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Vinte e cinco dias na China foram suficientes para eu quase (mas só quase) me acostumar com a idéia de ser analfabeta. Neste período, só senti certo alívio e até estranhamento em legendas no pouco tempo em que estive em Macau. A ex-colônia portuguesa é de certa forma um oásis linguístico para falantes do português na China. Não que os chineses de lá falem a nossa língua, nem tampouco há portugueses por todos os lados conversando (em dois dias e meio não encontrei nenhum, nem nos restaurantes típicos), mas o barato de Macau para brasileiros é que TODAS as placas da cidade estão traduzidas: desde as do aeroporto, passando pelas de trânsito até as de lojas e restaurantes.
Em alguns momentos, me pegava rindo sozinha pelo inusitado da coisa. Uma escolinha infantil, por exemplo, é um centro de explicações, em português, mas aposto que as crianças que a freqüentam não fazem a menor idéia disso. A língua está morta por lá, e todas estas traduções aparentemente são feitas mais por tradição, mas acabam servindo mesmo é de legendas para pessoas como eu, minha mãe e você, quando for para lá.
Além das placas, outras marcas deixadas pelos portugas na península agora autônoma são a arquitetura e a comida. Também me causou estranhamento ver ladeiras (quase como as do pelourinho), igrejas, fortes, azulejos, imagens de santos católicos em plena China! No meio de tudo isso, há templos budistas, muito artesanato chinês e lojas de medicamentos orientais.
A mistura só não é melhor que a da culinária. Passamos muito bem alternando o café da manhã típico chinês, com deliciosos pratos de bacalhau e bolinhos de ovos (conhecidos no Brasil como pastel de Santa Clara).
Surpreendente, mesmo, foi o passeio pela Rua de São Paulo (ahã, assim, mesmo), onde há várias pastelarias que vendem especialidades macaenses. São bolachas e biscoitos, predominantemente de amêndoas, muito leves e delicados, ao lado de finas fatias finas de carnes diversas (porco, gado, veado) secas e temperadas com algo agridoce. A caminhada valeria só pelo aroma, mas não tem como resistir em experimentar os quitutes e - a Cacá que me perdoe - ficar feliz em dar um tempo dos bolinhos chineses.
Outras curiosidades
- O dinheiro local é chamado de Pataca e tem a cotação parecida com a do dólar de Hong Kong. Aliás, ambas as moedas são aceitas no comércio.
- O clima em Macau é muito, muito úmido, bem parecido com o de Porto Alegre. Nos dias em que fiquei na península, ainda fez muito calor.
- Em locais turísticos e restaurantes, fala-se bem inglês. Mais e melhor que em Pequim e Xangai, por exemplo. No entanto, não encontrei ninguém que falasse português.
- Em restaurantes de comida portuguesa, come-se com talheres ocidentais. Fico imaginando o quão desajeitada pareço aos olhos de quem se entende bem com os palitinhos ao ver como os chineses também se atrapalham com garfo e faca.
- Pelo que li nas placas, tem muitos dentistas em Macau. Vi bem mais que médicos. Será assim também na China continental, onde não conseguia ler nada?
Histórias, dicas, lembranças e planos de viagens para quem adora passear por aí (e depois voltar para casa). Por Tatiana Klix
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