Foto: Marcelo Nunes, especial |
Fredi Endres, o bombado DJ e produtor Chernobyl, está a caminho de mais uma turnê na gringa. Depois de visitar Suécia e Japão no ano passado, agora ele segue para Rússia, Ucrânia e Alemanha para DJ sets nucleares tão quentes quanto este ótimo “DJ Chernobyl neo bailefunk 2008”, que já teve mais de 14,3 mil downloads. Já escutou? Demorô!
Durante o giro por Moscou, Kiev e Berlim, Chernobyl vai apavorar em bares, clubes e também no Ukraine Festival. Além disso, fará um DJ set ao vivo para toda a Alemanha na Fritz FM. Legal!
Fredi é figura forte no distante Japão e, via selos internacionais antenados, já chegou aos Estados Unidos e à Inglaterra. Em terras japas, lançou a série de vinis Bailectro, em que mixa funk com electro e rock – especialidade do cara desde 1995 na Comunidade Nin-Jitsu.
O cara vem trabalhando muito desde o ano passado, produzindo faixas, EPs, álbuns e remixes para gente igualmente bombada como Bonde do Role (produziu oito das 12 faixas de With Lasers), Turbo Trio, Deize Tigrona,
Cansei de Ser Sexy, entre outros. Mais: Chernobyl foi o único brazuca a tocar no Fuji Rock Festival de 2007, onde estavam
The Cure, Simian Mobile Disco,
Justice, Beastie Boys,
Iggy Pop...
Especialista na cruza entre riffs do rock e pancadão do morro, Fredi Chernobyl manobra
Arctic Monkeys, RQM,
M.I.A., AC/DC, A-Trak, George Clinton, Princess Superstar, BDR, Sinden & Count Monte Cristal, Canessinha do Pikachu, Salt ‘N’ Pepa,
Edu K e Diplo (na foto abaixo, Fredi, Marina Ribatski e Diplo gravando juntos) com facilidade e muito groove. E assim vai se firmando como uma dos produtores mais visionários e importantes do país.
Fora isso, o novo CD da Comunidade Nin-Jitsu, Atividade na Laje, o sexta da banda, vai junto no case de Fredi para uma divulgação básica na Europa. No Brasil, o álbum será lançado no final de maio.
Leia uma entrevista exclusiva como o cara:
Como pintaram esses convites para Rússia, Ucrânia e Alemanha? |
Já faz quase um ano que uma dupla de DJs que organizam festas em Kiev (Zighuli Party) vem perguntando quando estarei por perto para armarmos uma data, já que os sons que produzi realmente fazem parte da noite de lá e são muito executados pelos DJs, tanto Bonde do Role, meus remixes para artistas variados e, hoje em dia, o som novo, inédito ainda aqui, da Comunidade com a Marina (ex-Bonde) Funkstein. O pessoal também simpatizou muito com meu nick “Chernobyl” afinal tocarei a 200km do desastre nuclear. Na Rússia, o americano DJ Diplo me indicou, pois viu que os caras lá se amarram no estilo que faço. Já na Alemanha, estou lançando um EP com produção minha para o artista RQM, pelo selo de lá Exploited Records. Viva a globalização, a internet e o myspace... |
“Chernobyl” tocando na Rússia é, no mínimo, curioso. Você está preparando algo especial para essa etapa moscovita da turnê? |
Estou preparando um set de 2 horas com muita produção minha, que é a característica principal, pois acho que sou o único produtor que vem lançando remixes que misturam electro com “bailefunk” (lá chamam assim) no mundo. Vou passear desde o miami-bass, que é a raíz de tudo que eu faço, até bootlegs de Créu com Alter Ego, MSTRKRFT com o pancadão e Beastie Boys com Mãe Loira. |
Esses dias eu estava falando com o Edu K que ele, assim como você na Comunidade Nin-Jitsu, captou o poder explosivo da mistura entre funk carioca, Miami bass e heavy metal há mais de dez anos. Apesar de os bailes serem fortes no Rio há mais tempo, só agora a maior parte do público começa a curtir esse som - e especialmente o híbrido com o rock em vez do funk “puro”. Como tu te sente sendo um dos desbravadores nesse segmento? E por que rolou esse delay com o público mainstream? |
Eu fico muito honrado de ser desbravador de um som que misturou algo oriundo da periferia carioca com o rock classe-média gaúcho. Acho que sempre alguém que não vive dentro do gueto pode fazer isso, vê de fora. A bossa-nova é baseada no samba mas não foi feita no morro. Acreditei que o funkarioca tinha um lado bom, muito original, que era a primeira música eletrônica produzida no terceiro mundo. Em 2005 o mundo viu isso, e só a partir da aprovação dos estrangeiros é que o povo indie começou a aceitar o que fazíamos, e já vivíamos a era myspace, Bonde do Role (que eu produzi), etc. Todos os lugares em que tenho tocado, sou visto como precursor de um estilo, juntamente com minha banda, Comunidade Nin-Jitsu. No Japão, um repórter sabia até que o Mano Changes era deputado e me perguntou se nossas letras tinham mensagens políticas de protesto (!!!). O povo que não questiona estilos, que apenas curte som, pula e dança, já aprovou Comunidade desde o comecinho, nos 90s. |
Hoje fala-se em “pós-baile-funk”, porque a sonoridade “original” foi modificada por mil interseções com gêneros variados como pop, rock, hip hop, new rave, electro, house, mashups diversos... Mas no início dos anos 2000 vários bootlegs que faziam essas misturas ficaram bombados, até porque tinham bases de Nirvana, White Stripes e até Smiths (lembra do “Funk do Dermite”?). Pós-baile-funk é só um novo rótulo para algo que já existia ou é real? Você consegue definir pós-baile-funk como algo realmente novo? |
Acho que o pós-bailefunk, que chamo de Neo Funk, é algo que a Comunidade e o Edu K já haviam feito nos 90s, mas depois de Bonde do Role e M.I.A. (com apenas Bucky Done Gun nesse estilo) a coisa se espalhou em nível mundial por causa da internet e o mundo, inclusive São Paulo que odiava funk, aprovou. Os funks que samplearam The Smiths, etc, são considerados algo ímpar, exceção, nada proposital, não foram feitos por quem viveu o rock e o eletrônico como eu e o DJ Gorky do Bonde. O movimento realmente existe e acontece mais no exterior do que no Brasil. Quando me solicitam um remix sou obrigado a fazer no estilo que chamo “bailectro” ou “neo-funk”, até porque em termos de electro/house, etc.. os europeus são bem melhores que a gente, o segredo é se diferenciar para obter destaque. |
Desde 2007 você produziu álbuns e EPs no Brasil e no exterior, como With Lasers, do Bonde do Rolê (Domino Records, UK), Spunk Scat and Politics, uma coletânea com Cansei de Ser Sexy, Deize Tigrona e outros (KSR Records, Japan), a série Bailectro (Chateaudisc, Japan), DJ Chernobyl presents: Neo Funk (Som Livre, Brasil) e até Pancadão do Caldeirão do Huck (Som Livre, Brasil). Como foi realizar estes e outros trabalhos? Como funciona teu sistema de criação? Você tem livre autonomia para gerenciar o som dessa galera? Ou tudo depende de muito papo e “negociação” com bandas e artistas para definir as direções da música? |
Depende de cada artista, no caso da Deize Tigrona eu tive carta branca dela. Com o Bonde do Role somos democráticos, se faço uma base sozinho, sempre lapidamos juntos depois. Na minha série de vinis “Bailectro”, fui briefado para transformar em funk sons de bandas que o selo japonês acreditava, como a francesa Rinocerose e Tim Deluxe. Os trabalhos com a Som Livre ocorreram por causa do ex-presidente Gustavo Ramos, que tava muito ligado nas minhas coisas que saíam para fora do país e então ele me solicitou remixes no estilo que faço para o popular CD do Caldeirão do Huck. Como ele gostou do resultado, ele disse: “ faça o que quiser nessa vibe e bote no seu disco de produções compiladas”, que intulei de Neo Funk. Historicamente falando, foi muito importante a Som Livre botar em seu catálogo algo desse “funk exportação”, pois fiquei lado a lado com os tradicionais, como DJ Marlboro. A gravadora mostrou algo novo, mesmo que de difícil assimilação. |
A repercussão de Chernobyl, Edu K, Bondê do Rolê e DJs como Sany Pitbull, Edgar e Sandrinho é muito maior no exterior do que no Brasil. Por que os gringos curtem tanto o som dessa galera? E qual a extensão da influência de vocês sobre outros DJs e produtores pelo mundo? |
Acho que os gringos assimilam nossa misturas porque colocamos elementos da cultura deles, como o rock, pop, electro, house junto com a batida brasileira. Se um DJ brasileiro tocar funkarioca puro, vai se segmentar como “world music”, provavelmete se apresentará em casa de turista. A gente toca em clubs importantes para públicos exigentes. Já influenciamos muito o DJ americano Diplo, pois produziu M.I.A. enquanto trocava emails comigo e adquiria batidas do Marlboro. Tem também o Sinden (UK) que vem colocando batidas de tamborzão em várias produções. Mas o ideal mesmo é que os artistas gringos solicitem pra gente, pois nos vivemos a parada, criamos e sabemos qual é a medida certa para a mistura do funk da favela ficar boa com outros elementos, e isso botará a cultura brasilira de DJs em um estágio que os tradicionais estilos eletrônicos não chegaram. |
Com Chernobyl Brothers, teu projeto junto com teu irmão, que assina como Infernando, você cunhou o termo Heavy Funk Electro, o que é bastante apropriado ao som de vocês. Como anda esse projeto? Alguma data revista para Porto Alegre depois do set no Beco, há poucos dias? |
É um projeto bem electro mesmo, com computador, sintetizador (inserimos Leo Boff, ex-Ultramen), guitarra e baixo. Fica um electro rock groovado, pois as levadas do baixo sao bem inspiradas em Funkadelic. Nao boto nada de tamborzão nunca. Nos apresentamos mixando um set e tocando instrumentos em cima, nada fake. Queremos se apresentar bastante, até para mostrar algo eletrônico vindo da galera do rock, pois normalmente quem é DJ não toca instrumentos e vice-versa. Nossa intenção é botar uma vibe humana no mecânico, bem tocada, e fazer o povo fritar na pista como de fosse um DJ tradicional de electro/house. A apresentaçao no Beco foi boa, mas ainda vamos melhorar para o próximo show que será em Floripa. A correria tá grande, Chernobly lá fora, CNJ lançando CD e Chernobyl Brothers montando um bom live set. |
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