Há mais de meio século estamos tão acostumados a viajar pelos céus que o ato de voar se banalizou. Para viajantes rotineiros parece algo perfeitamente natural embarcar em um tubo de alumínio carregado de querosene, subir a 12 mil metros de altura, atravessar aceanos na velocidade de uma bala de fuzil, e desembarcar do outro lado horas depois intactos. Não é.
Um voo comercial é uma operação extremamente complexa - e completamente antinatural. Depende de tecnologia muito avançada e de conhecimento científico acumulado ao longo de décadas. Para começar, o belo céu azul que vemos aqui do solo é um ambiente extremamente hostil à vida humana. Quase não existe oxigênio lá em cima. A temperatura chega a 60 graus celcius negativos. Os ventos podem atingir velocidades de 300 km/h. Há nuvens de tempestades com mais de dez quilômetros de altura. Granizo. E raios. Quase não se enxerga nada do alto. E ainda se luta contra a força da gravidade.
Todo mundo se impressiona com os passeios dos astronautas em órbita. Parecem proezas de super-homens. Não se enganem: a faixa entre 10 e 15 mil metros de altitude, por onde navegam os aviões comerciais de hoje, não é muito mais hospitaleira. Nós, passageiros aéreos, somos quase astronautas. No entanto, quem pensa nisso quando se acomoda na poltrona de um avião para ler, ver um filme ou jantar, enquanto seu frágil corpo se desloca velozmente por esse inferno azul?
Voar em segurança de um ponto a outro do globo depende de uma complexa rede de fatores. De máquinas bem construídas e com boa manutenção. De computadores sofisticados. De boas comunicações. E de gente muito bem treinada e qualificada - em terra e a bordo. Quando tudo dá certo - e quase sempre dá, pois a estatística registra um acidente para cada 1,5 milhão de decolagens - ninguém se admira. Já faz parte desta nossa segunda natureza. Quando algo dá errado e um desastre acontece, aí a ficha cai. Só então percebemos como fomos longe - e alto - em nossa pretensão de Ícaros modernos.
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