Coluna de hoje no caderno TV+Show em Zero Hora.
(versão ampliada)
Shonda Rhimes e Marc Cherry deveriam dar uma espiada nas inovações promovidas no quarto ano de HOUSE. Suas respectivas séries de sucesso, GREY'S ANATOMY e DESPERATE HOUSEWIVES, estão sofrendo de uma estranha "síndrome de quarta temporada". Paridas pela ABC entre o fim de 2004 e início de 2005, um dos períodos mais férteis da TV americana, as séries dos médicos em início de carreira e das donas-de-casa do subúrbio repetem a fórmula que as consagrou. Mas um pouquinho de ousadia faria bem às tramas – e às audiências.
Ambas estréiam na Sony na próxima semana: Grey's no dia 11 e Desperate no dia 13, ambas às 22h. Há novidades nas duas histórias, é claro. Mas nenhuma se compara à nova fase criativa de David Shore, que balançou a estrutura de sua obra-prima House substituindo três (três!) protagonistas e produzindo uma paródia de O Aprendiz.
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Duas baixas marcam o novo ano de Grey's Anatomy. Sem o charme de Addison (Kate Walsh, que ganhou sua própria série médica, Private Practice) e a presença forte de Burke (Isaiah Washington, afastado por questões disciplinares), a novelinha do Seattle Grace perdeu em qualidade de elenco. Somadas ao pouco espaço dado a personagens que até então rendiam horrores, como Miranda (Chandra Wilson) e Cristina (Sandra Oh, que rapou as fichas com sua interpretação no fechamento da última temporada), Grey´s gasta seu fôlego em situações já exploradas à exaustão.
Prepare-se para acompanhar arcos narrativos estagnados, como a eterna enrolação Meredith e McDreamy (Ellen Pompeo e Patrick Dempsey), casal pelo qual ninguém mais torce, ao contrário do eterno Ross&Rachel de FRIENDS, capaz de criar comoção nacional. Acrescente um novo affair, George e Izzie (T.R. Knight e Katherine Heigl), um par que divide opiniões, mas que terá uma definição (feliz ou não, conforme o ponto de vista) só no meio da "meia-temporada". Sim, Grey's é mais uma atração apunhalada pela greve dos roteiristas e contará com apenas 11 episódios.
Uma salvação para a temporada completa seria a exploração dos novos núcleos de internos despejados na série. Com exceção da meia-irmã de Meredith, Lexie (Chyler Leigh), cuja função é aumentar a instabilidade emocional da personagem-título, os demais calouros são praticamente figurantes. A boa promessa é a cirurgiã cardíaca Erica Hahn (Brooke Smith), agora fixa no elenco, teoricamente prestes a viver um momento The L Word quando a greve acabar. É a polêmica que falta para apimentar a trama de Shonda.
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Humor negro ainda é a característica central do quarto ano de DESPERATE HOUSEWIVES. E, como sempre, Marc Cherry introduz novos vizinhos e um mistério central, mas que não empolga como os anteriores. Wisteria Lane agora recebe um casal de gays e o retorno de uma antiga moradora, Katherine Mayfair (Dana Delany), gatilho das fofocas fresquinhas do subúrbio. Rivaliza nos quesitos domésticos com a perfeita Bree van de Kamp (Márcia Cross), numa disputa de personalidades que poderia ser comicamente explorada ao longo da temporada, e não apenas nos capítulos iniciais.
Já os companheiros Bob e Lee, pouco amigáveis com a vizinhança, batem de frente com Susan (Teri Hatcher) e seu afã politicamente correto. Mas assim como o conflito de Katherine e Bree, é mais um perrengue que carece de carisma.
Nem o cliffhanger deixado na terceira temporada, episódio de baixa audiência nos EUA, reverte o placar desfavorável para Desperate. As campanhas de divulgação deste quarto ano já traziam Edie Britt (Nicollette Sheridan) vivinha da silva – quem seria louco de acreditar que a loira-furacão cometeria suicídio? Um comovente arco fica por conta de Lynette (Felicity Huffman) em sua luta contra o câncer, agora revelado às amigas. E o revival de fogo e paixão do casal Solis remete aos melhores momentos da primeira temporada, quando a série se tornou um frisson.
Há possibilidade de fuga da mesmice no 11º episódio, quando a greve retornar. Desperate fechou 2007 com uma catástrofe em Wisteria Lane. Não chega a ser uma "Anastacia, a mulher sem destino", a novela da Globo que eliminou 35 personagens com um terremoto, idéia de Janete Clair para salvar a trama. Mas um novo rumo é necessário para Marc Cherry continuar idolatrado até a sétima temporada, em 2011, quando o contrato da ABC termina.
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Camila Saccomori
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