1) Dez pontos numa tabela de pontos corridos, mesmo numa competição equilibrada, mostra o estágio dos dois times nos primeiros dias de agosto, quase final do primeiro turno. O Grêmio é o líder, o Inter patina no nono lugar, 10 longos pontos de distância. Um precisa manter o ritmo, o outro, crescer muito.
2) Antes do início do Brasileirão 2008, o Inter avançava na lista dos jornalistas esportivos do país como um dos favoritos ao título. Vinha de um Gauchão vitorioso, exibia um time competitivo e os 8 a 1 contra o Juventude fez o Brasil inteiro temer o Colorado. O Grêmio, pelo contrário, chegava de duas doloridas decepções, dois tropeços inimagináveis no Gaúchão e na Copa do Brasil. Poucos lhe davam mais créditos do que uma vaga posição na Sul-Americana.
3) Os dois estrearam bem, os azuis ganhando do São Paulo no Morumbi, os vermelhos batendo o Vasco com um time misto. Surpreendente foi o 1 a 0 do então desacreditado Tricolor. O Inter exibia a força aparente dos reservas.
4) O fracasso inimaginável na Copa do Brasil, o grande número de lesionados, as saídas abruptas de Abel e de Fernadão, a chegada de Tite, a corrida dos dirigentes em busca de reforços minou o time do Inter. O Grêmio, por outro lado, mostrava a força da sua inter-temporada, enquanto a maioria dos times da Série A disputava títulos regionais e treinava pouco, dado o ritmo das competições. Se mostrou um time descansado, interessado e ativo. Uma equipe reformulada pelo criticado técnico Celso Roth, usando um esquema 3-5-2, com pequenas variações, e com um jogador, Roger, fazendo gols e a diferença.
5) O Inter bateu cabeça durante várias rodadas, experimentando diversas formações, enquanto os reforços eram anunciados. Tite não conseguia repetir o mesmo time, perdia quase sempre fora do Beia-Rio, mas ganhava em casa. Roth achou 11 titulares e os manteve, com seguidas alterações no ataque. Seu goleiro (Victor) começou a brilhar, seus dois homens de meio-campo (Willian Magrão e Rafael Carioca) mostravam as reais características de volantes classe A, força defensiva, qualidade ofensiva, bom passe.
6) Dezessete rodadas depois, o Inter ainda não conseguiu apresentar ao torcedor o time ideal. Os 11 titulares continuam no papel, mudam de cabeça para cabeça, mas esperam o OK para estrear. Duas rodadas antes do final do primeiro turno, o Grêmio é líder, mostra apetite de primeiro lugar, fixa um time e consegue vencer em casa e também fora do Rio Grande do Sul.
7) O Inter é superdependente de Nilmar, o nome do gol colorado. Ele é o norte do time e vice-goleador do campeonato. Quando o atacante não joga, a vitória não chega, quando muito o empate. Ainda sem uma mecânica de jogo, o Inter sofre. O Grêmio, graças ao trabalho de Roth, está mais organizado coletivamente. Tcheco, que substitui Roger apenas no número da camiseta (10), porque a sua função é outra — bem como as suas características —, é um técnico dentro de campo. Sua experiência e bom futebol, claro, fizeram, entre outras ações, a dupla de garotos do meio-campo gremista encontrar a tranqüilidade em busca do melhor futebol.
8) Acima de qualquer suspeita, o Grêmio é líder com méritos. Ganhou jogos importantes fora da Capital, dinamitou inimigos no Olímpico. Boa defesa, bom ataque, meio-campistas marcando gols, assim como os laterais e zagueiros. O empate com o Palmeiras, de olho na liderança, pode ser considerado um resultado normal de clássico brasileiro. Os reforços, como Souza, tendem a robustecer o time. A vitória no Maracanã (2 a 1) recuperou o ânimo do Inter, que espera crescer mais, encontrar a estabilidade, estacionar na regularidade no segundo turno da competição. Outra vez, há um time qualificado no papel, ainda mais com D'Alessandro. Na prática, só vendo.
9) A rodada do meio da semana projeta o Inter em Minas, enfrentando o Cruzeiro, outra vez sem repetir o time da partida anterior. Um jogo que pode, de alguma maneira, projetar o futuro imediato do time. Obter três pontos no Mineirão é sempre um trabalho difícil. O Grêmio testa outra vez a liderança no Olímpico, desta vez com o lanterna Ipatinga. É jogo teoricamente fácil, mas as zebras sempre pastam na grande área dos líderes. Todo cuidado é pouco, a euforia precisa ficar nas arquibancadas.
10) Bolivar, Álvaro, Rosinei, Daniel Carvalho, Luiz Carlos (olho nele, é bom atacante) e D'Alessandro foram contratados para levar o Inter, no mínimo, ao G4, capturar uma vaga na Libertadores. O projeto de 100 anos do clube passa pela Libertadores. Mesmo com a taça do Gauchão no armário, a Libertadores é a meta, e sem ela o final do ano será triste. Neste agosto que nos vê, o Grêmio pensa no título, mas um mês atrás um posto confirmado na Libertadores seria festa certa. Agora, os tricolores querem gritar "é campeão".
Bola Dividida é a coluna dos repórteres da editoria de Esportes de Zero Hora, editada por Luiz Zini Pires. Informações, comentários e análises sobre o futebol e outros esportes.
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