Foto: Emilio Pedroso, ZH |
![]() |
Quem andou por Porto Alegre foi Vitor Lourenço (foto), designer paulista que trabalha no Twitter, em San Francisco (EUA). Na quinta, palestrou no REDTalk. Depois, bati um papo com ele. A entrevista - em que dá dicas sobre como deve ser um design web bacana - será publicada na quarta-feira no ZH Digital.
A história do Vitor é interessante. Aos 21 anos, já teve passagem pela Globo.com e pelo Yahoo!, onde participou do projeto do Meme (sobre essa plataforma para publicação de conteúdo multimídia, ainda em teste, falei aqui). Chamou a atenção de Evan Williams, cofundador do Twitter, ao ter criado o mashup FoodFeed, que filtra tweets sobre comidas. Williams visitou seu portfólio online e entrou em contato. O brasileiro é o responsável pela reformulação visual que o microblog sofreu em setembro do ano passado.
Em sua apresentação na capital gaúcha, Vitor disse que o Twitter dá uma ideia da pulsação do mundo.
- Cada tweet é um pulso. Consegue-se ter uma visão macro do que está acontecendo no mundo em tempo real. O "trending topics" extrai palavras chaves que estão sendo repetidas, o que está sendo exponencial. Estar de olho nesses assuntos é uma abordagem interessante para as empresas - afirmou.
Ele citou casos de empresas que estão se dando bem no Twitter, como a Dell, que incrementou suas vendas anunciando ofertas no microblog.
- O Twitter não é como o Second Life, não basta estar lá, criar um estande. Para ter um uso interessante, tem que escutar, saber o que está acontecendo. Faça uma busca sobre sua marca, veja o que estão falando.
Aliás, o Twitter lançou recentemente um guia (em inglês) com boas práticas de uso da ferramenta, incluindo casos corporativos bem-sucedidos. Vale dar uma espiada em business.twitter.com/twitter101.
Vitor comentou ainda que há mais de 11 mil aplicações desenvolvidas por terceiros a partir da plataforma do Twitter. Impressionante esse número.
- A gente tem um exército de pessoas pensando o nosso produto e compartilhando essa opinião em tempo real. Se a gente tem uma ideia (de implementar um novo recurso), faz uma pesquisa no Twitter e vê o que as pessoas estão dizendo sobre o assunto - revelou.
Para Vitor, o design pode favorecer um site, mas você não vai ficar muito tempo se não tiver uma motivação. Ou seja, o foco tem que ser o conteúdo. Adianto um trecho da entrevista para o ZH Digital:
- Design legal é o que oferece uma boa experiência de uso. O Orkut não é lembrado pelo seu design ou qualidade de uso, mas pelas pessoas que estão lá. Mesmo que a interface seja um pouco difícil de usar, as pessoas vão passar por essa barreira porque tem uma motivação muito grande, que é encontrar os amigos - comentou.
Outro ponto é a performance. Sabe aqueles sites cheios de penduricalhos? Pior: os que saem tocando música. Eu tenho pavor disso. Os anúncios que atrapalham a navegação são outro exemplo.
Vitor falou sobre como a turma do Twitter encara esse aspecto, incluindo a falta de um modelo de negócios para o serviço:
- No Twitter, a gente quer explorar meios comerciais que sejam mais criativos que simplesmente colocar anúncios. A gente não descarta a hipótese de ter banners, links, mas a gente quer ter um modelo comercial que não afete a experiência de uso. Porque esse é o fundamental para o sucesso do Twitter: ser rápido e eficaz.
###
A iniciativa de trazer a Porto Alegre o designer brasileiro do Twitter foi da RED, em um evento para promover a nova marca e o novo posicionamento de mercado da empresa. Ponto para eles.
A propósito, o slogan dos caras é "projetamos felicidade". Lembram que perguntei aqui o que é ter felicidade online? Esse foi o ponto de partida das discussões do REDTalk. Renato Rosa, sócio-diretor da RED, começou falando o que é ter felicidade no mundo offline. Citou um estudo do British Medical Journal (BJM): 42% do aumento da felicidade nas pessoas se deve a morar perto de um amigo (menos de 800 metros). Ou seja, estaria relacionado com o fato de ter pessoas de quem se gosta por perto.
- A gente não pode separar a felicidade na internet com a vida. Tem o mesmo conceito: é relacionamento. As pessoas querem se relacionar online, seja com outra pessoa, empresas, marcas, produtos, experiências de uso... E o usuário quer descomplicar. Isso é ter experiência de uso - disse Rosa.
###
Quem também falou no REDTalk foi Marcelo Morem, da agência digital AG2. Abordou um ponto que considero bem importante: a "armadilha da novidade tecnológica", que é aderir a uma ferramenta só porque é moda ou porque o concorrente entrou e, por isso, adotá-la de forma errada. Não é para todas as marcas que é relevante.
- Às vezes, é bom deixar o concorrente ser pioneiro e aprender com os erros dele - sugeriu.
Até comentei no Twitter dias atrás sobre a modinha dos assessores de imprensa de enviarem comunicados aos jornalistas sobre a entrada no microblog de seus clientes. Convenhamos: se é para largar de mão duas semanas depois, ficar com um perfil desatualizado só para dizer que tem, é melhor nem ter.
Posts relacionados:
Vanessa Nunes é colunista de tecnologia dos jornais Zero Hora, de Porto Alegre, e A Notícia, de Joinville (SC). Nasceu em Butiá (RS) há 26 anos e é jornalista formada pela Fabico/Ufrgs. Por que uma foto com um laptop sobre a cabeça? Descobre clicando aqui. E-mail: vanessa.nunes@zerohora.com.br Acompanhe o blog no Twitter @blogdavanessa Faça parte da comunidade do blog no Orkut, acessando AQUI
Dúvidas Frequentes | Fale conosco | Anuncie - © 2009 RBS Internet e Inovação - Todos os direitos reservados.