Underwood e Byrne em "In Treatment"Foto: HBO |
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Se na vida real já não é todo mundo que gosta de terapia, tal assunto abordado na ficção também deve afastar muita gente de cara - o que é uma pena. No início da semana passada, o HBO estreou a intensa IN TREATMENT, série que inova na periodicidade: em vez de semanal, a atração é diária, feito novela. De segunda a sexta-feira, às 20h30min, acompanhamos sessões de psicanálise em um consultório. A cada noite, despertamos o lado voyeur para espiar confissões de pacientes tão diferentes da gente, mas ao mesmo tempo tão próximos de nossas próprias loucuras.
Gabriel Byrne coloca o telespectador no divã ao interpretar Paul Weston, renomado psicanalista que atende em casa. Não saímos da confortável sala abarrotada de livros, onde ele trata de quatro casos fixos. Uma anestesista confusa, em processo de transferência erótica, um piloto arrogante (Blair Underwood, em mais um papel marrento, como em Dirty Sexy Money), uma ginasta adolescente com tendências suicidas e um casal em, hmmm, terapia de casal, claro.
São quase 30 minutos de puro falatório e sem mudanças de cenário, o que significa que a série se segura em dois pilares: o roteiro e a atuação. Nota 10 para ambos os quesitos. O primeiro é crédito de Rodrigo Garcia, filho de Gabriel García Márquez, que trouxe a sensibilidade de filmes como Coisas que Você Pode Dizer Só de Olhar para Ela para a TV. O segundo é mérito de Byrne (mesmo que em silêncio na maior parte do tempo, ele passa qualquer sentimento só com um olhar), em parceria com Diane Wiest, a psicóloga com quem Paul trata de seus próprios dramas.
Se é para escolher apenas um dia para seguir IN TREATMENT , portanto, que seja a sexta-feira. Nas conversas entre Paul e Gina, toda a emoção retesada durante uma semana como ouvinte toma a forma de um desabafo denso e tocante. Daqui para a frente, em nove semanas (43 episódios) de tratamento, alguns pacientes da ficção talvez nem tenham "alta", mas quem está do lado de cá da TV também pode ser beneficiado pela reflexão.
Em último caso, valeu só pelo entretenimento.
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Camila Saccomori
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