![]() |
Certamente, quem melhor tirou proveito da pausa dos Los Hermanos foi Rodrigo Amarante. Enquanto Marcelo Camelo sentou-se num banquinho e achou-se o Caetano Buarque (ou acharam?), com um trabalho solo em que o nome e a arte da capa do álbum conseguem ser mais interessantes do que o conjunto da obra, Amarante pegou o caminho oposto, apostando justamente na falta de pretensão.
Pois antes de iniciar uma série de shows pelo Brasil, o despretensiosamente interessante Little Joy anda agora no meio de sua tour européia. O concerto oferecido na noite da última terça-feira no La Maroquinerie, em Paris, foi timidamente anunciado semanas antes como o novo projeto de Fabrizio Moretti, com o nome "Strokes" envolto em luzes neon. Como segundo chamarisco, o nome do músico e produtor Noah Georgeson, que trabalhou com Devendra Banhart, também era anunciado. Ok, e o Amarante?
Passado o show, algumas conclusões foram tiradas. O que pode-se chamar aqui de lições. Abaixo, serão todas devidamente listadas e brevemente esclarecidas:
Lição nº 1: Jamais subestime a popularidade de um músico carismático no exterior. Muito menos a quantidade de brasileiros no exterior.
Circulando livremente sobre o palco, ajeitando um instrumento aqui outro ali (como seria impossível ver o Amarante há alguns anos atrás sem ensurdecer com os gritos histéricos), de cabeça baixa, revelou sua ansiedade ao espiar sobre o ombro, antes de abandonar o pequeno palco, conferindo a lotação da sala. Mal sabia ele que a recepção seria melhor do que ele poderia imaginar, contrariando o destaque atribuído na divulgação francesa.
Sobre o carisma de Amarante, que não se pode negar, foi testado e aprovado pelas francesinhas da primeira fila no La Maroquinerie. Notava-se a ansiedade pela chegada de Fabrizzio Moretti, o ‘gatinho’ dos Strokes. Mas ao decorrer do espetáculo, interessante reparar que as câmaras fotográficas das francesinhas passavam a centrar-se mais no Amarante que no Moretti.
Lição nº 2: Indie = Mcdonald’s
Indies são mais ou menos iguais ao Mcdonald’s. Existe no mundo todo, a embalagem é um pouquinho diferente, mas o conteúdo é basicamente o mesmo. Por mais que tentem ser cada vez mais diferentes dentro do estilo, o público indie é o mesmo em qualquer lugar. Assistir ao show em Paris ou Porto Alegre, pouca ou nenhuma diferença tem. Salvo que, com as temperaturas parisienses, os indies podiam ostentar muito mais lenços xadrez em volta do pescoço do que a temperatura mínima em Porto Alegre poderá algum dia permitir.
Lição nº 3: Parece, mas não é
Não basta estrear uma banda em um dos espaços mais bacanas de Paris. É necessário ainda uma excelente banda de abertura. Mesmo que isso soe carregado da mais pura pretensão, não. Durante todo o show, os integrantes portaram-se com a humildade e a insegurança dos principiantes. Que até pareciam, mas não são.
Sobre a banda de abertura, nada mais do que uma grata surpresa. Os norte-americanos da Dead Trees soam muito parecidos com tudo aquilo que ouvimos nos últimos meses, mas, mesmo assim, conseguem ter algo de diferente. Talvez seja até qualidade. De qualquer forma, no mínimo uma visita ao MySpace é recomendada.
Pouco depois das 21h de uma noite fria que começou bem, muito bem, Amarante, com aquele jeito que bem conhecemos, sobe ao palco. Sozinho, proclama com seu francês impecável que a primeira música da noite será cantada em português. Foi só alguém da platéia berrar "Cher Antoine", para o músico se sentir em casa. Outra voz brasileira entre a diminuta multidão rasga um "Lindo!". Como já mencionado, o público não é tão diferente do outro lado do oceano.
No One's Better Sake (Live @ La Maroquinerie, Paris)
E verdade seja dita: Amarante pareceu muito mais à vontade em palco ao lado de "Fab" e da apaixonante Binki Shapiro do que alguma vez já se viu ao lado de Marcelo Camelo e cia. Nota-se de longe a afinidade entre os três componentes fixos da banda, e o curto show, como não poderia deixar de ser, decorreu como uma perfeita tradução do que o nome da banda sugere.
Unattainable (Live @ La Maroquinerie, Paris)
Ao voltar para o bis, o próprio Amarante confessou pouco antes de tocar um cover do Paul McCartney que aquele foi o melhor público que ele já teve com o Little Joy. Tudo bem que ele deve dizer isso para todas (as platéias), mas parecia realmente surpreso. Vale esclarecer que o clássico bis foi pedido com berros de ‘mais um’, em bom e alto português. Olhar para os indies franceses nesse momento era o mesmo que olhar para um ponto de interrogação.
Sem mais rodeios, resta apenas desejar longa vida ao Little Joy. E ao Los Hermanos, se sobrar um tempinho.
New Song (Live @ La Maroquinerie, Paris)
>>>>> PROMOÇÃO: Little Joy
>>>>> Little Joy toca em Porto Alegre em janeiro
>>>>> Little Joy lança clipe de Next Time Around
Music non stop! A qualquer momento, notícias sobre música, entrevistas com bandas e artistas, reportagens, resenhas sobre shows e lançamentos de álbuns, dicas para downloads, sugestões de novos clipes, cena local, mercado mundial e mundos paralelos. Abaixo: textos separados conforme categorias (show, clipes, entrevistas, podcast...) Acima: clique na imagem do botão Volume para ler notícias em ordem de publicação E-mail:
volume@clicrbs.com.br
Siga o Volume:
Clique na imagem acima para conferir o calendário de shows
Clique na imagem acima para escutar Volume no BLIP.fm
Dúvidas Frequentes | Fale conosco | Anuncie - © 2009 RBS Internet e Inovação - Todos os direitos reservados.