Atualizado às 16h39min
Fotos: Liny Rocks, Especial
No mundo do metal existe uma diferença gigantesca entre Angra e Sepultura. Se não fossem ambas brasileiras, essas bandas de renome internacional não teriam nada a ver uma com a outra, e dificilmente se cruzariam. Mas em um país onde a qualidade dos metaleiros contrasta com a falta de bons shows para a gurizada local, a iniciativa destes gigantes é ótima, e fortalece a cena do som pesado nacional.
Mas... fica aquela dúvida... Será que não vai ser esquisito ver dois estilos tão diferentes? As duas bandas fizeram neste domingo na Casa do Gaúcho, em Porto Alegre, a terceira apresentação da turnê nacional em parceria. No final, mostraram ter mais em comum do que todos imaginavam.
Pelas oito e meia, lá estava a Tierramystica mandando seu metal farofa melódico com direito a flauta do peruano Hernando e charango.
Agradeço peloscomentários que me alertaram que o instrumento usado pela banda é um CHARANGO, de origem andina, que nada tem a ver com cavaquinho.
Pena que a acústica da Casa do Gaúcho não favorecia, e pouco se ouviu destes instrumentos inusitados..
Empolgaram mais com os covers de Run to the Hills, do Iron Maiden, e Burn, do Deep Purple. Enquanto os homens da flauta e do cavaquinho ficavam sentados esperando para tocar as composições próprias.Foi só acabar o show que o público já começou a chamar a banda seguinte, com os gritos tradicionais que sempre rolam quando o Angra toca:
– Olê, olê, olê, olê! Angra! Angra!
Mesmo se não fosse a gritaria, seria bem fácil perceber quem iria aparecer no palco. Era só ver a movimentação das garotinhas ensandecidas, loucas para ver de perto o vocalista Edu Falaschi, que conquista as metaleiras com seu jeitinho Hanson de bom moço.
Mas nos primeiros acordes, os caras já mostraram que são muito mais do que gestos suaves e mexidinhas no cabelo do vocalista. Abriram com dois clássicos: Carry On, do Reaching Horizons(1992), ainda da época de André Matos, e Nova Era, do Rebirth (2001), o primeiro trabalho da atual formação. O suficiente para empolgar o público até fim.
Entre uma ajeitadinha no cabelo e outra, Edu Falaschi disse que o Angra fez questão de iniciar a turnê em Porto Alegre, para "começar com o pé direito". E deu de "presente" para a gauchada uma bela performance do single Lisbon, de 1998. Continuaram encantando o público com os solos de Kiko Loureiro e a batida rápida de Ricardo Confessori. Depois da pausa para o bis, voltaram e fizeram a Casa do Gaúcho inteira cantar junto com Rebirth, do álbum de mesmo nome. Deixaram o palco aplaudidíssimos.
Assim como ocorreu com Angra, foi bem fácil perceber qual seria a banda seguinte. As mesmas guriazinhas que gritavam por Edu Falaschi agora saíam da pista e iam para perto do bar. Elas sabem o que acontece quando o Sepultura sobe no palco.A banda iniciou o show tocando duas músicas do novo álbum, A-Lex, todo inspirado na clássica obra Laranja Mecânica. Com a pegada de sempre, aquela bateria rápida e muito peso na guitarra de Andreas Kisser, com aquela emocionante distorção suja. Jean Dolabella provou não deve nada a seu antecessor Igor Cavalera. Mandou muito bem.
E não demorou para abrir aquele clarão na pista. A gurizada curtia o show pulando, pogando, batendo cabeça e fazendo o clássico sinal do demo com a mão.
Quando vou a um show de banda com mais de 20 anos de estrada, geralmente prefiro as musicas antigas. Mas os sons que eles mandaram do novo álbum mostraram que a banda, mesmo com tanto tempo de existência, não perdeu a pegada.
Mas, obviamente, o Sepultura não ia deixar de brindar os fãs com os clássicos. A terceira foi Refuse/Resist, do álbum Chaos AD (1993). A casa veio abaixo só no primeiro riff. Era o Sepultura das antigas! Toda a pista pulava e cantava junto. Aliás, o show teria tido vários belos "singalongs" se o volume dos instrumentos não estivesse tão alto. O público cantava a maioria das musicas junto, mal dava para ouvir a galera.Foi assim também com Territory, do mesmo disco, que emocionou muito a gurizada. Lindo mesmo foi quando Derrick olhou para a galera e disse:
– I need you to f*ckin’... ARISE!
Era o som do álbum de 1991. Teve uma hora que a banda sentiu que a galera tinha se acomodado um pouco. Resolveram o problema rapidinho, mandando Roots, Bloody Roots, faixa de abertura do Roots (1996). Emocionante a ponto de levar um jornalista ruivo que estava cobrindo o show a encarar o tumulto para curtir pertinho do palco cantando junto.
Aí no fim rolou uma surpresa. E que surpresa! Os integrantes de Sepultura e Angra se juntaram para "duelar", tocando clássicos do rock and roll!
– Sepul Angra! Ou Angratura, como preferirem – brincou Andreas Kisser.
Primeiro, foi Immigrant Song, do Led Zeppelin. Aí Edu Falaschi provou sua eficácia imitando com perfeição os gritos histéricos de Robert Plant. Depois, rolou um AC/DC. Back in Black, para mim a melhor da lendária banda australiana. Quem cantou foi o batera do Angra, Ricardo Confessori.
Como quem diz "metal melódico é comigo", Edu Falasci pegou o microfone para cantar o clássico The Number Of The Beast, do Iron Maiden, com três guitarras, como o Iron toca agora. E três grandes guitarristas, o que garantiu a qualidade.
Por último, Andreas Kisser e Kiko Loureiro fizeram misérias com os riffs de Paranoid, do Black Sabbath. Sem ensaiar! Pelo menos foi o que disse Edu depois. O bacana é que Derrick Green havia ouvido o público pedindo o Sabbath e resolveu pedir também! E foi ele quem cantou, impressionando todo mundo com um timbre que chega perto do de Ozzy Osbourne.
Sepultura e Angra podem ter estilos diferentes, até mesmo opostos, mas mostraram ter algo em comum: o gosto pelo rock and roll de qualidade. E é isso que importa. Mandaram bem.
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