Iluminação com milhões de LEDsFoto: Diego De Carli |
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Ou
"O Maior espetáculo já visto"
Aviso: no texto a seguir, alguns fundamentos básicos do jornalismo serão descaradamente ignorados – imparcialidade e isenção, principalmente. A atribuição de adjetivos dá-se em demasia e o conteúdo reflete uma visão estritamente pessoal. Ou não.
É fato: Radiohead é a maior e melhor banda da atualidade, e duvida-se de quem afirma o contrário. Como se não bastasse a qualidade inquestionável do áudio, a banda proporcionou na arena Wuhlheide, em Berlim, um espetáculo visual impecável e sem precedentes. Minimalismos visuais e sonoros fizeram da noite de 8 de julho o evento máximo para algumas das vidas presentes.
Estabelecendo uma tradição de momentos históricos no local, a banda encerrou na arena, cercada por uma vasta floresta, a tour européia de divulgação do aclamado In Rainbows. Para se ter uma idéia, a última vez que o Radiohead lá esteve duas torres ruíram em Nova York. E, na segunda vez, a data não foi menos histórica. O trecho de How to Disappear completely, citado na linha que intitula o que abaixo segue, é o que mais se aproxima de uma definição para as sensações e sentimentos lá transparecidos.
“Sorry about the rain, but it’s a Radiohead gig!”
Como bem disse Thom Yorke, a chuva em nada atrapalhou o espetáculo. Aliás, dada a sincronia da precipitação com o início de algumas canções, parecia mais parte do evento do que obra natureza. Radiohead faz até chover.
Após a apresentação de abertura do Modeselektor – sobre a qual se disserta brevemente um pouco mais adiante –, e após um intervalo de tempo justo para que a estrutura técnica fosse montada, um a um, viu-se subir ao palco os integrantes do Radiohead.
Ed O’Brien assume sua posição na linha de frente, à esquerda do palco, enquanto Jonny Greenwood, oculto não só pela franja, se posiciona discretamente mais à direita. Surgem também Colin Greenwood e Phil Selway, mais ao fundo, e ele, Thom Yorke, com suas calças vermelhas e ar de quem sabe das coisas. Estavam ali, os cinco, a poucos metros de distância, batendo palmas ao ritmo de uma batida que logo se revelaria a faixa de abertura do último trabalho, 15 steps.
Depois de 15 steps, Airbag e There there. Uma seqüência arrebatadora que já fez valer a espera dos que tinham o bilhete para o concerto há mais de seis meses – o aviso sold out era exibido já dois meses antes da grande data. Foram duas horas preenchidas com 25 pequenas maravilhas. Era só o início, e começou bem.
Na seqüência de There there, All I Need acalmou o público germânico, que de frio ou austero, ao contrário do que se prega, nada tem. Todo e qualquer estereótipo foi derrubado logo na abertura, quando em uma sincronia surpreendente (e até comovente, há de se confessar) a platéia substituiu o alegre coro infantil que figura entre as batidas de 15 steps.
Além de apresentar o In Rainbows na íntegra – na verdade, substituíram Faust Arp pela superbacana Bangers and Mash, que saiu apenas na versão bônus do álbum. Tudo bem. –, o set list abrangeu quase toda a discografia da banda. Só faltou mesmo uma representante de Pablo Honey, lançado em um distante 1993 (Não, não teve Creep).
Como já é costume a banda ir além das expectativas, em um momento da mais sublime beleza, Thom Yorke, ao piano, surpreendeu a audiência em Berlim com Cymbal Rush, composição que entrou na primeira aventura solo do líder dos Radiohead – The Eraser, lançado em 2006. Repleto de estranhas harmonias eletrônicas, o álbum obteve menos projeção do que qualquer outro registro com o carimbo Radiohead. O que, em termos de qualidade, não significa absolutamente nada.
Ter acertado o ritmo da música apenas na terceira tentativa (e punindo-se por isso com uma cabeçada ao microfone) só tornou a ocasião ainda mais intensa. Mesmo que lhes atribuam status de deuses (que fazem chover em Berlim ao ritmo da música, ou porque criaram um arco-íris na apresentação recente em Dublin), viu-se sobre o placo, naquele exato instante, o mesmo menino inseguro e inexperiente que declamava: I’m creep / I’m weirdo / What the hell I’m doing here? Ok, são apenas semi-deuses.
Deuses, semi-deuses ou meros mortais, importa é que os momentos mágicos de devoção conjunta, capazes de levar qualquer correspondente impressionável ao pranto, existiram: durante a execução de Weird Fishes/Arpeggi, a participação de Ed O’Brien e seus “iêêêiééés”, meticulosamente encaixados com os lamentos de Thom Yorke, congelaram espinhas no verão berlinense.
Destaque também para o pacto de silêncio sacral de uma arena abarrotada para ouvir You and Whose Army? Uma câmara posicionada entre o piano e o microfone exibiam na tela o rosto irregular de Thom sob um ângulo curioso. Se não fosse tão comovente, poderia ser cômico.
Modeselektor?
O Modeselektor, banda de apoio que subiu ao palco alemão com pontualidade britânica, encontrou um público receptivo às mesmices eletrônicas. Pelo menos ninguém foi vaiado. Não apresentaram nada além do tradicional techno.
Rotular o grupo como medíocre já é exagero, mas esperava-se mais dos escolhidos de Thom Yorke. De qualquer forma, agradaram bastante com as versões de Skip Divided, do próprio Thom, e ainda mais com Dull Flame of Desire, parceria de Björk e Antony Regarty, registrado no último álbum da bacana.
Para que não pareça que o maior espetáculo já visto retirou o senso crítico deste que vos escreve, uma imperfeição será apontada no show do Radiohead: para ser perfeito, mas perfeito mesmo, o evento deveria ter sido visto no Brasil, com todo o conforto e campo de visão que a estatura média do nosso povo proporciona.
Encerrada a tour européia, o Radiohead segue para os EUA e depois para o Japão. Como de costume, não faltam fontes pouco confiáveis a confirmar a passagem da banda pela América do Sul.
Escolhamos nosso profeta preferido e oremos, irmãos.
Set list:
15 Step
Airbag
There There
All I Set list:
15 Step
Airbag
There There
All I Need
Where I End and You Begin
Nude
Weird Fishes/Arpeggi
The Gloaming
Videotape
No Surprises
Jigsaw Falling into Place
My Iron Lung
Wolf at the Door
Reckoner
Everything in Its Right Place
Bangers and Mash
Bodysnatchers
1º Bis
Cymbal Rush
You and Whose Army?
Paranoid Android
Dollars & Cents
Idioteque
2º Biss
House of Cards
National Anthem
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