Celso Roth e seus jogadores estão com a bola toda, fazendo do Grêmio o time mais surpreendente e regular do BrasileirãoFoto: Petr David Josek, AP |
![]() |
Após longas, discutidas e tensas 12 edições do Campeonato Brasileiro, desde que estreou no Inter em 1996, Celso Juarez Roth encontra no Olímpico o seu melhor momento como técnico de futebol. A prova da sua maioridade e da maturidade está nascendo no Grêmio 2008, líder afirmado do Brasileirão _ 15 rodadas antes do final do certame mais importante do Brasil. Se o Tricolor sair campeão, ele será escolhido o técnico do ano.
Roth sempre teve mais momentos baixos do que altos na acidentada carreira. O Ano da Graça de 2008 ofereceu um novo desafio ao gaúcho nascido em Caxias, em 1957. Ele aceitou e está conseguindo escalar o Everest, que é o Brasileirão, mas ainda não vê o topo de perto, apenas de longe. Mas tem corda e fôlego suficientes para pisar no topo.
Pode ser ano Roth. Ele quase foi demitido do Grêmio no começo da temporada. Resistiu. Ficou menos por convicção dos dirigentes, mais por falta de mão de obra qualificada disponível no momento. Nem Roth, no seu mais belo sonho, poderia imaginar o Grêmio na liderança da competição na virada do mês de agosto para o de setembro. Nem ele, nem ninguém. E o futebol é bom porque foge das regras, atrapalha previsões, engole profecias, apesar dos Robinhos e Ronaldinhos da vida.
Técnicos com a corrida e a experiência de Celso Roth, conhecedor de todos os atalhos, curvas e buracos do campeonato nacional, não podem mais aceitar um terceiro, quarto, segundo lugares. Roth precisa vencer, erguer a taça, cruzar a faixa no peito. Depende do título para avançar na sua carreira e pular o enorme obstáculo que o faz igual aos outros técnicos médios do país. Ele está mirando o maior desafio da sua vida. Pode trocar de categoria. Passar a viver na casta dos técnicos campeões.
Se conseguir tocar no troféu, Celso Roth vai estar superando o próprio Celso Roth do passado, o que sempre tentava, nadava, arrancava bem, trabalhava muito e morria na pesada areia da praia. Caso contrário, terá sido mais um ano em que ele tentou outra vez e não conseguiu atingir sua meta principal, embora uma vaga na Libertadores mereça aplausos calorosos.
Roth deve estar com a sua bolsa de trabalho lotada de erros cometido durante as centenas de partidas que fez no Brasileirão entre 1996 e 2008. Lógico, os acertos são muitos também, mas acondicionados em bolsa menor. Pode abrir os volumes nas longas concentrações e estudar tudo outra vez e saber que seu esquema vencedor 3-5-2 precisa ficar, que o sistema requer dois atacantes, nada de inventar Souza como segundo atacante, que Rafael Carioca e William Magrão são intocáveis, que o time precisa de novos alas e que, nesta altura do campeonato, não precisa mais inventar, nem mostrar que sabe mais. Deixa estar, manda o time jogar, embalado pelo melhor preparo físico do país. No aperto, basta chamar os bons reservas (Souza, Orteman, Reinaldo, Moralles, Thiego, Souza, Matione) e colocá-los nos seus respectivos lugares, zagueiro na zaga, homens de meio-campo no seu setor, atacantes na frente.
Roth está próximo ao lugar que, por certo, imaginou um dia estar. Está perto. Já esteve outras vezes. Caiu. É sua vez de mostrar que o passado é aprendizado. Que a bola bate e volta. Quem pode, domina e faz o gol.
Ou como falou o insuperável Franz Beckenbauer na Copa de 1974, a mesma que dizem que foi de Cruyff, mas quem levantou o precioso caneco foi o Kaiser germânico:
– Sou líbero, sou zagueiro, lateral, às vezes goleiro, dizem que eu sou o melhor do mundo atrás ou na frente da zaga, mas só não dizem que o meu compromisso é com o gol. Quero sempre evitar uns quantos, mas morro para fazer"unzinho" a cada meia-dúzia de jogos.
O time de Roth é o de melhor ataque, o de melhor defesa. É o mais equilibrado. Foi assim, em busca do gol, que o Grêmio se mantém na frente. Sempre com dois atacantes, jogando a retranca para escanteio. Bem assim.
Bola Dividida é a coluna dos repórteres da editoria de Esportes de Zero Hora, editada por Luiz Zini Pires. Informações, comentários e análises sobre o futebol e outros esportes.
Leia os termos e condições deste blog
Dúvidas Frequentes | Fale conosco | Anuncie - © 2009 RBS Internet e Inovação - Todos os direitos reservados.