Foto: Ricardo Duarte |
Yuri Gagarin eternizou a frase: a terra é azul, quando o homem, pela primeira vez, viu o planeta do espaço. Há 11 anos, Santa Catarina havia perdido esta cor, que transitou por matizes alvinegras, amarelas, verdes e vermelhas. Hoje, com uma chuva de gols, no tempo normal e na prorrogação, o Avaí restabeleceu a ordem natural imposta pelo universo revelado pelo astronauta russo: cravou seu azul imponente como cor oficial do Estado. Fez 3 a 1 no tempo normal e 3 a 0 na prorrogação, diante de uma incrédula Chapecoense. Garantiu o 14º título catarinense ao azurra. Elite que se preza, chega na Série A com título regional. Assim, fez o Avaí.
Dimensão interplanetária, merece festa padrão Fifa. Disso, a RBS cuidou. Quando o diretor geral e institucional da empresa em SC, Marcos Barboza, entregou a taça ao capitão Marquinhos, o clima de Liga dos Campeões já estava instalado. Pela primeira vez, uma cerimônia de entrega de troféu teve a organização nos moldes europeus. O presidente da FCF, Delfim Peixoto Filho, por alguns minutos, posou de Joseph Blatter.
A torcida, civilizadamente, nas arquibancadas, comemorava; o canhão, com papel picado, emprestava o cenário para câmeras fotográficas e televisivas se deleitarem; e os atletas avaianos, claro, completavam este ciclo para lá de vitorioso na história do clube. A volta olímpica, sob fogos de artifício, foi apoteótica.
Um jogo, 120 minutos para entrar na história. De que adianta uma campanha vitoriosa para terminar vice-campeão? Na cultura brasileira, nada. Os mais de mil bravos torcedores do Oeste que vieram à Ressacada, viram um time lutador, interessado, corajoso, bem ao estilo que consagra o futebol daquela região. Mas, desta vez, sucumbiram às garras do Leão. “Não é mole não, na Ressacada ninguém ganha do Leão”, é a rima que adora a torcida do Avaí”.
Para mantê-la fidedigna, havia uma decisão de título no meio do caminho. A quarta na Bombonera catarinense. As três anteriores, duas pelo título máximo regional, uma pela segundona, todas foram vitoriosas. Como segurar uma torcida ensandecida, um time de alto nível, organizado pelo técnico Silas, um ídolo de uma nação?
O treinador visitante, Ovelha, um especialista no seu terreiro, bem que tentou. Seu time até saiu na frente, gol de Rômulo, aos nove minutos. Sob céu de brigadeiro, celeste como exige uma tarde/noite que se pintaria de azul, o jogo foi emocionante o tempo todo. Cada personagem avaiano resolveu aparecer para afastar a zebra. Primeiro, o iluminado Evando. Com lançamento primoroso de Marquinhos, aos 31 minutos, ele empatou. A virada veio com Leo Gago, no segundo tempo, de falta, aos cinco minutos.
Faltava Marquinhos mostrar que nunca foi e nunca será Amarelão. Já havia feito o lançamento. Sacramentou, com um golaço, aos 34 minutos, o 3 a 1.
Aí, veio a prorrogação. Sim, nada na vida do Avaí é simples. Nada é conquistado sem suor e lágrimas. O Avaí defendia o Litoral contra o ataque feroz do Oeste. Sob sua responsabilidade, estava a honra do povo açoriano, contra o poderio dos descendentes gaúchos. Sem dó, sem piedade, o Avaí despejou três gols no visitante: Marquinhos, Lima e Ferdinando fizeram as honras.
As 13 estrelas no peito pesaram na “hora do vamos ver”, não estavam lá à toa e, agora, a 14ª se faz presente comunicando a todos, o que Luiz Henrique Rosa eternizou num dos mais belos hinos do futebol mundial: “Avaí meu Avaí, da Ilha és o Leão; Avaí meu Avaí, tu já nasceste campeão.”
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