Bruno ainda escuta críticas por ser filho do treinador da Seleção, BernardinhoFoto: Flávio Neves |
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Falei com o Bruno, levantador da Seleção Brasileira, esta tarde, no ginásio Capoeirão, antes de mais um treino da Cimed. Fui fazer matéria com ele pro jornal Diário Catarinense desta terça-feira. Tava bem, mas ainda um pouco chateado com a lesão na mão, que o tirou do Sul-Americano. Vai ter que ficar mais duas semanas, pelo menos, com o punho da mão direita imobilizado, para só então fazer uma tomografia e ver como está o osso fraturado. O osso fraturado, o trapezóide, é ainda mais importante para o levantador, porque ele ajuda no "molejo" no movimento do toque.
Bruno dificilmente vai poder jogar o torneio que a Cimed disputa no início de setembro, diante de Minas, Sada Cruzeiro e UCS, entre os dias 3 e 6 de setembro, aqui em Floripa. Acho que o Thiago Alves, o Lucas e o Eder, jogam. Thiago deve chegar mais cedo, mas Lucas e Eder só chegariam em Floripa na noite de quarta-feira. A reapresentação na Seleção Brasileira só deve acontecer na segunda quinzena de setembro, quando o Brasil faz amistosos com a Seleção dos Estados Unidos.
Vou listar abaixo alguns trechos da entrevista com o Bruno que não estarão no jornal desta quinta-feira.
Bernardinho
Eu fiz uma pergunta ao Bruno crente de que a resposta seria outra. Perguntei se ele ainda escuta críticas por ser "filho do treinador", Bernardinho. Achei que tudo o que ele já fez, na Cimed e agora como titular da Seleção Brasileira, já tinha sido o suficiente para que as pessoas entendessem que ele só foi convocado porque é bom pra caramba, e não porque é filho do treinador. Achei que esse preconceito já havia acabado. Pra começar, nem deveria ter existido! Eu entendo que o momento das primeiras convocações, em função do desentendimento do treinador com o antigo titular, o genial e temperamental Ricardinho, proporcionava esse tipo de comentário, ainda que injusto. Mas hoje? Três anos depois? Quatro vezes o melhor levantador da Superliga, com partidas sensacionais na última Liga Mundial, comandando um time em renovação, não é credencial suficiente? É triste que o Bruno ainda sofra esse tipo de pressão. Dá pra sentir que isso incomoda ele, e não poderia ser diferente, lógico que incomoda! Já pensou você treinar, treinar, treinar, sempre com dedicação máxima (e quem diz isso não sou eu, são as pessoas que treinam com ele), ser o melhor da sua posição no seu país, ser campeão de uma competição internacional com a seleção do seu país, e ainda assim tem gente que não acha que você fez tudo o que fez por méritos próprios? É triste!
Acompanhem o que ele disse sobre isso:
Bruno _ Vai ser impossível desvincular. Sempre vai existir alguma coisa. Se algum dia ele (o pai, Bernardinho) sair da Seleção, talvez as pessoas parem um pouco de falar disso, porque se eu for convocado por outro treinador, aí não tem mais como falar. Mas eu já ouvi tanta coisa, e ainda escuto.
Blog _ Ainda? Você ainda escuta esse tipo de coisa?
Bruno _ Sim, escuto. Ganhei quatro vezes como melhor levantador da Superliga, aí eles falam: "ah, mas tem conchavo, lá, com a Confederação". Não adianta. Tem gente que ainda fala, é minoria, mas eu não posso fazer nada. Tenho que continuar fazendo o meu trabalho. Todo mundo que está aqui sabe o quanto eu me dedico, o quanto todos nós nos dedicamos aqui, e eu só tenho que agradecer aos meus companheiros que sempre me deram força. Quando eu cheguei na Seleção, era um momento complicado para mim e os caras lá sempre me ajudaram, sempre estiveram do meu lado. Eles me diziam: "você tem potencial para estar aqui, então faz o teu trabalho e esquece o resto".
Blog _ E isso te incomoda, tanto quanto antes, ou menos, agora?
Bruno _ É difícil não incomodar, mas é bom, é combustível, dá mais motivação para você trabalhar e mostrar que você merece. Mesmo assim ainda tem alguns que vão continuar falando, mas deixa para lá...
A experiência na Seleção
Perguntei sobre a adaptação ao tempo de bola dos jogadores da Seleção Brasileira, que costuma ser a parte que mais de um levantador em fase de entrosamento com o restante do grupo.
Bruno _ Isto vem com o treinamento, mesmo. Aqui na Cimed a gente tem uma facilidade porque a gente já está há três anos juntos, praticamente com o mesmo time, e é um ponto forte nosso. Na Seleção, a gente sabe que a gente também precisa disso. Foi o primeiro ano dessa, digamos assim, "nova geração", com alguns jogadores mais experientes. E a gente cresceu muito, principalmente na fase final da Liga Mundial. E a gente precisa ganhar. Qualquer experiência é importante. Temos alguns amistosos em setembro, contra os Estados Unidos, e temos que aproveitar ao máximo para juntar o time e fazer com que a gente consiga crescer ainda mais.
Respondendo a pergunta do nosso colega Chico Vargas, da TVCOM, sobre a Liga Mundial:
Bruno _ A gente passou por muitas coisas. A Liga Mundial é um torneio muito complicado, você viaja muito, são dois meses, com jogos todos os finais de semana. A fase final com grandes equipes, pegamos Cuba, Argentina, Rússia, Sérvia, então. A experiência de jogar uma final fora de casa, com torcida contra, isso aí conta bastante. E a motivação: sempre quando você ganha, você volta com mais vontade, querendo, de alguma maneira, continuar neste caminho, e eu tenho certeza de que a gente vai buscar isso aqui na Cimed.
Lesão
A tristeza de não poder jogar o Sul-Americano após a lesão na mão.
Bruno _ Foi triste, nos primeiros dois dias eu estava bem chateado. Quando você está em um momento bom, depois de uma Liga Mundial, muito motivado para querer jogar ainda mais, melhorar, evoluir, a gente precisa mesmo entrosar cada vez mais o time, e acontece isso. Mas contusão faz parte da vida do atleta. E agora é ter paciência para quando voltar estar bem calcificado o osso e eu não ter nenhum tipo de dor.
Após acompanhar o time durante o Sul-Americano, na Colômbia, Bruno fará a recuperação da lesão aqui em Florianópolis.
Bruno _ Vou ficar aqui direto. Lá na Colômbia continuei malhando, trabalhei a parte física, e tudo mais. Só mesmo o trabalho com bola, ainda mais o braço direito, se fosse o esquerdo, daria para sacar, fazer alguma coisa, mas como é o direito, não dá.
Blogueiros: Luciano Smanioto e Bruna Bernardes Das quadras para a redação. Luciano Smanioto foi ponteiro e jogou vôlei até os 24 anos. Foi parar no jornalismo e neste blog comenta as partidas e as equipes da Superliga Nacional, Liga Mundial, entre outras competições que envolvem o esporte.
Bruna Bernardes jogou profissionalmente como oposta. Largou as quadras em 2006, depois de ter atuado em clubes do Brasil e da Espanha. Foi parar no jornalismo e agora passa a escrever sobre o esporte que acompanha bem de perto desde os 10 anos, quando começou a jogar.
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