Foto: Tatiana Klix |
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Ainda estava na China quando a Cacá chinesa e colaboradora do Cookies me pediu mais posts sobre comida. Demorou, mas resolvi relembrar o pato laqueado que provei logo no segundo dia em Pequim. O pato é o prato mais famoso (e também turístico) da cidade, e talvez até da China. Vi muitos restaurantes em todo o país com letreiros chamativos com letras que eu entendia oferecendo o tal pato, mas a Jana não deixou por pouco e me levou no mais famoso (e conhecido como o melhor) pato de Pequim. É o Quan Ju De Roast Duck (Hepingmen Dajie, Xuanwu District - Tel: 86-10-6552 3745), que têm seis filiais na cidade e, além de servir o prato tradicional, é um bom exemplo de um tipo de estabelecimento de comida, como traduziriam em Macau, bem comum na China. Grande, com vários salões (alguns reservados para grupos) distribuídos em diferentes andares onde há mesas redondas e também grandes, é cheio de ornamentos e enfeites misturando o dourado com cores fortes, que eu poderia chamar tranqüilamente de brega, mas que no contexto forma uma estética interessante e, digamos, bem chinesa.
E o pato? Veio laminado e laqueado para uma mesa auxiliar a que estávamos sentadas, inteiro, na companhia de um cozinheiro, que foi responsável por desfiar o bicho - tenro por dentro, mas com uma crosta brilhosa e crocante por fora - na nossa frente. Com a ajuda das garçonetes, aprendemos a fechar as panquecas bem fininhas e deliciosas que foram servidas junto e que devem ser dobradas com todo um jeito chinês, para então comê-las com o pato, um molhinho agridoce maravilhoso e cebolinha verde dentro.
A Jana, que já havia estado lá com colegas chineses, ainda pediu acompanhamentos que só quem mora na China conhece. Entre os que mais gostei estavam o coração de pato e um prato com cogumelos e amêndoas. Infelizmente, não saberia pedir novamente ou indicar por aqui como fazê-lo.
A brincadeira toda não é das mais baratas que a China oferece. Uma refeição - muito farta, é preciso dizer - sai por pelo menos 200 yuans (em torno de US$ 28). Não chega a ser um absurdo, mas é possível se comer muito bem por lá por pouco e a gente acaba se acostumando mal.
Prato imperial
- Pesquisando um pouco sobre o pato laqueado, descobri que é um prato de origem imperial. Ou seja, era a comida preferida dos nobres há pelo menos 700 anos e até a metade do século XIX só podia ser apreciada por eles.
- Tradicionalmente, o pato é preparado num fogão à lenha, com madeira de árvores frutíferas e coberto por uma camada de molho doce.
- O Quan Ju De começou a funcionar em 1864, na Dinastia Qing (1644-1911), perto de Qian Men, antiga entrada da cidade Proibida. Em 1993, tornou-se uma empresa e desde o ano passado abriu seu capital na Bolsa de Valores de Shenzen (sul da China). Atualmente, tem nove filiais na China e 61 franquias, incluindo cinco em países estrangeiros.
- Nos corredores do Quan Ju De é possível perceber que a tradição da comida de ligação com o poder se mantém no restaurante. Autógrafos e fotos das mais importantes autoridades da China e do mundo atuais e históricas estão expostas. Curiosamente, também a história brasileira está ligada ao pato de Pequim. A candidatura de Fernando Collor de Melo à presidência foi decidida em Pequim em dezembro de 1987, num jantar com pato. Infelizmente, não consegui confirmar se a refeição ocorreu neste mesmo restaurante.
Pato em Porto Alegre
Não é preciso ir até a China para comer um pato laqueado que perde pouco para o de Pequim. Como bem a Cacá já tinha me avisado, o pato do restaurante You-yi, em Porto Alegre, tem o mesmo padrão. Só que já é servido cortado na mesa.
Histórias, dicas, lembranças e planos de viagens para quem adora passear por aí (e depois voltar para casa). Por Tatiana Klix
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