Atualizado às 16h10.
Há tempos isto estava por ocorrer. Infelizmente ocorreu. Um agricultor Sem Terra morreu na desocupação da Fazenda Southall, em São Gabriel. É Elton Brum da Silva, 44 anos. A causa da morte não foi o mal súbito apontado pela Brigada Militar logo após o anúncio da morte. Foi mesmo um tiro.
O delegado de São Gabriel, Laurence Teixeira, está ouvindo tanto agricultores quanto policiais militares que se feriram na ação. Há pouco ele falou ao Gaúcha Repórter e diz desconhecer ainda as circunstâncias da morte.
- Temos que elucidar este crime e reconhecer também o seu autor. Disse o delegado.
De acordo com Nina Tonin, militante do MST, Elton era um agricultor de Canguçu que estava há cerca de dois meses em São Gabriel. Tinha dois filhos.
A governadora Yeda Crusius estava ainda em Porto Alegre quando soube da morte do colono.
— Não é uma notícia boa. A apuração deve ser feita com rigor e de maneira aberta. Declarou Yeda quando participava da inauguração de leitos no Hospital Parque Belém, em Porto Alegre.
O surpreendente e inaceitável é que durante a manhã a Brigada Militar tentou vender à imprensa uma situação de normalidade que não encontra relação com o que agora está sendo desvelado. Os repórteres no local foram mantidos a 500 metros da ação. Distância suficiente para que não pudessem ser testemunhas de um crime (conforme as palavras descritas acima e ditas pelo delegado). Ainda durante o meu programa pela manhã, a corporação informava tratar-se de 'balas de festim". O tiro que matou o agricultor saiu de uma espingarda de caça.
Desde o início da manhã se sabia que o clima era tenso por lá. Trezentos policiais militares foram deslocados para a região para cumprir a decisão judicial de desocupação da propriedade. Os militantes do MST não respeitaram o prazo dado pela Justiça terminado na segunda-feira. O repórter Luiz Eduardo Silva, da RBS TV, acompanhou a saída dos colonos, dominados pelos brigadianos após terem montado uma barricada com pneus.
A luta pela reforma agrária é uma área onde o excesso sempre esteve presente. O saldo principal que fica é o lamento e a tristeza pelas mortes ao longo de conflitos como este. Hoje de um agricultor em São Gabriel, anos atrás de um policial militar em Porto Alegre. Isto é inaceitável. Movimentos sociais e assassinatos não se escrevem com as mesmas letras.
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