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Olá pessoal! Este é o primeiro post do VOLUME, o novo blog de música do clicRBS. Pra começar, uma pequena resenha sobre o maior evento musical do Brasil. Confere ae e, se quiser, envie comentários, críticas e sugestões pelo link indicado!
Fotos do Tim Festival 2007 - Rio
O dia dedicado à nova música dentro do Tim Festival em São Paulo, neste domingo, foi marcado por excelentes performances e detestáveis atrasos. O último show, do Killers, um dos mais esperados, estava marcado para a 1h e começou apenas por volta das 4h. Três horas de atraso?? Numa madrugada de segunda-feira??? Teve gente que não esperou até o início da apresentação da banda e já fala (em listas virtuais de discussão sobre música) em processar a organização para obter o dinheiro do ingresso de volta.
Além dos atrasos em série, houve problemas técnicos no equipamento de som, que caiu por completo na apresentação de Hot Chip e apresentou falhas nas de Juliette and The Licks e Arctic Monkeys.
Apesar dos inconvenientes, a maior parte do público (mais de 20 mil pessoas) não tirou o pé da Arena Anhembi antes dos Killers deixarem o palco.
Abaixo, um pouco sobre o que rolou na capital paulista:
SPANK ROCK – hip hop orgânico
Os norte-americanos ficaram encarregados de abrir os trabalhos no Anhembi, na capital paulista. E fizeram isso em alto estilo. O duo de Baltimore, formado pelo MC Naeem Juwan e pelo produtor XXXchange, estava acompanhado por uma banda, incluindo dois MCs e dois DJs.
O hip hop tradicional foi revirado constantemente pelos caras, que não se limitaram aos clichês do estilo e criaram uma música muito mais universal. Com uma postura avançada e instrumentos acústicos incomuns ao estilo, os músicos deram um senso um tanto quanto “orgânico” ao sempre “mecânico” hip hop.
O grupo de percussionistas de tambores ao final do show é prova disso. Sob bases eletrônicas rápidas e marcantes, os músicos preparavam um encerramento apoteótico, com a percussão soando alto, mas foram impedidos por um problema técnico no equipamento de som. A música foi cortada antes do fim. O clímax deu espaço à decepção. A sensação era de coito interrompido. Frustrados, os músicos saíram do palco com cara de que não entenderam nada. Muito chato.
HOT CHIP – especialistas do grave
O que dizer do Hot Chip senão que eles são os cinco nerds mais legais do showbizz? Os ingleses misturam estilos e questionam a ordem musical sob um ponto de vista bem incisivo: o estranhamento. Durante o show, não foram raros os momentos em que nada parecia se encaixar direito nas músicas, até que realinhamentos bem estudados de notas musicais e de andamentos davam a elas sentido e forma.
Sim, a música do Hot Chip tem forma – ela cresce em volume e intensidade, chega até você, te envolve, te faz vibrar por completo e ressoa dentro do crânio. Graças à potente muralha de som do festival, que amplificou zilhões de vezes o grave das músicas, as ondas sonoras fizeram até meu cérebro tremer! O deslocamento de ar promovido pelas caixas era tamanho que dava para sentir até uma mudança involuntária na respiração – calma, não tô viajando. Já conferi dezenas de shows pertinho do palco e poucas vezes vi coisa igual.
Mas nem no mais importante festival de música do Brasil tudo é perfeito. Ainda no início do show o sistema de som caiu por completo novamente. E demorou a voltar. Não sei quanto porque em vez de olhar o relógio preferi beber umas cervejas no bar. O que sei é que este problema provocou um atraso geral na programação que foi se refletindo em todas as bandas, resultando em nada menos do que TRÊS HORAS de demora para o início do show do Killers. Uma falta de respeito absoluta com o público. Mas disso falo depois.
BJÖRK - ou a arte em tempo integral
No star system da música pop, poucos são artistas no sentido mais essencial da palavra. Num mundo cheio de cópias fajutas e clones autômatas, é cada vez mais fácil identificar os verdadeiros gênios criadores – aqueles que vivem a arte em tempo integral.
Björk está entre as primeiras dessa lista porque sempre fez de tudo para alcançar o “pop perfeito” (não confundir a expressão com produtos-sonoros-enlatados-para-as-massas). Nessa busca, optou pelo caminho autoral. Assim, trabalha com conceitos e atua nos vários campos da arte para criar conforme sua intuição.
Com Björk o pacote é completo. Do figurino (um mantô estilão babalorixá – logo posto de lado – sobre de um vestido plissado de barra assimétrica, multicolor, amplo, volumoso, cenográfico, alegre e bem brasileiro) ao cenário (banners gigantes com figuras de animais e bandeiras coloridas), passando pelos músicos (refinados), pelos equipamentos (altamente tecnológicos, como o mixer virtual em tela touch screen pilotado por Mark Bell) e pela performance (a islandesa não pára um minuto sequer durante a apresentação), tudo tem um motivo: ajudar a formar uma obra de arte instantânea e temporária ali em cima do palco. É de deixar qualquer um contemplativo.
O show começou com uma espécie de “invasão” de músicos, que carregavam bandeiras palco adentro ao som de uma marcha quase militar. Logo pensei num “Exército Björk”, numa espécie de personificação de Army of Me e num clima de delimitação de território – o palco.
A abertura se deu com Earth Intruders, do último álbum, Volta. O set list teve músicas pinçadas de seus sete álbuns de material inédito. Entre elas, destaque para The Anchor Song, incrivelmente executada pelo jovem naipe de sopro Wander Brass, Hunter, Jöga, Pagan Poetry e Hyperballad – música total anos 90, mas ainda inteiraça.
O show acabou intenso, com a música Declare Independence, política e cheia de palavras de ordem, em apoio à independência da Groenlândia.
Momento delírio: se eu pudesse montar o set do show tirava as faixas de Médulla (sono!) e colocava algumas de Debut. Mas tudo bem.
Ah, sim, vai uma dica: JAMAIS assista a um show da Björk ao lado de um ator global. Alguns fãs perdidos podem irritar você tietando o fulano ou, PIOR, o ator pode querer cantar (mal e alto) junto com a islandesa. Assim não pode! Assim não dá!
JULIETTE AND THE LICKS – rock’n’roooooooooollll!!!!!!!!!!
Entrar no palco depois da Björk é complicado. Difícil mesmo. Então é bom chegar chegando e quebrar tudo de uma vez. Trabalho perfeito para a maluquete Juliette e sua banda. Rock puro, às vezes mais às vezes menos porrada, mas sempre visceral e sem rodeios.
Se eu já amava Juliette Lewis como atriz, agora amo ainda mais como roqueira doidona. Ela manda muito bem e se entrega afu para responder à altura às excelentes composições da banda.
Juliette tem dito que está na música porque tem mais contato e controle sobre ela do que sobre o cinema, no qual seus papéis garantiam apenas uma pequena participação no todo. Massa!
Já foi dito que Juliette é o Iggy Pop de saias. Posso concordar. Já foi dito que ela é apenas uma atriz desempenhando um papel de vocalista. PRECISO discordar. Afirmar que ela está apenas encenando seria desacreditar na capacidade máxima de expressão da artista. Viva Juliette and The Licks!
ARCTIC MONKEYS – Clash vive
A veia clash do Arctic Monkeys pulsa forte ao vivo. Os macacos do ártico tocam muito e tocam alto. Criam instantaneamente uma atmosfera polar com uma postura distante e um rock cru, frio e direto, porém incapaz de congelar a platéia justamente por ter raízes sonoras comuns às do próprio Clash – a música pulsante negra (não confundir com black music). Na verdade, eles quase incendeiam o público.
Com os pés na frieza metálica de um ska (sem instrumentos de sopro) e a cabeça voltada para o agora, os Monkeys alternam padrões de ritmos, levadas e riffs do rock clássico para oferecer ao público o show mais intenso da noite - provavelmente o mais cantado e seguramente o mais "pulado" show do Tim Festival 2007.
A galera delirou muito ao som de músicas como Sandtrap, This House is a Circus, Brianstorm, Fluorescent Adolescent, I Bet You Look Good on the Dancefloor, Fake Tales of San Francisco e A Certain Romance. A banda inglesa foi high light do festival ao lado de Björk.
THE KILLERS – a banda que me matou
O grupo de Las Vegas foi o mais prejudicado pelos atrasos absurdos do Tim Festival 2007. Agendada para a 1h, a banda subiu ao palco às 4h! Haja paciência. Mas a culpa também foi um pouco deles, que precisaram montar um cenário kitsch repleto de caixotes, flores, árvores-escultura e luzes de Natal para o show. Quanta demora!! Killers me matou... mas rock star é isso ae.
De qualquer forma, o crooner Brandon Flowers e os outros integrantes da banda não pareciam muito incomodados com o atraso. Entraram tranquilos, envoltos em uma tempestade sonora realizada pouco antes do início da primeira música pra acordar o público de um estado letárgico.
Na seqüência, rockizinhos legais dos álbuns Hot fuss e Sam’s town (Smile Like You Mean it, Somebody Told me, Bones) e semelhanças – mesmo que distantes – com Smiths e Cure. Difícil não gostar. O microfone de Brandon (o novo Freddie Mercury) estava baixo, o que sublinhou a falta de potência de sua voz. Quando o público catava, então, o vocal dele quase sumia. Mas amamos Killers e os perdoamos, certo? Não? Hmmm... Ao menos um desconto, vai.................
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