VésperaFoto: Lucas Martins de Mello, Divulgação |
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Teve gente que ficou perplexa quando a Véspera foi escolhida a banda de abertura do show do Faith No More em Porto Alegre, marcado para a próxima terça-feira. O motivo é simples, mas talvez não seja justo: os caras ainda não são muito conhecidos. E você sabe... o desconhecido mete medo em uma galera.
Na entrevista abaixo, feita por e-mail, você fica sabendo um pouco mais sobre a banda de Lucidio Gontan (voz), Marcelo Falcão (guitarra), Vinícius Ferrari (guitarra), Eduardo da Camino (baixo) e Renato Siqueira (bateria), suas influências musicais e literárias, e o que eles esperam sobre o aguardado 03/11 - o dia mais importante para o grupo até hoje.
E se por algum motivo você não conferir a apresentação da Véspera antes do show mais esperado do ano na capital gaúcha, saiba que eles tocam no dia 07/11 na festa OK:ROCK!, lá no Garagem Hermética.
A escolha da Véspera para a abertura do show do Faith No More causou surpresa em muitas pessoas, pois a banda ainda não é muito conhecida. Desde quando vocês tocam? E como rolou essa escolha? Como vocês receberam a notícia? Lucidio: A Véspera existe, oficialmente, desde 2007. Mas eu, o Marcelo (Reichelt, guitarra) e o (Eduardo Da) Camino (baixo), somos amigos de infância e tocamos juntos desde...deixa pra lá.... Na época da escola, nos encontrávamos quase todas as noites para assistir à MTV com o sinal UHF péssimo na casa do Camino, e foi importante ver todos aqueles clipes do Pearl Jam, Alice in Chains, Faith No More... Conhecemos o Renato (Siqueira, bateria) e o Rodrigo Bonjour (antigo guitarrista, atualmente na banda Lìtera) numa época em que estavam nascendo as melodias que seriam as primeiras músicas da Véspera. Com a entrada do Vini (Vinícius Ferrari, guitarra), a banda ganhou uma energia extra. Esse guri, que vive lendo tudo quanto é blog de música, viu no Remix o post do Gustavo Brigatti abrindo uma enquete informal sobre qual banda deveria o show do Faith no More |
Este será o primeiro grande show de vocês? Onde a banda costuma tocar e, no geral, qual é o seu público? Lucidio: Será, sim, nosso maior show! Apesar de pouco conhecida do grande público, a banda conseguiu formar uma verdadeira família. Nossos fãs acabam virando nossos amigos e fãs assim valem por mil! Essa proeza é culpa deles, e é pra eles esse show! Mas voltando à pergunta, a Véspera é a banda oficial da festa OK:ROCK!. O repertório fica recheado de versões de Beatles, Muse, Placebo, coisas mais diferentes como Prince e outras bandas que a gente curte. Também fomos a banda residente do Art & Bar por sete meses entre 2008 e 2009. Nosso público é o mais variado possível. Já vimos pessoas com a camiseta da Tom Bloch e do Slayer na mesma festa! Aliás, ontem (terça-feira) fizemos um showzaço neste bar para amigos e fãs como forma de agradecer a todos pelo carinho que temos recebido. E o bar lotou! Ficamos perplexos! |
A Véspera tem algumas composições interessantes. Faixas que parecem sinceras, não ligadas a modismos, um tanto quanto despretensiosas e que podem variar de tonalidade de uma para outra, como nos casos de Tudo sobre Nada, Sobre esses dias e Não uso o coração. Como vocês compõem? O lance rola em grupo? Ou alguém tem um peso maior nisso? Eduardo: Compor é sempre um processo coletivo pra se chegar ao resultado final de cada música. Geralmente o Vini e o Marcelo trazem algo inicial pros ensaios, depois de tocarem em casa, no violão, repetindo um milhão de vezes um riff ou uma seqüência de acordes. No estúdio, “encaixamos” baixo e bateria. E aí, tome repetição de novo, pro Lucidio criar a linha vocal em cima da melodia. Às vezes ele faz isso já com letras prontas, e a métrica do texto na folha de papel acaba influenciando a melodia. E mexemos nas músicas até a hora de gravar, quando geralmente o Lucidio vem com sugestões de detalhes sutis no arranjo que acabam fazendo uma diferença enorme pra quem ouve a música. Lucidio: Nosso método mais clássico, e o mais difícil, é o de compor o arranjo e a linha melódica da voz antes da letra. Estamos, aos poucos, tentando inverter isso, porque é muito mais fácil e rápido. Sobre esses dias é nossa música mais antiga. Nasceu pronta e foi concebida assim: arranjo antes, letra depois. |
Quais bandas vocês curtem? Em que tipo de som vocês se espelham pra compor? Renato: Somos de escolas musicais diferentes, e ao mesmo tempo, com muitas coisas Lucidio: Temos buscado estruturas diferentes para as músicas, mas a fórmula da banda Live, uma de nossos preferidas, é infalível: estrofes mais calmas, ponte com alguma tensão e refrão explosivo. |
Outra característica de vocês são as letras inspiradas. No MySpace vocês indicam apenas uma influência: Fernando Pessoa. Qual o peso dele e da literatura em geral para o som da banda? Lucidio: Nossa paixão por Fernando Pessoa é declarada. É como se ele nos entendesse e escrevesse letras para a Véspera! Tanto que temos parte de um de seus poemas (O Andaime) musicado. E Não uso o coração (o nome da música é uma frase dele!) foi toda escrita inspirada na rima e na métrica de outro de seus poemas, chamado Isto. Dá uma olhada no original e como ficou nossa letra: Excerto de Isto, de Fernando Pessoa.
Tudo que escrevo. Não. Eu simplesmente sinto Com a imaginação. Não uso o coração. Tudo o que sonho ou passo, O que me falha ou finda, É como que um terraço Sobre outra coisa ainda. Essa coisa é que é linda. Não uso o coração, da Véspera De vez em quando eu minto E vivo de ilusão Prefiro o meu instinto A tua devoção Exponho o meu fracasso Procuro uma saída E junto os pedaços Do que sobrou de vida |
Senti uma proximidade entre o som de vocês e o da Tom Bloch, que também sempre privilegiou letras rebuscadas, românticas e desesperadas. Vocês concordam com isso? Eduardo: É uma comparação que muito nos alegra, somos muito fãs da Tom Bloch. As músicas deles têm uma aura de desespero silencioso, falta de perspectiva e resignação. Isso é muito Mal do Século! E falar das letras deles é covardia! |
Qual a expectativa da banda para a abertura do FNM em POA? Estão nervosos? Renato: O Faith No More é e sempre foi uma das nossas bandas preferidas! Tanto que eu e o Camino temos uma banda cover só de FNM. Não diria que estamos nervosos, até porque ensaiamos constantemente e saímos agora de uma rotina puxada de shows, tocando todas as quintas no Art&Bar! Estamos ansiosos pelo momento de subir no palco e dar nosso sangue! É o nosso maior show até o momento, mas faremos o que melhor sabemos fazer: tocar. |
Acredito que enfrentar o público do FNM em POA seja um trabalho difícil. O que vocês estão planejando pro show? Apenas músicas próprias? Algum cover ou algo assim? Eduardo: Faith No More é uma banda muito inclassificável. Tem pedacinhos de metal, de funk, de progressivo, de hardcore, mas é absolutamente única. Juntando a isso a voz bizarra e as letras lindas e doentias do Mike Patton, fica bem difícil delinear um perfil médio do fã de Faith No More. Espero que saibamos surpreender o público tanto quanto o FNM. Lucidio: Eu fui ao primeiro show do FNM no Gigantinho em 1991. Eu estava nas cadeiras, bem longe, de frente para o palco e lembro do público jogando revistas em chamas na banda de abertura, a Maggie´s Dream, do ex-vocalista do Menudo, Robby Rosa (risos). É um público insano, sim. Dizem que os gaúchos pecam pelo bairrismo. Já ouvi dizerem que para o gaúcho não basta seu time ganhar, o adversário tem que perder. Detesto ouvir isso e acho que no dia 03 a gauchada vai provar que é o melhor público de rock do Brasil! Renato: Não somos uma banda que toca covers, nós apenas pegamos músicas que gostamos e fazemos versões, sempre imprimindo nossa marca pessoal! Ainda não fechamos o set list definitivo, mas estamos armando algo impactante, para prender a atenção do público do Faith No More. Pode ter certeza de que não iremos decepcionar todos que acreditam em nós! Esse show é pra vocês! |
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