O Rio de Janeiro é sempre cinza na boa vida do Grêmio do Brasileirão 2008Foto: AP |
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Perder no Rio, cair no Maracanã, levar 2 a 1 do Flamengo parece o resultado mais natural do mundo se olhado de longe, sem binóculos. Mais de perto, sem o uso de lentes, pegando o Grêmio como exemplo, examinando com mais calma o resultado negativo da noite de quinta-feira, a leitura pode ser outra. Pode ser mais preocupante.
O Tricolor deve ter ligado uma luz qualquer, a sinaleira da atenção, o sinal de alerta. A derrota do líder sempre chama mais atenção que as dos outros. Ainda mais quando precisa fazer outra partida fora de casa, enfrentando um adversário (Náutico) que se debate no fundo da zona do rebaixamento.
O perigo dobra, mas não deve assustar um time que só perdeu três partidas em 21. Nem pode, é preciso acomodar na mala da volta da viagem de Recife um ponto, no mínimo um ponto para evitar especulações. Não esqueça, a semana que se aproxima é de Gre-Nal pela Copa Sul-americana. O clássico sempre tem poder transformador.
O mau resultado, a má performance, teve resultado mínimo na tabela da 21ª rodada, onde apenas o São Paulo cresceu _ logo o esquadrão paulista, bicampeão brasileiro, equipe temida e temível, e o surpreendente Botafogo, sempre desatento na hora das decisões.
Por outro lado, o jogo tinha o poder de solidificar o Tricolor ainda mais na competição. Levantar uma bandeira, mandar um sinal definitivo. Sinalizar, com uma vitória ou um empate, que o Grêmio que ganha em casa e vence normalmente fora, não se intimidaria no histórico Maracanã, nem com o sempre temível Flamengo, quando joga em casa.
Determinadas derrotas em meio aos campeonatos até podem ser boas, olhando o futuro, se elas tiveram explicações lógicas, se a culpa não for depositada apenas nos ombros sempre largos do árbitro ou em nome do imprevisível azar. É preciso entender o 2 a 1 para tentar não repeti-lo nos próximos 17 jogos – 16 porque os cinco pontos de vantagem sobre o vice brindam uma rodada de graça aos gaúchos.
O Grêmio perdeu porque foi bem inferior ao adversário em boa parte dos 90 minutos, melhorando apenas na parte final. Sua defesa marcou menos, seu meio-campo sumiu em boa parte da partida e não se impôs, pela força ou pela técnica, seu ataque foi uma decepção, fugiu da grande área.
O futebol coletivo (o forte da equipe) desapareceu desde o primeiro minuto. A defesa não marcou como sempre faz, os três homens de meio-campo não foram marcadores, nem organizadores. Os atacantes passaram por um rápido jejum de gols. Celso Roth mexeu em todas as posições do time e, como precisava virar o placar, usou três atacantes e ainda avançou Tcheco e Souza. Não deu.
Dono da melhor campanha, proprietário do ataque mais positivo, é preciso pensar duas, três, quatro vezes, antes de criticar o líder do Brasileirão. O tropeço carioca é, no mínimo, um sinal, uma lição. O jogo precisa ser usando como um exemplo que não pode, não deve, ser seguido sob pena de frustrações maiores.
O Grêmio não pode mais errar como errou no Rio. Entrar em campo e imaginar que o campeonato acabou. Não, está apenas começando, com novos times renascidos no segundo turno e famintos por três pontos a cada nova rodada.
Bola Dividida é a coluna dos repórteres da editoria de Esportes de Zero Hora, editada por Luiz Zini Pires. Informações, comentários e análises sobre o futebol e outros esportes.
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