Portishead em MilãoFoto: Diego De Carli, especial clicRBS |
No dia 30/03, na cidade italiana de Milão – a terceira maior área metropolitana da União Européia –, o Portishead fez o terceiro show da tour oficial de divulgação do álbum Third. À seqüência de coincidências numerológicas, só mesmo um gaúcho poderia acrescentar mais uma: foi muito tri!
Então, continuemos em volta do número. A seguir, 3 motivos que resultaram em uma noite mágica, agraciada ou não pela numerologia, e que fizeram/fazem o retorno da banda de Bristol um dos acontecimentos mais marcantes dos últimos tempos – goste-se ou não de como soa o novo Portishead.
Motivo 1: acordeão, bigode e bateria
Contrariando a regra geral, não foi eleita uma wanna be Portishead para abrir os trabalhos da noite. Com personalidade, aos poucos, A Hawk and a Hacksaw, grupo de New Mexico, Estados Unidos, conquistou a atenção de uma platéia ainda a ser completa. Jeremy Barnes, frenético, ficava encarregado pelos sons simultâneos de bateria e acordeão, ao mesmo tempo em que abanava um bigode cultivado com esmero para o público. Ao seu lado, a violinista Heather Trost era responsável por deixar o palco mais bonito e retirar de um violino sons que jamais se poderia imaginar sair do instrumento. Terem auxiliado Zach Condon nos primórdios da Beirut é, no mínimo, uma boa referência.
Com a claridade que um estranho horário de verão recém iniciado proporcionava à Europa, e frente ao constrangimento de um palco repleto de instrumentos que não os seus, A Hawk and a Hacksaw foi a primeira – e excelente – surpresa da noite. Confira abaixo uma pequena amostra do que eles são capazes de fazer:
>>>>> Fernando's Giampari
Por mais incompatível que possam soar os Hawk and a Hacksaw em uma noite dedicada ao que se classificava antigamente como Trip Hop, a banda avant-folk já dava o recado de toda a estranheza que estava por vir. Motivo 2: Beth Gibbons!
Com a discrição e elegância dos seus 43 anos de vida, mesmo vestida de preto e envolta em telões e luzes, era impossível desviar a atenção de Beth. Duas mãos coladas ao microfone, como se fizesse do pedestal uma bengala para apoiar toda a sua timidez, abria os olhos apenas para se admirar com os infindáveis aplausos no curto intervalo entre uma canção e outra, com ar surpreso de quem acabou de se descobrir perante uma platéia.
Onze anos longe do Portishead (mas não da música: que fique registrado o álbum solo Out of Season e a parceria com Rodrigo Leão, ex-Madredeus) fizeram bem a Beth Gibbons. Por impossível que pareça, sua voz parece atingir níveis mais altos e seus lamentos dão ainda mais frio na espinha – há quem diga que é porque parou de fumar... Dizer que ela voltou melhor é quase uma audácia. Mas é verdade.
>>>>> Glory Box
Threads, música que encerra o novo álbum, já na versão de estúdio causa arrepios em quem ouve. Quando ao vivo, e cantada aos berros por uma aparentemente frágil mulher, é capaz de levar o mais inabalável dos espectadores aos prantos.
Motivo 3: Third - Mais trip, menos hop
Se fechar os olhos e ouvir os álbuns de 1994 e 1997 , de cabo a rabo, já eram uma agradável viagem pelos vales do leve desespero, Third leva à outra dimensão. Que perdoem os saudosistas, mas a banda está na sua melhor forma.
Para ilustrar o momento, um dos melhores exemplos da nova safra é Plastic. São 3 minutos e 33 segundos de música que te “quebra as pernas” – ou o que sobraram delas após ouvir Silence. Quase um orgasmo. Um estranho orgasmo, como não poderia deixar de ser.
O que se viu em Milão, mais do que se pode ouvir em Third, foi uma sessão de experimentalismo maduro, consciente e corajoso. A seleção de Machine Gun como música de apresentação do último álbum já deixa claro quem é e onde quer chegar o novo Portishead. Provavelmente não foi pela aleatoriedade de um sorteio que definiu-se como single uma das composições mais difíceis de se assimilar dentro do conjunto – só perde perante a chatice de Deep Water.
Pois o tal single (um dos pontos altos da noite), ao vivo, tem seu potenciais chapantes maximizados, levando longe, muito longe. Mesmo que o viajante esteja supostamente distraído, segurando uma inconveniente câmera e registrando o momento:
>>>>> Machine Gun
Antes ouvir as batidas difíceis, hipnotizantes e quase irritantes de Machine Gun do que ser tentado com uma variação simples e preguiçosa de Glory Box. Felizmente, o caminho mais fácil não parece ser exatamente uma opção para Beth Gibbons e companhia – alguém lembra do lançamento de Kid A, do Radiohead, em 2000? No fundo, o Portishead ainda tem Glory Box. Tem, mas acabou.
Setlist do show:
Silence
Hunter
Mysterons
The Rip
Glory Box
Numb
Magic Door
Wandering Star
Machine Gun
Over
Sour Times
Only You
Nylon Smile
Cowboys
Encore:
Threads
Roads
We Carry On
>>>>> Resenha do álbum: Portishead é passado :(
>>>>> Banda lança vídeo de Machine Gun
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