Decepção de todos no estádio. Homens, mulheres e, principalmente as crianças, unidos no sofrimentoFoto: Ricardo Duarte |
É na tragédia, na adversidade, que se forja uma nova realidade. É assim que, neste domingo triste para o Figueirense, renasce o Figueirense.
Sim, este clube que por sete anos consecutivos habitou a elite do futebol brasileiro, com naturalidade diga-se de passagem, vai fazer um pit stop na Série B.
Esta passagem que, quem conhece o clube, sabe ser breve. Servirá para depurar erros graves cometidos este ano no departamento de futebol.
Contratações que não estavam à altura do clube que, justamente, se notabilizou por saber, como poucos, garimpar no mercado bons nomes.
O alvinegro, transformador de lata em ouro, hábil em achar valores num mercado inflacionado e fazendo-os integrar a vitrine do futebol brasileiro, errou o alvo feio desta vez.
O clube que ainda é o atual campeão da Copa São Paulo de Futebol Júnior, também capitulou no quesito valorização da base. As jovens apostas ficaram adormecidas, sem o uso oportuno e/ou adequado.
Às babadas do departamento de futebol, quando feitas em série, une-se o azar. Claro, companheiro inseparável da inabilidade. Ainda mais no futebol.
Foi assim que Fernandes não tocou na bola e fez do departamento médico sua morada. Que Fabri deu as mãos às lesões e um chega para lá no futebol. Que Marquinho passou grande parte da competição inativo por contusão.
Em meio a tanta falta de nomes no setor de criação, Cleiton Xavier não agüentou a responsabilidade. Teve lampejos de craque, mas afundou com a mediocridade do grupo.
O mesmo vale para Wilson, goleiro com nível de Seleção. Difícil imaginar um profissional desta categoria levando 73 gols num só torneio.
Você já imaginou jogador estreando na última rodada? Peter, alvinegros, estreou contra o Inter. Pode? E os reforços? De fontes absolutamente despropositadas, de clubes sem expressão e sem tradição formadora.
Angústia poucas vezes
vista no Scarpelli
O apito que deu início à partida, não foi um trilo normal. Não soou corriqueiro. Disparou uma torrente de emoções em que estava no Scarpelli, em quem acompanhava pelo pay-per-view, em quem escutava a narração de Luiz Augusto Alano na CBN/Diário, aos que imaginaram o som no Minuto a Minuto disponível no clicRBS e diario.com.
Ver, no primeiro tempo, o Inter aplicar 1 a 0 e os resultados paralelos não colaborando fez tudo mais dramático. E o que dizer do no segundo tempo? Da virada para 3 a 1 e da espera por um golzinho do Santos. Que nunca viria.
Pois é, como vemos não foi só o apito inicial deste jogo tristemente histórico que zumbiu diferente. Cada lance, cada disputa dentro de campo, acompanhado, pelos torcedores, com tensão e com a incessante consulta para saber resultados dos outros jogos.
E o apito final? Este soou dolorido, amargurado, despertou soluços, choro, emoção e uma sensação ruim de algo injusto, porém real, que cresceu definitivamente com o 0 a 0 do Santos diante do Náutico, jogo este que iludiu por mais sete minutos uma nação ainda esperançosa, que aguardava um milagre no estádio.
O Figueira "está" na Série B, mas não "é" Série B. Portanto, alvinegros, este não foi o último apito e, sim, o primeiro de um recomeço. O coração alvinegro segue batendo forte, orgulhoso. Ferido, sim. Vencido, jamais!
PS: Quero fazer menção à participação da torcida do Figueirense. Esta, que foi ao Scarpelli, que lotou o templo alvinegro, que incentivou o jogo todo, e que chorou ao final, é uma das mais belas e apaixonante nações. Nada vai apagar este amor incondicional pelo time, esteja este à altura, ou não.
Para frente, torcida alviengra que, com certeza, será uma das campeãs de público e renda na próxima edição da Série B.
Nota do editor: este texto reproduzo com exclusividade aqui no blog e estará presente na contra-capa do Caderno de Esportes do DC, na edição de amanhã
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