Foto: Diego De Carli, Especial |
Aos que já têm o ingresso na mão e gostam de surpresas, recomenda-se não ler os próximos parágrafos. Aos que ainda estão em dúvida se vale o preço, que interpretem as linhas a seguir como um apelo. A probabilidade de que Michael Stipe e sua trupe façam um dos shows da tua vida é grande.
Quando anunciado o lançamento de Accelerate, acompanhado de tudo o que se pode subentender com este título, muitos pensaram (ok, eu pensei): “pronto, crise de meia-idade. Depois de velhos querem pegar nas guitarras e acelerar de novo”. Foi preciso pouco mais de trinta minutos distribuídos em 11 faixas para calar a boca de muitos (ok, calar a minha). O que se verá em breve pelos pampas é uma síntese quase que ideal do R.E.M.: nem tão lado B como era na década de 80, mas nem tão meloso como nos últimos registros.
The Great Beyond
A tour européia para a promoção de Accelerate já foi encerrada e, em uma apresentação recente em Madri, Michael lamentou/confessou que era hora de retornar aos “f*%&€#* USA”, para delírio da espanholada. Felizmente (inclusive para o Mr. Stipe), foi uma breve passagem pela América do Norte, e nesse instante o R.E.M. e o seu extenso aparato já devem estar a caminho de Buenos Aires.
Amplos telões retangulares, meio que sobrepostos, farão a alegria dos mais afastados do palco. Mas, caso repita-se o acontecido em Madri, incômodas e gigantescas câmeras e seus operadores (afinal, as imagens projetadas nos telões precisam ser captadas de alguma forma) assombrarão a vida dos que preferem o gargarejo.
Assim como em 99% dos shows realizados até então, o da capital espanhola foi aberto com a primeira porrada de Accelerate, Living well is the best revenge. Difícil definir a atuação de Michael Stipe sobre o palco, que parece ter descoberto a fonte da juventude aos quase 50 anos. Não parece um homem, tão pouco lembra uma mulher. Parece mais um... Animal.
Animal
Mesmo com a fama de baderneiros, a primeira metade do concerto não foi suficiente para sacudir os espanhóis. Notava-se a ânsia por hits. O R.E.M. obviamente os tinha, mas os ansiosos tiveram de aguardar pela segunda hora do espetáculo.
A primeira hora foi repleta de novidades e composições que nunca tiveram lugar nas FMs. Das canções da nova safra, uma das que melhor funcionam ao vivo – com a qualidade reconhecida por um modesto Mike Stipe -, é a Man-sized wreath, onde mais uma vez a atenção volta-se para a política e os políticos dos EUA. Por mais que o tema pareça batido, poucos fazem com tanta originalidade e elegância quanto a banda de Athens.
Losing my Religion, o single que catapultou o nome da banda para o mainstream nos anos 90, não poderia ficar de fora do set list, e foi executada no primeiro bis, logo depois de Supernatural Superious. Quem anseia um momento de ternura no Zequinha Stadium com a bela Everybody Hurts, aconselha-se tirar o cavalinho da chuva. A talvez segunda música de maior sucesso do R.E.M. não foi tocada em nenhum dos shows da tour Accelerate.
Imitation of Life
Mike fez questão de salientar que convida apenas bandas de qualidade para aquecer o público (Nenhum de Nós?), e foi com ares de orgulho que os bacanas da We are scientists foram convidados a retornar ao palco para as últimas três músicas da noite. Seguindo o padrão, o show deveria ser encerrado com Man on the Moon, mas ainda houve espaço para um cover inédito e inesperado de I wanna be your Dog, dos Stooges. Depois desse final apoteótico, até os consumidores de hits voltaram satisfeitos para casa.
O último parágrafo deste texto, que estava reservado para reforçar o apelo de lotar o Zequinha Stadium – ninguém quer que se repita o caso Nine Inch Nails, certo? -, vai ser substituído por um singelo protesto: de quem foi a infeliz idéia de criar uma área VIP em frente ao palco?
Experiências anteriores não foram suficientes para aprender que essa estratégia não funciona, e acaba por brochar banda e público? Os melhores lugares – leia-se o espaço em frente ao palco – deveria pertencer aos que se dispõem a chegar mais cedo que a maioria, não aos que podem pagar quase um salário mínimo pelo ingresso. Aliás, difícil compreender essa proliferação de espaços VIPs pela cidade para qualquer coisa nos últimos tempos. Medo de, quando voltar, precisar de pulseirinha para entrar em Porto Alegre...
Bad Day
Bom espetáculo!
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