepreensívelFoto: FLÁVIO NEVES |
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As semifinais da Superliga masculina de vôlei começaram de forma surpreendente: quem jogou em casa, perdeu. Claro que não dá pra chamar de "zebra" as vitórias do Minas e da Unisul diante de Ulbra e Cimed. São quatro grandes equipes e qualquer resultado pode acontecer. O que chama a atenção é o fato de os dois melhores times da fase classificatória terem perdido o primeiro jogo decisivo dentro de casa. Costuma fazer a diferença jogar naquele palco em que os jogadores já estão acostumados a atuar, onde treinam e conhecem todas as referências, e ainda contam com apoio da torcida.
Não vi o jogo em Canoas (RS), onde o tetracampeão Minas aplicou 3 sets a 0 (26/24, 25/20 e 25/22) na Ulbra, apontada como o time de melhor elenco da Superliga. Confesso que esperava um equilíbrio maior. Esperava até dois jogos com cinco sets. E os dois acabaram mais cedo.
Já o duelo catarinense eu vi, ao vivo, no abarrotado Ginásio Saul Oliveira. Tinha muita gente assistindo ao jogo em pé, inclusive o blogueiro aqui, que se espremeu entre os torcedores para anotar na caderneta os detalhes da partida. Como agrumentou o nosso amigo Eduardo em outro post, não dá pra admitir que Florianópolis não tenha uma arena adequada para receber um duelo desta envergadura. Já estamos na Superliga há oito anos, chegando nas finais, conquistando títulos, e toda temporada é o mesmo drama. O talento dos nossos jogadores é de primeiro mundo; a estrutura, de terceiro. Tudo bem que a torcida catarinense é apaixonada e dá show em qualquer palco, mas Floripa merece uma arena como as de Brusque, Joinville e São José.
Desabafo feito, vamos ao jogo, à grande vitória da Unisul por 3 sets a 1 (25/22, 28/30, 17/25 e 22/25), de virada. A equipe de Joinville precisa de mais uma vitória. Se vencer o segundo jogo, sábado, às 21h45min, no ginásio da SER Tigre (o Cau Hansen não pode ser utilizado, infelizmente), carimba a vaga na final da Superliga. Se a Cimed vencer, a decisão vai para um terceiro jogo, terça-feira à noite, novamente em Florianópolis.
PRIMEIRO SET
Antes mesmo do primeiro saque, já foram marcados os dois primeiros pontos. Não vi a origem da discussão entre o técnico Giovane Gávio e o central Henrique, só vi o bate-boca junto à rede, apartado pelo técnico Marcos Pacheco. Giovane não gostou de alguma bola disparada pelo jogador da Cimed durante o aquecimento de saque e reclamou com o treinador adversário. Henrique foi tirar satisfação e os dois bateram boca. A arbitragem acompanhou a discussão e a primeira atitude do árbitro foi chamar os dois capitães e mostrar os cartões amarelos para o central da Cimed e o treinador da Unisul. Aí, a situação inusitada. Na rotação (cada cartão vale um ponto para o adversário, que assume o saque), o central Éder não pôde ser substituído pelo líbero Mário Júnior e, como o time da Unisul não é bobo nem nada, foi nele o primeiro saque e ele fez a primeira recepção da partida, coisa que um central raramente faz. Mas ele fez bem, foi melhor que o restante do time, que passou muito mal neste primeiro jogo da semifinal. O saque também ficou abaixo da média. A exceção foi o primeiro set. Aí sim, entrou bem e complicou a recepção da Unisul. Tanto que o levantador Sandro, que seria eleito o melhor jogador em quadra (aliás, no outro jogo o levantador Rafinha também foi eleito o melhor na vitória do Minas, o que demonstra a importância dos levantadores para suas equipes; eles jogam bem, o time vence), teve que abusar das bolas altas pelas pontas. Menos mal que Leozão estava em noite inspirada e comandou o time no primeiro set. Só não foi suficiente para vencer a parcial, conquistada pela Cimed em um saque de Éder.
SEGUNDO SET
A importância dos fundamentos. Sabem quantos saques a Cimed errou no primeiro set? Um só. Venceu. E quantos errou no segundo? Foram 8. E perdeu. Do outro lado, o bloqueio da Unisul continuou marcando muito bem os atacantes da Cimed. Foram 8 pontos de bloqueio só nos dois primeiros sets; 11 no total. Mas o set começou como terminou o primeiro, com a Cimed na frente. Com os saques dos dois times sem muito efeito, os ataques começaram a aparecer. A Cimed parou de errar contra-ataques, como aconteceu muito na primeira parcial, e mandou no jogo. Até que o saque do cubano Roca mudou o rumo da partida. Foi ele quem recolocou a Unisul no jogo. A Cimed vencia por 16 a 13. Aí, com um ponto de saque e três de bloqueio, o time de Joinville virou e passou a comandar o set. No finalzinho, os treinadores começaram a trabalhar. Giovane Gávio apostou na inversão do 5 e 1 para aumentar o bloqueio na rede, no 21x21, e manteve os reservas em quadra. Uma aposta arriscada que por pouco não custou o set. Em um bloqueio em cima do oposto Robertão, a Cimed, que passou à frente no 24x23. Marcos Pacheco também havia aumentado a altura da rede com a inversão do sistema de jogo, mas assim que a Unisul virou, voltou com os titulares. Com os dois times nervosos e errando muito, as chances de fechar o set foram escapando até que um erro de recepção da Cimed deu a vitória à Unisul em empolgantes 30 a 28, em mais de 35 minutos.
TERCEIRO SET
A derrota no segundo set desanimou a Cimed e entusiasmou a Unisul. O cubano Roca, com seu saque eficiente e uma técnica impressionante no fundo de quadra, foi comandando a Unisul. A Cimed se "desligou" do jogo. A apatia era tamanha que os jogadores tomaram uma bronca do técnico Marcos Pacheco no primeiro tempo técnico, quando os visitantes já abriam quatro pontos de diferença. Vantagem que só foi aumentando no decorrer do set. O passe não entrava, Thiago Alves e Bruninho fizeram uma partida ruim. Ambos saíram no segundo set, mas nem o ponta Kid e nem o levantador Moreno conseguiram dar jeito no time.
QUARTO SET
Kid até tentou empolgar os companheiros no início do quarto set. Virou boas bolas, fez dois bloqueios em cima de Leozão, o atacante mais efetivo da Unisul, e a Cimed até tentou reequilibrar o jogo. Só que, tanto individualmente quanto coletivamente, a equipe de Joinville estava em uma noite muito melhor e fechou o jogo sem muitos problemas em um erro de Evandro.
Blogueiros: Luciano Smanioto e Bruna Bernardes Das quadras para a redação. Luciano Smanioto foi ponteiro e jogou vôlei até os 24 anos. Foi parar no jornalismo e neste blog comenta as partidas e as equipes da Superliga Nacional, Liga Mundial, entre outras competições que envolvem o esporte.
Bruna Bernardes jogou profissionalmente como oposta. Largou as quadras em 2006, depois de ter atuado em clubes do Brasil e da Espanha. Foi parar no jornalismo e agora passa a escrever sobre o esporte que acompanha bem de perto desde os 10 anos, quando começou a jogar.
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